Dois Caminhos, Uma Escolha

Capítulo 2

Terminei de fazer meu trabalho às 16:00h e logo em seguida almocei. Nunca fui regrada com relação à essas coisas. Durmo de manhã, tomo café a tarde, almoço quase de noite, janto de madrugada... Mais ou menos isso. Após o almoço, voltei para meu esconderijo mais conhecido como "meu quarto" e me senti um pouco estranha. - Ih... Lá vem a bad! - falei em voz alta. Quando sinto que tô ficando pensativa, já era! É aí que a bomba explode. E não deu outra. Comecei a lembrar do começo do meu verão e do que, ou melhor, de quem fez esse verão valer a pena: Bernardo. - Bendito, Bernardo! Logo depois do almoço?! Chorar de barriga cheia não faz bem não. - pensei.

Bernardo foi o rapaz que conheci através de meus amigos: Jhow e Jorge. Eles o conheceram em algum lugar e em algum momento que desconheço, mas não importa, o que realmente importava era o fato de termos sido apresentados. Quer dizer, mais ou menos, pois só conversávamos por mensagens. Eram mensagens de "bom dia!" até mensagens de "boa madrugada!". Nunca deixamos de conversar. Não faria sentido para mim passar um dia inteiro sem dizer e receber o nosso: "Oi, meu bem!". E acho que para ele também não.

Ficamos nessa durante um mês.
Antes de minhas aulas começarem, o conheci e, olha, nunca esquecerei daquele dia. Marcamos um ponto de encontro que é a cara dele: a orla da praia. Afinal, ele é surfista e mergulhador, estávamos em seu hábitat natural. Cheguei primeiro, pois quando fico nervosa não consigo me atrasar. Sentei em um quiosque e fiquei o esperando chegar. Passaram-se 10 minutos e o avistei. Meu olhos brilharam, meu rosto ficou quente, meu coração começou a dançar dentro de mim, minhas mãos começaram a suar. - Jesus! - falei baixinho. Ele é mais lindo do que nas fotos. Bem mais! Alto, moreno queimado de sol, olhos claros que brilhavam conforme entrava em contato com a luz. Um sorriso que desmonta qualquer uma acompanhado de covinhas que complementavam seu charme. Cabelo médio, levemente bagunçado, o que realçava seus cachos e um andar desengonçado. Estava com uma camisa azul bebê, bermuda jeans escura e alpargata preta. - Amor à primeira vista! - pensei. Conforme foi chegando perto temi que a primeira coisa que o ouviria dizer no momento fosse: "CARAMBA, ELA DESMAIOU! ALGUÉM ME AJUDA, POR FAVOR!"; porque, sério, pensei que cairia ali mesmo. Mas não foi o que aconteceu, para minha sorte. Levantei para o cumprimentar.

- E aí, rapaz! Demorou, hein! - disse sorrindo para tentar espantar o nervosismo. Não foi o que aconteceu, porque em vez de apertar minha mão, mostrou que me daria um abraço. Gelei mais ainda!

- Sério?! Caramba, me desculpe! Acabei me enrolando com algumas coisas e... ah, foi mal! Mesmo! -disse se sentindo culpado e me envolvendo em um abraço aconchegante e mega cheiroso, inclusive. E prosseguiu - Vamos dar uma volta?

-Claro! - respondi ainda meio besta. O que tem de errado comigo?!

Caminhavámos conversando sobre os mesmos assuntos de sempre, ou seja, falávamos sobre tudo. Exatamente como era na internet. Nos sentíamos super íntimos e isso era ótimo. Confesso que senti medo de ser de outra forma, de nos sentirmos desconfortáveis ou algo do tipo, mas não, estava sendo ótimo. Tirando a baba que escorria toda vez que o ouvia falar, estava ótimo sim.
Paramos para comprar água de coco e sentamos em um banco que ficava na sombra das árvores, o que refrescava e fazia o momento ficar ainda mais agradável.

- Luna?! - me chamou enquanto estava distraída olhando o mar.

- Hm?! - "falei" cheia de água de coco na boca. Senti meu coração acelerar enquanto engolia devagar.

- Sempre fui encantado por você, e você sabe. Mas agora, podendo te olhar de perto, percebo que estava enganado ao pensar que esse encanto não aumentaria. Sua beleza é ainda maior pessoalmente e não só pelo seu físico, mas principalmente pela energia maravilhosa que sinto ao seu lado. Você tem uma luz, não sei explicar. - terminou a frase com um sorriso de orelha a orelha com os olhos brilhando. E antes que eu pudesse responder, prosseguiu. - No caminho pra cá fiquei pensando no que diria, em como seria e tudo mais... Quando fui chegando mais perto de você, meu coração ficou mais emocionado do que eu. Exalei alegria! Sua simplicidade me deixa fascinado. - terminou de falar.

Eu sei de que simplicidade ele estava falando. Para não parecer exagerada, o que nunca fez o meu tipo (mas nunca se sabe o que uma mulher pode fazer estando nervosa), tentei ser o mais eu possível. Simples, porém, apresentável. Estava com um vestido de fundo branco com estampa floral que é justo na cintura e rodado nas bordas, o que favorecia meu corpo (cintura fina e quadril largo). Uma rasteirinha nude, uma bolsa de lado, pequena, também nude. Pele levemente maquiada, máscara de cílios e batom rosa claro. E no cabelo fiz o de sempre: nada! Estava com meus cachos armados. Fui com o cabelo solto pois Bernardo sempre o elogiava. Dizia amar meus cachinhos castanhos. E eu também amava.

Fiquei o encarando sem saber o que dizer, e quando enfim tomei coragem, o respondi:

- Conseguiu me deixar sem palavras pela primeira vez hoje. Obrigada! Você também é muito mais bonito pessoalmente, tanto pela beleza exterior quanto pela beleza interior. Tá que a interior é mais bonita, mas... - ia dizendo pra quebrar o gelo, mas antes que eu pudesse terminar a piadinha ridícula que soltei sem querer, ele me beijou. O melhor beijo da minha vida. Me senti nas nuvens. Estava emocionada e completamente feliz. Assim que parou de me beijar, olhou nos meus olhos e disse com toda beleza de um ser quase perfeito:

- Luna, você é incrível! - e me abraçou.

- Você também é, meu bem! - respondi retribuindo o abraço. E que abraço!