CAP 1

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Tutututu!

O despertador tocou.
Levantei - me da cama,e fui  me arrastando até o banheiro.

Fiz a minha higiene, e após trocar de roupas, desci para mais um café da manhã deprimente ao lado de meus pais.

Desci as escadas lentamente carregando a minha mochila da escola como quem carrega um saco de batatas, e ao chegar na sala, a joguei em cima do sofá.

Chegando na cozinha, a minha mãe estava debruçada sobre a mesa provavelmente bêbada, e o meu pai lendo jornal com cara de poucos amigos.

Por isso falei "um café da manhã deprimente"...

- Nossa, vocês não conseguem fingir ser pais normais ao menos na minha frente não? Que saco! - Resmunguei.

- Com a louca da sua mãe em cena, nem se eu quisesse fingir, conseguiria! - Meu pai disse folheando o jornal.

- Cala a boca! Você não sabe de nada! - Minha mãe disse com a cara "atolada" na mesa.

- Cala a boca você! Sua descontrolada! Palhaça! O que a nossa filha não vai pensar de você? - Meu pai gritou.

[[ E a guerra se instaurou na cozinha]]

Fiz uns ovos mexidos, torradas, peguei um restante de suco de caixa que estava na geladeira, e tomei meu café na sala, enquanto panelas "voavam" pela cozinha.

Infelizmente, sempre foi assim! Cresci presenciando a minha mãe afundar-se na bebida cada vez mais,e em consequência disso, as constantes brigas dela com o meu pai.

Posso dizer, que o únicos prazeres da minha vida são o ballet,e os meus amigos! Quando eu danço, esqueço que a minha casa transforma-se em um campo de guerra diariamente, e quando estou com os meus amigos, me sinto menos solitária.


Meu nome é Lilith (detesto esse nome) mas, me chame de Lily! Aliás, todos me chamam assim.
Tenho 16 anos, danço ballet desde os meus 06 anos de idade,moro nos Estados Unidos com os meus pais,e o maior sonho da minha vida, é ser uma bailarina de muito sucesso. 

- One, two! One two! Mais emoção, please! One, two! - A professora dizia.

- Um rodopio, um plié.. Não, espera! Um plié, depois .. Droga! - Praguejo internamente tentando lembrar a sequência dos passos.

- Lily, volte para o aquecimento, please! - Ela pediu.

Assenti com um gesto de cabeça, e fui para as barras aquecer novamente.

- Droga! O que está acontecendo comigo? Eu nunca fui de errar a sequência! - Falei decepcionada comigo mesma.

- O que está havendo, florzinha? - A professora perguntou entrando na sala.

[[Comprimi os lábios.]]

- Eu não sei. - Arfei. - A situação na minha casa, não está muito boa. A minha mãe bebendo como sempre, o meu pai brigando muito com ela, e eu no meio dessa guerra! - Baixei a cabeça.

- Mas você não pode deixar que os problemas, abalem este talento maravilhoso,que você tem, florzinha! - Me abraçou. - Tenta conversar com eles! Fala que esse clima ruim não está te fazendo bem. - Aconselhou - me.

Megan, a minha professora de dança,ao longo do tempo tornou - se uma espécie de "segunda mãe" para mim.

Sempre que preciso ela me aconselha, e me incentiva á não desistir do meu sonho.

- Agora vai pra casa, descansa um pouco! - Megan sugeriu.

- Não, mas se eu perder um ensaio sequer, vai complicar a minha desenvoltura na apresentação! - Falei.

- Não vai não! Vou liberar todos! Percebi que estão muito cansados. Mas só por hoje! Amanhã esteja aqui, pois temos muito trabalho á fazer! - Sorriu levemente.

- Obrigada! - Sorri, e fui pegar a minha mochila para ir pra casa.

- Ah, e nada de esquecer a sequência, hein? - Deu uma piscadela, me entregando discretamente, um pedaço papel com a sequência de passos anotada.

- Yes! Você é demais mesmo! - Vibrei.

- Secret! - Sussurrou. - Bye! - Acenou.

- Bye! - Retribuí com um breve aceno.

E a minha rotina é assim! De casa para a escola, da escola para a outra escola (de dança no caso),e depois volto pra casa, estudo,e depois cama.

Quando eu me divirto? Geralmente aos fins de semana, quando encontro com os meus amigos: Alba ,  Rachid, e Lucca (Os melhores).


Cheguei em casa acabada, do dia exaustivo que tive, tomei um banho, pus o pijama, e me joguei em minha cama.

- O jantar está na mesa! - Minha mãe disse batendo na porta.

Jantar? Sério? Faz tanto tempo que eu não como uma comidinha feita pela minha mãe!

Desci as escadas animada, e quando cheguei á mesa..

- Que porcaria é essa, que você tentou fazer? Como chama isso de sopa? Isso tá horrível! - Meu pai resmungou.

- Se não quer, então faz melhor! - Num piscar de olhos, vi minha mãe derramando toda a sopa quente que estava na panela, em meu pai, que gritou de dor de imediato.

- O que é isso? Você está louca, mamãe? Por quê fez isso? Você machucou ele, sabia? - Gritei desesperada, tentando fazer alguma coisa.

- Pára de gritar comigo! - Ela também gritava com as mãos no ouvido. - Esse desgraçado merece morrer! Ele merece! - Ela gritava descontrolada.

Meu pai foi levado por um vizinho á um pronto socorro onde foi atendido, e ficou com queimaduras leves por todo o seu corpo.

Quanto á mim, fiquei em casa insistindo em levar a minha mãe para a cama,até conseguir.
E quando finalmente consegui, desabei em profundas lágrimas.


Conheça mais...

O meu pai chama-se Olavo Manfrini, é professor de filosofia em uma universidade,e
escritor famoso.

A minha mãe chama - se Olívia Collins, é estilista de moda, mas perdeu todo o seu prestígio após entrar nessa vida de alcoolismo.
Sendo assim, ela apenas gerencia algumas garotas,e trabalha em um escritório de moda (isto, quando está sóbria).

Sim, meus pais tem nomes parecidos ●︿● (só os nomes, por quê no temperamento, eles são "beem" diferentes).

Não tenho irmãos, e lamento muito por isso. Acho que se eu tivesse pelo menos um, eu poderia dividir a minha dor, e a minha luta diária com ele ou ela.

Depois que nasci,a vida dos meus pais piorou significativamente. Me sinto culpada por eles não serem felizes. Acho que fui uma pedra no caminho deles..

Como eu sei disso?

Lendo o livro "Olavo e Olívia, as metades que se completam" escrito pelo meu pai contando a história de amor dele com a minha mãe, se explica tudo!

Eles eram o casal perfeito! O típico casal feliz de propagandas do dia dos namorados.
E então, o livro termina com a notícia de que ela estava grávida.

Daí em diante, os leitores não sabem o rumo que a história tomou. Mas eu sei bem.

Um Passo para Deus (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora