Capítulo 20

47 4 3
                                    

Nova Jersey     sexta-feira     19 de novembro de 2016    07:52am
Marina
-Ah! Isso não é importante.

-Como não? Claro que é. -Encolheu os ombros, ele estava se mostrando bastante vulnerável sobre o assunto.

-Não Marina, não faz isso.

-Isso quer dizer que eu conheço elas. As únicas... Não! As meninas? -Eu estava pasmada, ele gostava delas.

-Não é bem assim.

-É como então? -No momento em que perguntei a porta se abriu e Meg e Jenny entraram no estabelecimento aos risos, ouvi Márcio suspirar ao meu lado, não sabia se era por conta delas ou porque ele se livrou de uma conversa comigo.

Nova Jersey     sexta-feira     19 de novembro de 2016    04:37pm
Justin
Marina chegou minutos mais cedo hoje e estava no banho, eu como sempre me deitei na sua cama esperando por ela, quando passou pela porta estava bem posta dentro de uma roupa de frio. Não sei o que é, mas ultimamente eu estou achando ela mais linda, mais atraente e seu modo inocente... não sei explicar, não consigo desviar minha atenção dela. Na noite passada ela me deixou maluco sem nem imaginar e eu sinto-me até culpado por deseja-la, se ela por acaso pensar nisso...

-Me ajuda preparar o jantar? -Pedi da maneira mais angelical possível pra ver se convencia.

-Só porque estou de bom humor hoje. -Sorriu e foi em direção à porta de saída do seu quarto e passou por ela me deixando deitada alí. Fui até a cozinha a encontrando lá, sem a blusa de frio e com um avental, pra que aquilo? Eu não gosto de aventais, dificilmente uso.

Como o habitual tirei os trajes de cima ficando sem camiseta, percebi um breve olhar de Marina sobre mim e meus lábios se entortaram em um sorriso. Estávamos preparando o jantar e levando uma conversa leve, essa conversa não sei de que maneira se encaminhou para o assunto sexo.

-A posição 69 é mais do que estranha, imagine só, a cara enfiada naquelas partes, deve sufocar, dar uma falta de ar. -Neguei com um aceno, não concordava com sua suposição.

-Acho que não, é só respirar. Não precisa apertar o nariz alí em baixo.

-Sei lá. Só sei que deve doer se o instrumento for muito grande. -Gargalhei com seu comentário.

-Acho que tudo depende da situação, seja grande ou pequeno, tem que ser feito com cuidado, vocês mulheres na maioria das vezes, são muito sensíveis.

-Discordo. Vocês que são brutos de mais.

-Até onde eu sei, as mulheres são conhecidas como o "sexo frágil". -Fiz aspas com os dedos levantados na altura da minha cabeça e ela revirou os olhos.

-Não dou grande importância para o senso comum.

-Oh! Agora você apelou para a sociologia pra dizer que eu sou uma pessoa que não averigua os fatos? -Perguntei um pouco surpreso com sua resposta e ela riu.

-Isso é o que você está dizendo.

-Abusada. -Nós rimos, ela tem um belo sorriso. -E o trabalho? Como está?

-Normal. O Márcio veio me pedir conselhos amorosos, fiz o que pude. Não sou boa com essas coisas.

-Conselhos amorosos?

-Diz que está gostando de duas garotas que eu conheço, Meg e Jenny, as únicas que ele conhece e eu conheço também. -Duas garotas? Ele gosta de duas garotas?

-Ele disse isso?

-Não disse em palavras quem era?

-Já pensou que entre essas duas, você pode ser uma? -Ela parou o que estava fazendo para olhar-me com uma de suas sobrancelhas erguida.

-Não acho que eu seja uma. Ele não falaria pra suposta garota que ele gosta que ele gosta de duas e que uma delas era uma amiga dela.

-Talvez. Mas pra mim é uma possibilidade.

-O Márcio até que é interessante. -Isso não é possível. Ela voltou ao que estava a fazer antes.

-É?

-É. Ele é bonito, legal, engraçado, sabe cozinhar.

-Eu também sou tudo isso. Então você me acha interessante? -Ela novamente parou, dessa vez ela me analisou por breves segundos e voltou sua atenção para os cortes.

-Nunca parei pra pensar sobre você dessa maneira. -Ela só podia estar mentindo.

-Então para agora. -Me encostei no balcão apoiando as minhas mãos no mesmo. -Faça sua análise. -Ela me olhou rindo, fez cara de pensativa olhando para cima, batendo o dedo indicador no rosto.

-Hmm... vejamos. Você é legal às vezes.

-Só às vezes?

-A maior parte do tempo. Engraçado, idiota...

-Por que idiota?

-Porque eu estou dizendo que é.

-E a parte do lindo, tesão, bonito e gostosão?

-Você se acha, muito convencido.

-Nenhum bonitinho?

-Ah! -Ela analisou meu corpo, me mediu de cima a baixo. -Você não é feio, é muito bonito na verdade. -Sorri com sua afirmação. -O que te falta é segurança, você dúvida da sua capacidade, você se acha menos do que você realmente é. Você é o suficiente para alguém. Você é uma pessoa legal, divertida, inteligente e é lindo. Você é muito modesto. -Ela não mentiu sobre o que eu acho de mim, realmente sou muito inseguro, me tornei assim depois de Cassidy.

-Obrigado Marina. Você que é linda, muito linda. -Sua pele ficou ruborizada e ele deu um sorriso apertado e tímido.

-É, eu sei. Nem precisava dizer. -Nós rimos, ela sempre que pode descontrai o ambiente.

-Que falta de modéstia.

-Não sou modesta.

Continuamos o preparo do jantar e conversamos mais algumas coisas, sobre algumas coisas que os meninos viviam aprontando e como me colocavam no meio, sobre a sua época no orfanato e sobre as férias e feriados. Demorou mais do que o esperado para minha mãe chegar e ela tinha um sorriso contente em seu rosto, como sempre tinha quando chegava sexta-feira. Eu e Marina ficamos assistindo TV enquanto Pattie não descia, depois nos reunimos para um jantar que estava muito bom por sinal.
Não deixamos que minha mãe lavasse a louça, nós mesmos o fizemos. Por fim tivemos que limpar a cozinha toda, nos deparamos no meio de uma guerra onde molhavámos um ao outro. Resultou que tivemos que tomar um novo banho.

Nova Jersey     sexta-feira     19 de novembro de 2016    11:31pm
Justin
Cheguei à cozinha pra tomar um copo de água e decidi manter a luz apagada, bebi e quando estava passando pela porta da cozinha escutei alguém chorando, quem será? Marina? Ou minha mãe?
Me aproximei do sofá um pouco desesperado, o que será que aconteceu? Me sentei ao lado da pessoa e reconheci que era a Marina. Passei meus braços por seu corpo e a abracei apertado, seu choro não cessou, aumentou gradativamente, era possível escutar seus soluços. Eu a tinha em meus braços, tão frágil. Afaguei seus cabelos na tentativa de acalenta-la, meu ombro estava molhado por suas lágrimas, mas não me importei com isso. Seu corpo quente estava colado contra o meu, afastei esses pensamentos e vi que seu choro havia acabado. Ficamos envolvidos um no outro por mais um tempo, até que ela mesma me afastou de si. Segurei suas mãos e dei um beijo nelas, naquela altura eu já havia me acostumado com a escuridão e conseguia enxergar algumas coisas ao redor. Ficamos em silêncio apenas escutando nossa respiração de mãos dadas.

-Quer conversar? -Escutei um suspiro vir dela, manteve sua cabeça abaixada olhando para nossas mãos entrelaçadas. -Tudo bem se não quiser falar sobre isso? -Tentei não pressioná-la e ela finalmente me olhou.

-Eu quero. -Seu olhar viajou todo o meu rosto. -Eu preciso contar para alguém. -Abaixou a cabeça novamente e suspirou. Em um quase sussurro ela pronunciou. -Mas eu tenho tanta vergonha.

A Melhor Coisa Que Me Aconteceu (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora