Capítulo 07

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Quando Robert chegou em casa, poucos minutos depois, as malas de Alfonso já estavam na sala, e ele gritava com alguém no telefone porque queria uma passagem imediata. Porém o próximo vôo era em 2 horas.

2 horas parecia tempo demais. Robert perguntou o que houve, e Alfonso só precisou dizer: "Maite.", pra que o outro entendesse. Alfonso não se sentia seguro. Duas horas de espera, mais o tempo da viagem... E Maite já estava livre desde a ultima madrugada... Quanto tempo demoraria até encontrar Anahí? Enfim, os dois terminaram no apartamento de Christopher. A mulher dele dormia no sofá. A imagem era perturbadora. Tinha a cabeça em uma almofada, os cabelos caindo pelo sofá, quase tocando o chão, um livro caído no peito, a barriga volumosa debaixo de uma blusa branca. O rosto pálido adormecido passava uma sensação de instabilidade. Todos conheciam o temperamento dela. Nem dormindo ela passava segurança a ninguém. Não era alguém com a qual você confiasse em fazer brincadeiras a frente do rosto porque estava adormecido. Ainda assim a beleza adormecida era desconcertante.

Christopher: Claro. – Aquiesceu. – Eu tenho algo que pode mostrar. – Disse, e se virou. Então olhou a esposa um instante. – Um minuto. – Pediu, e caminhou na sala, até ela.

Perto dela, Christopher voltou a ter a expressão imperiosa de sempre. Agora ele não era mais um animal acuado. Tendo-a sob sua proteção era diferente: Agora ele estava esperando pelo ataque. Robert perguntou algo a Alfonso, que deu de ombros, pensativo. Preocupado. Christopher se abaixou do lado da esposa, beijando sua maxilar. Ela apenas resmungou de olhos fechados, e sorriu de canto.


Christopher: Vou levá-la para cama. – Disse, carinhoso. Era violentamente estranho ver Christopher ser tão amável, tão cuidadoso, carinhoso com alguém. Alfonso viu ele acariciar a barriga dela por um instante, e então levou a mão até a dobra de seu joelho. Ia carregá-la, mas ela segurou seu braço.

XXXX: Não. Eu não vou dormir, preciso... – Ela hesitou e ele sorriu – Eu preciso fazer qualquer coisa, que vou me lembrar assim que levantar. – Dispensou.

Christopher: Então não demore. O sofá não vai fazer bem a suas costas. – Disse, e ela assentiu, sonolenta. – Cinco minutos. – Disse, severo. Ela gemeu, fazendo uma careta.

XXXX: Você é insuportável. – Acusou, ainda com a careta.

Christopher: Eu também amo você. Cinco minutos. – Ressaltou. Ela o ignorou e ele riu, beijando-a novamente.

Christopher caminhou, tranqüilo, até o escritório. Ele abriu o laptop, e encaixou no USB algo que lembrava um pen drive. Enquanto executava ele ia falando, ainda tranqüilo... Alfonso estava se irritando. Christopher estava tranqüilo demais.


Christopher: A segurança da propriedade é falha por seu tamanho. Eu tenho cercas elétricas por todo seu limite. Elas alcançam 4 metros de altura, e não há falha nela. Só há duas entradas, e todas tem guardas 24 horas, mas digo que é falha porque é grande. Tenho um grande espaço aberto, em verde, inclusive um que é de arvores fechadas. Uma reserva. – Disse, digitando algo no laptop. Alfonso gemeu, pondo a mão no rosto. Arvores eram ótimas pra esconder algo. Ou alguém. – Mas a segurança do chalé em si é impecável.

Robert: Como assim?

Christopher: Como eu comentei, minha mulher vai criar problema quando souber quem eu mandei até lá. Mas não era pra ela saber. Há alarmes pelo gramado do jardim em volta, invisíveis e insensíveis ao olho humano. Se a pessoa o atravessa, o alarme externo é ativado. – Se abriu uma planta enorme no laptop. Alfonso absorvia cada palavra. – Eu mandei que o alarme fosse desativado quando Anahí foi pra lá, porque eu não sou o único a receber o aviso se o alarme é violado. – Disse, se fazendo entender. – E ele foi.

Robert: Então como ela soube? – Perguntou, confuso.

Christopher: O alarme externo é muito pouco perante o valor que alguém pode tirar roubando aquele chalé. Então há a alarme interno.- Disse, mexendo no laptop – Nada de raios violeta, nem luzes vermelhas cruzando o espaço. Há sensores de calor em cada portal da casa. Assim nós sabemos quantas pessoas entraram, e quantas saíram. E dentro da casa há outro sensor, que capta a temperatura ambiente, e assim detecta a temperatura dos humanos lá dentro. Esse é o alarme interno. Eu mandei que fosse desativado também, mas foi assim que ela soube.

Alfonso: Não desativaram?

Christopher: Foi o mordomo. Ele a adora. Deixou o alarme interno ligado pra ter certeza de que ela saberia que havia alguém lá. – Disse, rolando os olhos. – É o alarme que garante a segurança delas. Enquanto estiverem dentro da propriedade, estarão seguras. Há homens armados espalhados em pontos estratégicos. Se o alarme é acionado, eles entram em ação. Aqui está. – Disse, virando o laptop.

Era uma planta próxima do chalé, em amarelo. Havia pontos vermelhos. Cada ponto tinha o valor da temperatura da pessoa em movimento.


Alfonso: Como posso saber...? – Perguntou, olhando a planta complicada.

Christopher: Você realmente não pensa. – Disse, coçando a sobrancelha – Anahí? Procure pelo ponto que representa a maior temperatura. Temperatura por duas pessoas. Ou uma e meia, que seja. – Disse, se espreguiçando.

E Alfonso encontrou. O ponto que indicava um calor sutilmente maior que os outros dois. Ela estava em casa, estava segura. Com alguma sorte não sairia até que ele chegasse. Alfonso se deteve observando o pontinho se mover. O pontinho que era ela. O pontinho que era seu bebê.


E isso bastava.

P.S.: Eu Te Amo (Livro 03)Onde histórias criam vida. Descubra agora