O dia da vernissage chegou. A barriga de Anahí, como Robert dissera, crescera muito pouco. Pra ela era uma diferença monstruosa, era a primeira vez que ela se sentia tão segura, tão mulher... Tão mãe. Mas pra outra pessoa, quem a visse a olho nu, não fazia muito. Ela e Dulce conversaram seriamente com Kristen, afastadas dos protestos de Edmundo que se dizia abandonado. A outra estava decidida a ir. Como era por regra, seu marido não fazia a mínima idéia disso. Robert tentara falar com ela, inutilmente. Anahí tomou um banho demorado, na banheira, acariciando sua barriga. Depois saiu, voltando ao quarto. Haviam malas gigantescas ali, mas Anahí não estava preocupada com elas. Viajaria horas após o fim da vernissage. Ela, inicialmente, havia planejado um tubinho preto pra usar na ocasião. Mas com a surpresa, a maravilhosa surpresa, toda precaução era pouca. Havia um vestido preto em sua cama, mas não era o tubinho. Era estilo bata, deixava um ombro seu livre, e era folgada, solta, até o quadril, onde ficava justo, da barriga pra baixo, é claro. Ela se vestiu, e acrescentou um cinto feito uma correntinha de prata na cintura, como um adorno. Calçou sapatilhas pretas, combinando, e foi se maquiar. Os cabelos caíram em uma cascata chocolate, mais caprichada que o normal, pelas costas, e estava pronta. Uma limusine a esperava. Ao pararem na frente do salão de festas, Anahí ergueu as sobrancelhas. Edmundo trouxera o inferno para aquele lugar.
A imprensa estava em peso na frente do salão, as escadarias tecnicamente tomadas. Quando a limusine dela parou, houve um alvoroço. Edmundo, que esperava acima da escadaria, falou algo pra um segurança, assentindo, e saiu dali. Logo quatro seguranças se aproximaram de Anahí, flanqueando-a, ao sair do carro. Os flashes a cegaram. Ela sorriu, parando um momento pra se dar de presente as câmeras. Foi quando resolveu subir, que Kristen e Dulce apareceram. Os flashes ficaram frenéticos. Kristen estava com um tubinho prateado, os cabelos em camadas elegantes, a maquiagem perfeita. Dulce usava um vestido justo, roxo, com decote em V, os cabelos caindo em cachos generosos. Desde a decisão da viagem, as três eram unha e carne. Subiram a escadaria juntas, sorrindo, cochichando algo. Quando entraram no salão, Anahí se viu cercada de todas as fotografias e telas que havia pintado, perfeitamente situados, em focos de luz. Dulce havia feito um trabalho perfeito. O lugar estava cheio.
Edmundo: E enfim a estrela da noite chega. – Disse, e Anahí sorriu, radiante.
Anahí: Você fez um trabalho ótimo com a imprensa. – Disse, satisfeita. Edmundo sorriu, galante.
Edmundo: Digamos que fazer barulho é minha especialidade. – Respondeu, satisfeito.
Então Dulce voltou, apanhando Edmundo pelo braço e arrastando-o.Dulce: A chefe do bufê quer um homem pra responder por alguma coisa que aconteceu lá dentro, e você é o primeiro que eu acho, então vem logo. – Explicou, arrastando-o pelo braço. Edmundo riu gostosamente.
Edmundo: Com licença, mi ladies. – Disse, já caminhando, enquanto Dulce o arrastava.
Kristen: Vá atender seus fãs. – Sugeriu, sorrindo, e se afastou, indo na direção de Pedro e Lúcia.
Anahí passou as horas seguintes falando com as pessoas, sorrindo para fotos... E estava exausta. Até que parou em frente ao quadro, que eu vou resumir como eclipse (A tela negra com a fita vermelha). Ela o observou por um instante, acariciando a barriga distraidamente. A fita jamais se romperia. Sempre haveria um fio mantendo os dois juntos. Um fio que crescia, aquecido e seguro, dentro de seu ventre. Um fio que Alfonso jamais conheceria.
Alfonso: Olá, Anahí. – Disse, a voz apunhalando ela como uma lamina gelada. De novo, não.Anahí respirou fundo antes de se virar. Ela cruzou os braços sutilmente, meio que se afastando, mas cobrindo a barriga. Seu olhar encontrou o dele e seu coração bateu dolorosamente mais rápido. Era como se estivesse tudo se repetindo. Mas dessa vez ela não o ignorou; ela lhe sorriu.
Anahí: Alfonso. – Respondeu, com um sorriso moderado no rosto.
Alfonso: Sua vernissage está de parabéns. – Disse, com as mãos nos bolsos.
Anahí: Obrigada. – Disse, simples. – Não achei que viesse.
Alfonso: Eu não vinha. Mas mudei de opinião na ultima hora, resolvi vir lhe dar os parabéns. Pelo que soube, esteve trabalhando arduamente pra chegar aqui.
E aquela formalidade era tão estranha!
Anahí: Eu quis que a vernissage fosse antes do final da temporada de arte, tem gente influente na cidade por causa da temporada. Digamos que antes eu não tive oportunidade de trabalhar, então o tempo me foi curto. – Alfinetou, sem conseguir se conter. Alfonso assentiu, sorrindo de canto.
Alfonso: Este quadro... – Disse, olhando a tela. Anahí olhou também, os brincos que usava, que eram uns fios prateados, acompanhando seus cabelos nos movimentos. Os dois tinham lembranças iguais do dia em que a tela fora finalizada. Vividas demais para serem saudáveis. – Não pensei que fosse vendê-lo.
Anahí: Não tenho porque guardar. – Disse, ainda se abraçando. Não gostava da proximidade, não o queria perto do seu bebê. Entretanto sabia que vê-lo se afastar lhe seria doloroso. Anahí ignorou um flash que veio atrás de si, imaginando a manchete na capa das revistas amanhã: a foto deles dois juntos, os comentários maldosos... Mas ela já não estaria em Londres para ver.
Alfonso: Não? – Perguntou, erguendo a sobrancelha.
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P.S.: Eu Te Amo (Livro 03)
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