Capítulo 6

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Cheguei em casa e a primeira coisa que fiz foi sentar no sofá da sala para mandar mensagem pros coisas (apelido carinhoso que dei para os meus amigos), não aguentava mais segurar tanta ansiedade.

- Coisas do céu!!!!! Lembram que no começo das minhas aulas comentei com vocês que tem um carinha mega bonito na minha sala, e que ele tem meu livro preferido?! A professora colocou nós dois juntos em um trabalho. - mandei mega eufórica. Ísis foi a única a visualizar.

- Caramba! E aí, Lu? Como foi???? - disse com toda curiosidade que habitava em si.

Contei tudo, detalhe por detalhe. Falei do quanto fiquei nervosa, do quanto ele fica lindo quando está tímido. Falei das nossas afinidades, do quanto nos demos bem. E quando estava levantando para tomar banho para enfim trocar de roupa e comer algo, meu celular vibrou. Era uma mensagem de Murilo.

- E aí, Lu! Posso te chamar assim, né?! Gostei muito de conhecer a única garota que me chamou atenção naquela sala. Não leve na maldade, mas é que você é a mais discreta e se mostrou ser a mais inteligente também, mesmo estando longe. Agora mais perto de ti percebo que é muito mais do que eu pensava. Nos vemos amanhã! - finalizou a mensagem com um emoji sorrindo.

Suei frio. Sim, minhas mãos suavam. Eu não sei se suavam por estar nervosa por conhecer uma pessoa nova ou pela pessoa nova ser ele. Não sinto nada por ele, isso é fato, ainda amo o (Argh!!!) Bernardo, mas Murilo me despertou algo estranho, diferente. Resolvi tomar banho e trocar de roupa primeiro para depois respondê-lo. E quando fiz isso, criei coragem para mandar algo.

- Oi, Murilo! Lu só para os íntimos. Brincadeira, pode me chamar de Lu sim! Hahahahaha. Também gostei de conhecer o solitário da escada, você é super legal. Espero que nosso trabalho fique tão bom quanto nossa primeira conversa. Hahahaha. - finalizei também com um emoji sorrindo.

Fui completamente discreta, como de costume, e tentei ser engraçada também. Não queria demonstrar euforia, afinal, seremos apenas amigos e não quero que ele confunda as coisas. Não que ele queira algo comigo (vai saber também), mas não quero que pense que quero algo com ele.

- Para quem não quer confusão, acho que está acontecendo o contrário. - pensei.

Vi que o pessoal leu e respondeu minha mensagem achando graça e tirando sarro de mim, mandei risadas e só. Não estava com cabeça para brincar. Depois de alguns minutos, meu celular tocou, era Jorge.

- Lu, tudo bem?! - seu tom de voz estava diferente e eu sabia o que ele queria me dizer.

- Oi! Tô bem! Jorge, escuta... Eu fiquei confusa, confesso, mas você sabe de quem eu gosto. Infelizmente. Pode deixar que não vou fazer nada de mais e... - antes que terminasse a frase, ele me cortou e começou a falar.

- Luna, eu te conheço tão bem, mais tão bem, que sei que quando você começa a disparar palavras é porque está exalando nervosismo. Preferi te ligar pra falar isso porque me preocupo. Vai ser bem rápido. Eu sei o quanto você acha esse cara atraente... Murilo, né?! Pois bem. Toma cuidado! Não estou dizendo que ele é uma má pessoa, não o conheço, estou falando de você, do seu coração. Não se deixe levar pelo encanto. Seja amiga dele, mas nunca se esqueça daquela frase que você mesma criou: "Um pé na frente, outro atrás e as duas mãos protegendo o coração", tá bem?!

Ele tinha razão. Murilo tem tudo para me deixar babando por ele e eu sei disso, por isso tanto medo. Jorge me despertou na hora certa. Melhor pensar agora do que pensar tarde demais.

- Obrigada, Jorge! Você tá certo! Eu te amo, obrigada mesmo! - agradeci, nos despedimos e desligamos.

Logo depois fui atrás de algo para comer. Peguei um pacote de biscoitos no armário da cozinha e corri pro meu quarto. Iron estava deitado no chão e o peguei no colo.

- É, Iron... Sua mãe só se mete em confusão. No dia em que eu fizer algo que preste nessa vida quando o assunto é meu coração e minha mente turbulenta, te dou um castelo e mudo seu nome para Rei. - o beijei e fui beijada de volta (ou lambida, o que dá no mesmo).

Coloquei ele no chão, peguei meu tablet, abri o bloco de notas e comecei a desabafar:

Eu só queria ter a certeza de que o mesmo vento que te levou pra longe, irá te trazer novamente pra perto. O fato de não estar mais na minha vida faz com que algo em mim não tenha sentido. Faz com que algo em mim esteja perdido. Queria novamente ouvir sua voz rouca que soava como música aos meus ouvidos. Ouvir sua risada engraçada. Te ouvir cantar, cantar pra você, e rir abobada a cada vez que desafinava ou cantava alguma música sem nexo. Queria reviver esses momentos incríveis.
Queria, queria... Não queria, eu quero! Quero saber se pensa em mim na mesma frequência e intensidade que penso em você. Se sente saudades, se ainda me sente. Quero saber se ainda estou viva dentro de ti, assim como está dentro de mim. Essa saudade tem nome. Essa confusão tem nome. Seu nome. Bernardo é o nome que ecoa de dentro de mim.

Ter ficado com a mente embaralhada me fez pensar no motivo pelo qual eu nem poderia pensar em olhar com outros olhos para outro homem. Um dia perto de Murilo e uma tempestade aconteceu. Temi pensar no que viria nos próximos dias. Essas coisas só acontecem comigo.

- Socorro! - sussurrei abraçando meu tablet.

Dois Caminhos, Uma EscolhaOnde histórias criam vida. Descubra agora