Capítulo 8

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Horas e horas se passaram e continuamos conversando, nem senti o tempo voar. Conversamos sobre o curso, sobre amizade, religião, internet e dividimos as tarefas do trabalho. Papeamos muito e nos despedimos para enfim, começarmos a fazê-lo. Foi aí que lembrei que minha mãe havia saído quando comecei a almoçar e a última coisa que disse para ela foi que teria que fazer minha parte do trabalho.

- Ué! cadê minha mãe, Iron? - falei com o meu cachorro como se ele pudesse responder.

Perguntei e o peguei no colo, e foi aí que do nada, Iron começou a falar. Fiquei estupefata. Meu cachorro falando?! Tá, é mentira, ele nem falou nada, mas, enfim... Continuando. O peguei no colo, o esmaguei como sempre e fiquei parada olhando pro além. A minha vida nunca foi normal, então posso esperar de tudo dela. Só que eu não gosto dessa anormalidade, porque, minha mente não consegue lidar com tanta coisa. Quando enfim havia controlado meus pensamentos com relação à Bernardo, chega Murilo e bagunça tudo de novo. Minha cabeça lateja o tempo inteiro e parece que vai explodir.
Resolvi conversar com Ísis, porque quando se trata de "vida bagunçada", ela não fica para trás.

- Ísis, preciso conversar contigo.- enviei e logo obtive resposta.

- Fala, Lu! Já aprontou? Fala sério... Tu num sossega, hein?!

- Não aprontei nada, só quero desabafar. Posso?

- Claro, amiga! Só estava brincando. Diga!

- Sabe, Ísis... Eu tô me sentindo muito estranha...

- Não, espera aí, Luna... Estranha você já é! Sempre! - Ísis perdia o amigo, mas nunca a piada.

- HA-HA-HA, stand-up comedy te espera. Eu tô falando sério! Depois que Murilo falou comigo, comecei a me sentir assim. Com medo de algo, sabe? Mas não sei do quê.

- Lu, eu sei bem qual é seu medo!

- Então me diga.

- Você tá com medo de tentar ser feliz de novo. "Ah, Ísis... Como assim com medo de ser feliz?! Claro que não!", você vai pensar; mas Luna, é exatamente isso. Murilo tem tudo para ser quem vai fazer Bernardo ser apagado de dentro de ti, e você sabe. Mas acontece que tem medo de experimentar algo novo. Não se prenda ao sofrimento ou àquilo que espera que aconteça, amiga. Sabe aquela frase mega clichê: "Deixe ir, se voltar, blábláblá, é seu", sei lá! Enfim! O que eu quero dizer é: se por acaso Bernardo realmente tiver que ser seu (o que duvido muito, porque ele é um babaca), será. Só não se prive de ser feliz. Se sentir segura para se jogar nessa aventura, se jogue! - terminou o texto com um coração.

Ela tem razão. Em pouquíssimo tempo pude perceber o quão incrível é Murilo, e o fato de saber que ele é capaz de despertar algum interesse em mim, me deixou apavorada.

- Você tá certa! Por incrível que pareça. Hahahaha. Obrigada, Ísis!

- Oh, engraçadona! De nada! Se precisar, só me chamar. Tu sabe disso.

Continuamos falando sobre vários assuntos, como sempre fazíamos, quando minha mãe chegou com meu padrasto, Eduardo.

- E aí, chatinha! - disse beijando minha testa.

- Oi, Edu! Oi, mãe! - os abracei.

- Fez o trabalho, Lu? - minha mãe lançou a bomba.

- CARAMBA, O TRABALHO! - gritei e corri para pegar meu material.

Comecei a fazer minha bendita tarefa, até porque minha nota depende disso. Ah, e não posso deixar Murilo descobrir meu lado amnésico logo de cara. Deixa os defeitos pra depois. A menina "cult" e divertida tem que ficar na frente da estabanada e esquecida. Daí ele vai dizer depois: "Nossa, Luna! Suas qualidades são tantas que nem noto seus defeitos"; enfim... Os devaneios também ficam pra depois porque, o Murilo é certo que verei amanhã, agora meu futuro depende do meu esforço hoje.

- Se bem que... Me esforçaria HOJE para ver Murilo AGORA. - disse em voz alta com um ar malicioso. - Cala a boca, Luna! - falei e dei um tapa de leve em meu rosto.

Bendita imaginação!

Dois Caminhos, Uma EscolhaOnde histórias criam vida. Descubra agora