Capítulo 12

53 9 1
                                    

Nova Jersey     sexta-feira     11 de novembro de 2016    05:58pm
Marina
Acordei no sofá, mas Justin não estava comigo. A TV estava desligada e o único ruído que consegui escutar vinha da cozinha, provavelmente Pattie preparando o jantar. Levantei sonolenta e fui em direção a cozinha, não ousei passar para dentro dela, parei me encostando no batente da porta e fiquei observando uma cena linda, Justin estava cortando legumes com a cabeça um pouco baixa, sem camiseta, com uma bermuda xadrez. Eu gosto de seu corpo, não é nem sarado, nem magro exageradamente, ele é só magro e um tanquinho quer aparecer, mas não ousa. Fico o observando com admiração, só admiração, nada sexual. Em algum momento ele sente minha presença e sua atenção se volta pra mim, nesse momento percebo que um sorriso brinca em meus lábios.

-Tá aí a quanto tempo? -Ele volta a cortar os legumes.

-Acabei de acordar. -Sei que fiquei uns bons minutos parada ali, o braço que encostei no batente estava dolorido.

-Vou terminar aqui e vamos passear com o Pete.

-Ok! Comprei a coleira no mercado, estava mais barato que na casa de ração. -Entrei indo até a geladeira pegando uma garrafa de água, misturei com água da torneira e bebi.

-Vai se arrumar logo que daqui a pouco escurece.

-Já vou, coisa chata. -Dei as costas e quando atravessei a porta escutei ele dizer:

-Me ama.

Não sei como lidar com a ideia de que quero experimentar seu beijo, mas de qualquer forma, somos amigos e não podemos estragar isso. Lembro-me do dia que apertei sua bunda, é redondinha e firme. E a troca de mensagem daquele dia? Que tipo de conversa era aquela? Ele pode ser bem safado quando quer. Não posso ficar pensando nessas coisas, será que é normal uma virgem pensar em coisas insanas?
Me direcionei até "meu" quarto -é tão legal a ideia de "meu" quarto, eu nunca tive um antes- e procurei uma roupa que combinasse com inverno E passeio. Quando saí do meu quarto vi Justin sair do seu também, ele sorriu pra mim, ele estava todo lindo dentro de uma calça preta e uma camiseta branca, ele sempre estava lindo. Cassidy era uma garota de sorte e não sabia, como ela teve coragem de olhar pra outro homem com esse por perto? Ok. Não dá pra considerar Justin um homem, pra mim ele é um garoto, mas em um bom sentido, todo brincalhão e bobão.

-Como você tá feio. -Falei brincando, claro que ele não estava e ele deve saber.

-Falou a oitava maravilha do mundo. -Zombou todo debochado.

-Sou mesmo. -Saí andando em sua frente dando uma gargalhada, enquanto rebolava -acredito eu- de um jeito sensual, ele só deu uma leve risada em resposta e escutei seus passos logo atrás de mim.

-Eu pego a coleira. -Saiu em disparada para cozinha assim que chegou a sala. Esperei poucos segundos com Pete no colo até ele aparecer e colocar a coleira no meu fofinho.

Nova Jersey     sexta-feira     11 de novembro de 2016    06:39pm
Justin
Fomos para um playground e ficamos andando e conversando por um tempo, está tarde para dar passeio com cachorro, só temos nós com um. Estávamos distraídos em uma conversa quando avisto Cassidy com um cara, estarreci na hora.

-Justin! O que estava falando mesmo? -Marina chamou minha atenção, percebi que deixei uma frase incompleta, mas não respondi, ainda estava desnorteado com a presença de Cassidy. -Justin!

Olhei pra ela que estava com uma expressão confusa, eu sinto um aperto no meu peito.

-Marina, a Cassidy está aqui.

Ela olhou para os lados, mas não identificou quem seria, até porque ela não é a única garota aqui na praça.

-Justin, você está pálido.

-Eu não quero que ela me veja.

Senti um nó se formar em minha garganta e meus olhos se encherem de lágrimas. Por quê essa loira faz isso comigo?

-Vamos embora então.

-Ela está atrás de você, é a loira.

Ela, como minha amiga, tinha todo o direito de saber quem era a Cassidy, ela que aguentou eu chorando feito um bobão.

-Vamos.

Ela disse após verificar, passou seu braço por minha costa e pousou a mão em minha cintura em um gesto carinhoso, com a outra mão ela segurava a extensão da coleira, passei meu braço ao seu redor também e descansei minha cabeça na sua. Ela era um pouco mais baixa que eu, ela mexeu a cabeça um pouco e depositou um beijo sutil em meu peito por cima da blusa.

-Não tem nada de errado com você, não quero que se sinta mal pelo que aconteceu. Ela é uma boba por ter feito isso com você.

Marina é incrível, ela nem sabe o quanto. Ela é a melhor amiga que eu já tive. Da até uma vontade de cobrir ela de beijo ás vezes, de tão fofa que ela é. Em falar em beijo, eu quase a beijei, e não foi só uma vez. Eu a beijaria numa boa, ele é linda, gosta de mim, me faz bem, mas se eu fazer isso vai estragar nossa amizade, ela mesma já disse, ela vai se chatear e achar que estou usando-a, e isso não é verdade. Eu nunca a usaria para esquecer Cassidy, eu não sei que sentimentos eu tenho por ela -Cassidy-, o que eu sei é que o que me afeta não é ela, é o que ela me fez.

-Obrigada Marina. -Fizemos silêncio por alguns instantes. -O que me deixa assim não é ela, é o que ela fez, as lembranças que ela me traz.

-Resumindo, o problema é ela. Foi ela que fez, ela traz as lembranças.

Realmente o problema é ela.

-Pois é. -Suspirei derrotado.

-Pensa pelo lado bom, você me conheceu. Se não tivesse acontecido aquilo você não sairia aquele dia a noite. -Ri dela.

Por um momento pensei que aquilo fosse besteira, mas não era. Eu não sairia aquela noite, não teria motivos. Não foi bom, foi ótimo. Eu estava ajudando uma pessoa e acabei fazendo uma amiga muito boa. E ainda bem que decidi aparecer na casa dela de supetão, ou eu seria o corno apaixonado. Ela aproveitou a viagem dos pais pra trazer um cara que não fosse eu pra dentro de sua casa.

-Se for pensar assim, foi ótimo. Perdi uma namorada traiçoeira pra ganhar uma amiga legal.

-E fiel. -Ela acrescentou e nós rimos. Era um fato. -Estava pensando em procurar outro emprego, o Starbucks funciona diariamente e eu não tenho esse pique todo.

-Você deveria parar de trabalhar. Como vai ser quando voltar estudar?

-Estudo de manhã e trabalho a tarde ou a noite.

-E tempo pra mim?

-É só você trabalhar também que não vai sentir minha falta, preguiçoso.

Ela não entende que ela não vai conseguir conciliar escola e trabalho.

-Desmancha essa carranca, falamos disso outro dia. Vamos falar sobre você, melhorou a gripe?

-Melhorou.

-Á noite eu faço mais um pouco de chá de alho.

Oh chazinho ruim.

-Quero não.

-Claro que quer. Amanhã você não tem mais nada.

Nova Jersey     sexta-feira     11 de novembro de 2016    08:08pm
Justin
Não importa quantos assuntos vem a minha cabeça, sempre, uma hora ou outra, Marina ou Cassidy surgem em meus pensamentos. Ver Cassidy me trouxe a triste memória de que não sou bom o suficiente para uma mulher e quando penso em Marina lembro-me dos nossos quase beijos e a vontade que eu tenho de roubar-lhe um. É indecente da minha parte olhar para ela com outros olhos, me sinto sujo. Ela é tão delicada ao meu ver. Essa minha visão de te-la pra mim dessa forma se dissipa quando lembro-me que não vou ser suficiente pra ela e que nossa amizade pode se abalar e desaparecer com o tempo. É difícil ser tão safado e carente ao mesmo tempo, eu me desgasto com os fatos. A forma como eu claramente vejo a mim mesmo até me deixa constrangido, se eu consigo me enxergar como um safado carente, imagina quem me observa do lado de fora.

*****
Não se esqueçam de deixar uma estrelinha e comentar, é essencial sua opinião.

A Melhor Coisa Que Me Aconteceu (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora