Meu meio irmão

Prólogo

      Agora aos 17 anos vejo minha vida desmoronar, quando estou acostumada há 9 anos a morar com minha mãe e quase nunca ver meu pai, que mora no Brasil. Eles se separaram quando tinha apenas seis anos de idade, e presenciava muitas brigas que acabavam com choro e gritaria, minha mãe resolveu se mudar de Porto Alegre e tentar a vida no exterior, mais precisamente nos Estados Unidos, como tinha oferta de emprego lá e poderia dar uma vida melhor para mim. Assim, cresci falando fluentemente inglês e português, mas aprendi um tempo depois espanhol e francês, eram línguas que me interessavam e agora estava tentando aprender mandarim mas parecia uma tarefa impossível, quando minha mãe anunciou que estaria fazendo uma viagem a trabalho por tempo indeterminado, e que eu deveria ficar com meu pai, meu mundo simplesmente desmoronou.
    Uma readaptação a um país que nem sequer chegava perto há no mínimo oito anos, e com a nova família de um homem que mal participava da minha vida, seria uma coisa difícil de lidar. Estava totalmente contrariada e brava, e teria cerca de uma semana para arrumar minhas malas e preparar-me psicologicamente para todas as mudanças bruscas na minha rotina, fuso horário, nova vida e etc.
    A adolescência parece ser uma fase com um turbilhão de emoções, tão intensas que parecem ser permanentes e nos levam a loucura. Estive focada nos estudos durante toda minha vida, esperava entrar numa ótima universidade e cursar medicina com um histórico impecável, principalmente no terceiro ano, mas minha mãe decide que eu vá morar no Brasil no ano decisivo para entrar em Harvard, Yale e etc. Não tenho certeza se ela chegou a pensar no meu futuro, espero que volte para casa o mais rápido possível e não tenha que ficar por um longo período num lugar desconhecido, com pessoas desconhecidas. Tento ser otimista, todavia estou falhando miseravelmente.
    Tinha um plano para fugir do Brasil assim que tivesse a primeira oportunidade, voltar para os Estados Unidos e conseguir entrar numa boa faculdade, com uma carta de recomendação, por todas as atividades extracurriculares que fiz, além de tantas notas altas durante o ensino fundamental e médio.