"Essa é a vida, cheia de imperfeições."

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Às vezes, eu olho pra ele e sinto um imenso orgulho, seu jeito forte de ser, de como encara a vida e suas dificuldades. Claro que isso tudo foi resultado dos bons conselhos que sua mãe lhe deu. Liam nunca deixou de escutar e aplicar o que sua mãe lhe dizia o que seria bom pra ele.

Ontem a noite, por volta das 19hs,eu estava com uns amigos meus, dentre eles o Luck, o menino mais odiável e metido que o Liam já conheceu. Por causa disso,Liam me aconselhou que eu não falasse nem oi, nem olhasse na cara dele! Nem sei se "aconselhou" seria o termo correto, para ser mais exata, ele me proibiu.

Enfim, minha melhor amiga,Maria, sugeriu a todos a comer no McDonald's, mas,como sempre, eu só como no Burger King, e sempre vou comer lá até o fim dos sistemas de fast food! A fila do Burger King nem sempre é tão grande como a do McDonald's, então dentre de poucos minutos,eu já estava sendo atendida, pedi um combo BK Chedar, paguei usando meu cartão de débito. Sentei-me onde estava a Julia, Rebeca, Edu, Jorge e o Johnny. A Maria e o Luck estavam lá ainda na fila, conversando e se entrosando, eu não fiquei nem olhando se não Liam já ia me ligar e falar que estava sentindo que eu estava olhando pra o Luck. Então a Maria e o Luck chegaram, sentamos em uma mesa redonda bem no meio da praça de alimentação do shopping, e que cabiam exatamente oito pessoas. Foi ótimo, sempre me divirto com as piadas do Jorge, nem que seja o mais idiota possível, ele dá conta de nos fazer rir. Eu e a Maria até sugerimos pra ele fazer algo que envolva humor, já que o menino tem talento. Mas ele prefere fazer algo que envolva mais matemática, como Engenharia. Lá estava a Julia com o celular dela, eu não suporto quando estamos em amigos ou em uma reunião descontraída e tem que ter alguém mexendo nessa droga de celular.

Sempre coloco meu iPhone no silencioso, tenho uma regra que é: "Nada de celular na mesa ou com os amigos." Isso nos distrai e acabamos nos fechando e ficamos presos naquilo. Além de ser falta de ética na mesa.

Todos já tinham comido e ficamos conversando sobre todos os tipos de assunto que se possa imaginar. Já estava ficando tarde e então eu me despedi de todos na mesa, fui a primeira a ir embora. Já peguei o primeiro táxi que vi na frente, enquanto isso eu fui checar se tinha algum recado pra mim, tinha uma mensagem de voz do Liam:

"Oi minha princesa, bom não sei onde você está... a Maria tinha me falado que vocês iam sair com um pessoal e não me falou nem quem ia e nem qual lugar. Então, se quiser dar uma passada aqui em casa. Não se preocupe com o horário. Meu pai está com minha mãe no hospital. Bom, é isso. Beijos. Estou te esperando."

Pedi para o taxista mudar de rumo e decidi ir à casa de Liam, eu senti a falta dele e então ia passar só pra dar um beijinho. Chegando lá, eu já subi, olhei no espelho do elevador pra dar uma ajeitada, e chegando ao décimo quinto andar, apertei a campainha e ele abriu a porta com um sorriso de orelha a orelha, dei um abraço e senti aquele cheiro que me deixava em segurança.

Sentamos no sofá e ele começou a perguntar sobre a noite, eu falei que fomos ao shopping e tal. Ele perguntou quem estava eu disse que a Maria, o Johnny, o Edu, o Jorge, a Rebeca... E me lembrei do Luck e então dei uma gaguejada e disse que só. E ele me olhou com a cara de que tinha mais alguém.

- E o Luck! – Disse sem saber do que poderia vir pela frente, com certeza nada de mais, afinal, eu nem se quer olhei pra ele.

-Poxa Sarah! Você tinha que andar com esse cara? Sabe que eu não gosto dele e fica aí saindo com ele. -Ele disse num tom de voz mais forte, com que já ia ficar mais bravo.

- Não foi só com ele Liam, tinha mais pessoas! E, além disso, eu nem olhei pra cara dele. - Tentei explicar com calma.

- Mas ele estava presente, certo? Sarah esse cara é encrenca, teve sorte de vocês não estarem numa delegacia. - A ironia soava tão forte que eu que comecei a ficar brava.

- Olha Liam, não aconteceu nada! Você que está querendo arrumar briga sem motivos, de verdade. Então fica quieto. Só por que você não gosta dele, não pode me obrigar a fazer o mesmo! - A raiva estava subindo, mas não por causa de ele estar reclamando, é por ele estar começando uma briga desnecessária.

- Então, agora você vai querer a amizade dele?

- Eu não disse isso... - E aí o telefone dele tocou, ele viu que era o seu pai e atendeu imediatamente. Fiquei preocupada por que a expressão de Liam estava ficando cada vez pior, até que ele começou a gritar e lágrimas começaram a cair. Eu perguntava o que estava acontecendo, mas ele me ignorava. Como vi que o clima estava péssimo, decidi ir embora. Sei bem que ele não queria continuar aquela desnecessária discussão. Até que estava abrindo a porta e dentre os choros e soluços:

- Mamãe não aguentou... E acabou indo... – Eu me desabei. Não sabia o que falar, não sabia como agir. Ele estava de cabeça baixa, chorando tanto que eu nem sabia de onde tinha vindo tantas lágrimas. A única coisa que consegui fazer foi lhe dar um abraço e acariciar por trás da nuca dele e ficar dizendo repetidamente:

- Ô meu amor, tudo vai se ajeitar. Eu estou aqui, eu prometo. Vai ficar tudo bem.

- Você estará aqui? –Ele me envolveu com choros e soluços.

Só balancei a cabeça em afirmação. Agora éramos só eu e ele, juntos sem nenhum adulto para nos guiar. Porque agora os adultos eramos nós mesmos. Depois de um silêncio e ainda no abraço, eu disse num sussurro que quase não dava pra ouvir, mas pelo silêncio, foi audível:

- Sempre.

Consequências Do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora