P.S.: Eu Te Amo (Livro 03)

Capítulo 02

Alfonso: Robert, você se perdeu? – Perguntou, preferindo achar graça. Robert colocava seus jalecos no guarda-roupas do quarto de hospedes.

Robert: Não. – Disse, olhando em volta. Ele tinha um papel amassado nas mãos. – Onde fica a lixeira? – Perguntou, sumindo pela porta do banheiro. Alfonso ergueu a sobrancelha, debochado.

Alfonso: E porque você acredita que eu vou deixar você morar na minha casa? – Perguntou, se amparando no andador.

Robert: Porque eu não pedi permissão. – Disse, debochado, voltando a desarrumar as malas.

Alfonso: O que houve? – Perguntou, deixando a curiosidade vencer.

Robert: Eu contei sobre Ashley a Kristen. Ela me deu o fora. Logo, eu estou aqui. – Explicou resumidamente, guardando as roupas.

Alfonso: Procure um hotel. Meu apartamento não é albergue. – Disse, e viu Robert vindo em sua direção.

Robert: Já disse, eu não pedi permissão. – Disse, passando a mão nos cabelos. Ele pegou a mochila no chão, e Alfonso se aproveitou.

Alfonso ergueu o andador e empurrou Robert com ele. Robert, que tinha ótimos reflexos, apanhou a mochila no chão e deu em Alfonso de mochila. Nos instantes que seguiram a mochila de Robert e o andador de Alfonso se confrontaram arduamente no ar. Robert conseguiu acertar a mochila na orelha de Alfonso, mas na distração da vitória recebeu com o cabo de aço do andador pela costas. Ele se desequilibrou e bateu com a sobrancelha no portal. Alfonso tropicou, mas amparou o andador no chão, e não caiu. E o mais absurdo: os dois estavam rindo.

Robert: Puta que pariu. – Gemeu, entre o riso, com a mão na sobrancelha.

Alfonso: Me sinto vingado. – Disse, satisfeito.

Robert: Eu estou com fome. Ande, vá preparar alguma coisa. – Disse, apanhando a mochila e voltando em direção ao guarda-roupa.

Alfonso: Como é? – Perguntou, incrédulo.

Robert: Meu sanduiche é sem casca. – Avisou, sem dar atenção.

Parecia que os anos, as ofensas e as magoas tinham sido esquecidas. Eram os mesmos Robert e Alfonso que, na época de faculdade, se pegavam de porrada, um batendo no outro com fichários e mochilas. Alfonso obviamente não fez o sanduiche. Robert tampouco teria fome. Cada um ali sofria do seu próprio mal, e a noite era cruel. Quando amanheceu...

Anahí: O bom é que antigamente avisavam. Já vou! – Disse, perante a campainha insistente.

Ela abriu a porta, e se bateu com a imagem de Dulce parada no portal. Mas não era a Dulce que Anahí procurava. O ruivo sumira, dando lugar a um violeta intenso, que caía em camadas e cachos por suas costas. Dulce observou Anahí, apreensiva. Então, para o choque das duas, Anahí caiu no choro.

Dulce: Annie, o que foi? – Perguntou, preocupada, enquanto Anahí se lançava em seu pescoço, em um abraço apertado. Dulce fechou a porta atrás de si, ainda abraçando Anahí, que soluçava. – Eu vi a matéria na revista, com você desmaiada... você está bem? – Perguntou, preocupada.

Mas Anahí só conseguiu falar 15 minutos depois. Estava sentada no sofá, ainda abraçada a Dulce, que lhe pedia calma.

Anahí: O que aconteceu com seu cabelo?! – Perguntou, a voz falha de choro, e voltou a soluçar, como uma criança. Dulce a olhou, exasperada, perguntando se devia achar graça.

Dulce: Nada, não aconteceu nada, fui eu que mudei ele. Pelo amor de Deus, pare de chorar. – Pediu, passando a mão no rosto.

Mas Anahí não conseguia nem falar. Dulce lhe deu água, e estava começando a ficar nervosa com aquilo.

Dulce: Ok, respire fundo. Respire. Isso. – Anahí respirou fundo, tremendo, mas voltou a chorar – Meu Deus, o que eu faço? – Se perguntou. A campainha tocou. – As pessoas não interfonam mais? – Anahí deixou a cabeça cair pra trás, chorando – Anahí, pelo amor de Deus! Olhe, eu vou atender a porta. – Disse, nervosa, se levantando.

Mas, pra desespero de Dulce, assim que ela abriu a porta...

Kristen: DUL! – Exclamou, entre soluços, e abraçou ela. Dulce passou um tempo olhando pro corredor, com uma careta, mas abraçou Kristen, que tremia de tanto chorar, fazendo coro com os soluços de Anahí, vindos do sofá.

Dulce: Mais uma. – Gemeu, fechando a porta.