Paciência nível zero

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Izadora

Assim que vi aquele projeto de periguete na minha frente, não exitei em sair dali o mais rápido possível. É obvio que eu estava me roendo para saber quem era a tal Amanda. Mas não iria deixar meu orgulho lindo de lado, e ir lá saber quem era aquela ruiva intimidadora. Não me sinto intimidada, já passei por poucas e boas na vida, e essas me tornaram na mulher que sou hoje. Decidida e independente.

Por essas e outras que eu não quero me relacionar nem tão cedo. Relacionamentos não são fáceis, nunca foram e nunca serão. E esse pensamento meu nunca irá mudar, afinal, basta observar o casal com o qual você convive. Observe-os atentamente e verá, os conflitos em meio a risos, a troca de farpas disfarçada por baixo de um elogio, a magoa por trás de um carinho, um olhar. E sinceramente, isso me dói. 

A gente não controla o tempo, e devia valorizar o nosso tempo ao lado da pessoa que amamos. Digo isso, pois de vez em quando visito o hospital que a Ash trabalha, e vejo que o amor é a arma mais poderosa do mundo,  e também a mais mortífera. O que fazemos de ruim reverbera isso é verdade, mas quando estamos partindo, as pessoas que nos amam, lembram dos tempos bons, dos nossos atos honrosos. Por isso,  que acho que devemos dispor nosso tempo a fazer coisas úteis e estar do lado de quem amamos. Eu amo uma pessoa que hoje, já não esta mais comigo. 

Viu, pensar em relacionamentos me faz viajar demais. E isso não é legal, não nesse momento! Eu preciso manter meu foco. Tenho uma empresa para administrar e cuidar, e ela sim é meu relacionamento atual. É unicamente com ela que devo me comprometer. E ponto final.

Chego ao ponto de táxi e para a minha sorte, já tem um disponível. Entro e peço ao motorista que me leve a Regards. Não preciso explicar o caminho, todos sabem onde é. É um local bastante conhecido, tenho orgulho de estar lá. Não demora muito, estou em frente a empresa, desço, pago a corrida e sigo para o interior.

Assim que chego, cumprimento à todos. Manter um bom relacionamento com os funcionários era essencial e algo regulamentado na Regards, desde a época do Sr. Hunt. Esse foi um dos seus maiores ensinamentos, respeito e simpatia. E isso não só se aplica ao ambiente da empresa como também para a vida cotidiana. 

Enfim, ao chegar no meu andar, minha secretária me bombardeia de informações. Levanto a minha mão para ela e digo: - Calma, respira. Okay? - ela respira com dificuldade e logo responde. 

- Desculpe Senhora.

- Não precisa se desculpar. Vamos diga, agora com calma, o que está acontecendo.

- O Sr. Danvers ligou e pediu urgência para falar com a senhora. No entanto, informei que não estava no momento. 

- Tudo bem, não entendi esse desespero todo. É só eu retornar para ele.

- Não, Senhora, é que ele parecia bem alterado. E sabe que ele é um dos maiores sócios. O Sr. Hunt vivia dizendo para sempre passar as ligações dele.

- Não se preocupe. Vou retornar e descobrir o motivo de tanta impaciência.

- Ah Sra. Garcia gostaria de avisar que tem mais duas reuniões ainda hoje. Uma daqui uma hora.

- Okay. Organize os banlencetes e os relatórios semanais, por favor.

- Sim.

Finalmente pude entrar em minha sala e respirar. As vezes penso que essa vida é sufocante. Mas não troco isso por nada. Me preparo para ligar para Samuel Danvers. Ele acha que só porque esta na diretoria maior, é dono. E adora bancar o patrão, o dono do lugar. Mas sempre que posso, mostro para ele quem realmente esta no comando da empresa. 

Ligação Sr. Danvers

- Danvers. - diz ele de modo direto.

- Garcia na linha. - digo de modo firme.

- Ah, oi Izadora. - percebo que seu tom se suaviza. 

Homens!

- Olá, então o que tinha para me falar que era tão urgente?

- Ia te chamar para almoçar.

- O quê?

- Eu ia te convidar para almoçar comigo. Precisava falar com você, mas não queria que fosse na empresa. Porém, após a ligação falha. Vi você almoçando com o Bronw.  - diz com desdém.

- E daí? Era um almoço executivo.

- Não acho. Vocês pareciam bem íntimos.

Reviro os olhos, esse cara não se manca. Desde a época que eu trabalhava para o Sr. Hunt, ele me paquerava e me convidava para sair. Mas ou eu estava ocupada, ou simplesmente não queria sair em sua companhia. Não que ele fosse o ser mais asqueroso da face da Terra, mas ele era muito narcisista e mimado. Traduzindo, não faz meu tipo!

- Acho que você esta vendo coisa onde não têm

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- Acho que você esta vendo coisa onde não têm. Enfim, qual era o assunto tão importante?

- Era um outro convite que eu queria te fazer. Mas não dá para ser por telefone. Podemos nos encontrar amanhã às sete? - ele diz. Parece esperançoso.

Reviro meus olhos mais uma vez. Respiro fundo e respondo: - Vou ter que olhar na minha agenda...

- Iza, abre uma exceção para mim. Por favor. - e lá vem ele de intimidades. Cassete de homem insistente.

- Ta bom. Às sete e não se atrase, nos encontramos no bistrô de Pierre.

- Eu passo e te pego, pode ser?

- Não, prefiro ir de carro.

Ele suspira pesadamente. 

- Okay. Bom, Até lá.

- Até.

- Beijos.

Não respondi com beijos, na verdade, desliguei em seguida. Ah ele estava querendo intimidade demais. Detesto isso!

Volto minha atenção para a pauta das duas reuniões. Estou distraída, pesquisando sobre um novo autor que anda fazendo sucesso na rede social literária, quando Ellen me chama. Digo que já estou indo, só estou finalizando uma apresentação. Sigo para a sala de reuniões e passo lá a maior parte do meu dia. Além das duas reuniões que tive, que eram sobre contratos e lançamento de novos livros. Ainda promovi uma resenha crítica entre os revisores, do livro que eu estava pesquisando. Um livro sensacional por sinal. Se chamava Lena, de uma escritora fantástica. Uma leitura fluída e divertida.

Quando encerrei o expediente já passava das seis. Terminei o relatório das próximas reuniões e segui para a saída, liberando a Ellen.

Eu podia ter estado a maior parte do dia ocupada, e ocupando a minha mente. Mas em momento algum, deixei de pensar no Adam e em sua ruiva. Eu gostaria muito de saber o desenrolar desta história. Apesar de não termos nada, ele era um cara agradável. E um palhaço por sinal.

Pego meu carro e sigo para casa. Tudo o que eu mais quero agora, é tomar um banho relaxante, deitar na minha cama e cair em um sono profundo. Não quero pensar em mais nada. Não tenho paciência para mais nada. 

Porém, como nada pra mim é perfeito e acontece do jeito que eu quero.

- Não acredito que você veio aqui?


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E aí? Palpites?

Kisses :*

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