Capítulo 11

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Fiquei tão surtada que esqueci do tempo. Esqueci da vida. Qual é o meu nome? Resolvi tirar a maquiagem, a roupa e tomar um banho pra ver se aliviava um pouco a tensão. Fiz tudo isso, coloquei uma roupa confortável, prendi o cabelo e fui para a minha cama. Não parava de cantar Queen, mas aconteceu o que eu temia: o sentimento de culpa. Sei que não tenho nada com Bernardo e que ele nem merece que eu me sinta culpada ou me prive de algo, mas acontece que eu sempre fui assim, nunca gostei de beijar outras pessoas tendo a consciência de que gosto de alguém. Sentia que mesmo não estando comprometida com a pessoa que eu gostasse, parecia uma traição. Bem bobo da minha parte, talvez, mas infelizmente é o que me acontece.
Peguei meu celular e os coisas já haviam se manifestado.

- Eu nem vou me meter nisso... - mandou Jorge.

- Nem eu! - complementou Jhow.

Homens... Sempre tão chatos quando o assunto fica um pouco mais íntimo. Não que eu não possa contar as coisas pra eles, porque posso e conto, mas mentiria se dissesse que eles não ficam estranhos sempre que uma de nós fazemos isso. Já as meninas...

- O que???? Luna, mentira! Me conta!!!!! - Lucy mandou surtada.

- Eu já sabia que isso iria acontecer. Sim, eu sabia! Mandou bem, Lu! É isso aí! - Ísis... Ai, essa Ísis.

- Hahahahaha. Vocês são loucas! Bom, quando chegamos aqui, paramos para continuar o assunto que surgiu durante o trajeto e aí...

Contei toda a história, aguentei a ironia dos meninos e os delírios das meninas e lembrei que havia outra mensagem.

- Cheguei bem, Lu! Quer dizer... Dizer que cheguei bem chega a ser pouco, eu cheguei ótimo! Peço desculpa mais uma vez pelo susto que te dei, mas se me perguntar se me arrependi, com certeza direi que não. Foi incrível, mesmo que tenha sido rápido. - Murilo dizia na mensagem.

- Que bom que chegou bem! Assim... Eu não tenho respostas pra isso, me desculpa. Hahahaha

- Eu te entendo! Vou me aproveitar da sua sinceridade um pouquinho, tá bem?! Sei que não mente e eu preciso aproveitar disso agora. Você gostou? Não do susto, mas... Do beijo.

- Filho da mãe! - pensei. - Caramba! Valeu, hein. Não tenho pra onde correr mesmo, né?! É... Eu gostei, Murilo! Gostei, mas não deveria ter gostado. - enviei tremendo de nervoso.

- Não deveria? Mas por quê?

- Porque... Não sei explicar. Eu tenho medo, só isso. - mandei e soltei o celular com vergonha e medo da resposta dele.

Eu tenho sérios problemas. Sim, seríssimos. Mas não adianta, eu não consigo agir de outra maneira. A essa altura do campeonato, demonstrar que gosta de mim é necessário mas não é o bastante. Eu preciso de alguém que me passe segurança, pois já cansei de ser decepcionada. Cansei de ser intensa e acabar quebrando a cara. Cansei de me jogar e acabar caindo por não ter quem me segurasse.
Abraçando os meus joelhos, senti vontade de chorar por tantos pensamentos me bombardeando. Senti meu celular vibrar e meu coração acelerou. Sabia que era a resposta de Murilo. Uma resposta enorme, por sinal

- Olha, Lu... Eu te conheço há pouco tempo, mas já pude perceber a armadura que veste. Eu sei que por dentro dessa carapaça existe uma menininha cheia de amor, porém, assustada com a falta dele aqui do lado de fora. Você deixa esse amor escapar pelos lugares que não há como esconder: seus olhos e sua boca. Eu vejo o amor através do seu olhar e transborda amor de seus lábios. Você é uma poesia maravilhosa que só os leitores mais detalhistas conseguem ler. E eu reparo em ti de uma maneira que você nem imagina. Luna, eu não quero te machucar e respeito seu medo. Mas, olha... Não se feche, por favor! E nem mude comigo. Eu te respeito acima de tudo. Não quero mostrar minha real intenção contigo através de palavras, mas sim, atitudes.

Uau! Paralisei. Meus olhos embaçaram, senti que choraria, mas me mantive firme. Murilo é mesmo um cara incrível e isso me conquistava dia após dia. Não sentia frio na barriga ao pensar nisso, mas sim uma nevasca.

- Nossa! Nunca me disseram palavras tão bonitas. Murilo... Você é incrível e eu não quero que se perca na minha confusão. Quero te privar de viver essa loucura. Eu não sou segura. É estranho dizer isso, mas... É a verdade. Concordo com tudo que disse, eu realmente me escondo dentro de uma armadura e, não quero que se frustre por isso.

- Luna, entenda uma coisa: a minha maior frustração é temer que você se afaste de mim. Me promete que não vai se afastar.

- Eu prometo...

- Podemos sair amanhã? Só nós dois. Prefiro conversar sobre isso pessoalmente.

- Não sei se é uma boa ideia.

- Eu juro que não farei nada, Luna. Por favor!

- Tá bem... Mais cedo combinamos o horário então. Vou comer alguma coisa e escrever algo.

- Ok, Lu! Se cuida, viu?! Até mais!

- Até!

Peguei um pacote de biscoitos na cozinha (como sempre), me aconcheguei no meu cantinho e fiquei pensativa, olhando pro nada. Eu parecia estar em outro mundo, não estava mais em sã consciência. Quando minha mente começa a vagar dessa maneira, escrever é a única coisa que me faz firmar os pés no chão. Ou no céu, tanto faz. Peguei meu tablet e comecei.

Seu cheiro não sai do meu alcance, seu olhar não sai da minha mente. Viajo no seu beijo, me derreto com o seu sorriso. Quando menos espero me pego pensando no pouco que te vi e no muito que você me fez. Me perco nos seus encantos com medo de permanecer perdida, porém, louca para não ser achada. Me pergunto como algo tão bom pôde ter caido de pára quedas na minha vida. De maneira repentina você apareceu, e te agradeço; pois chegou de repente na hora certa. Parece que foi tudo planejado e que a parte de sofrer e me decepcionar foi apenas o começo do filme, e a parte boa, que é você, começou a entrar em cena agora para fazer com que o filme tome a forma real. O rumo real. Não sei se é apenas um sonho, mas se for... Não me acorde, por favor!

Depois que terminei, voltei para ler o que havia escrito e me surpreendi. O texto ficou maravilhoso, porém... Muito forte e suspeito. Tô falando do Murilo nele, então... Fiquei assustada. Bastante.

- Meu Deus do céu! O que é isso? Que texto é esse? Não fui eu, não pode ter sido. A coisa tá mais feia do que eu pensava... - pensei abrindo a boca e arregalando os olhos.

E sim, realmente está. Se eu quiser medir o nível de algo que tá acontecendo na minha vida, é só abrir a mente, a alma, o coração e deixar o interior cuspir palavras. Tá aí! Pelo texto que fiz, já dá pra saber a bagunça que tá aqui dentro. Quem vai arrumar isso? Eu acho que já perdi o controle da situação.

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⏰ Última atualização: Mar 16, 2016 ⏰

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