Capitulo três ❤️

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Último sábado de dezembro. Enterro da mãe de Liam, a Senhorita Lene. O dia estava chuvoso, os parentes reunidos no "Cemitério Descanse Em Paz", e Liam estava sentado num canto distante de todos, chorando não tanto quanto o dia anterior, já estava começando a aceitar a maior perda de sua vida, agora os choros já não significavam nada em comparação da sua dor agonizante no peito. Parecia que tinham enfiado uma faca e tirado tão devagar que fazia cada segundo se tornar em um tormento. Não sabia o que seria da sua vida em diante; antes parece que sua própria mãe o dava força para continuar, e agora ele não teria mais essa força. Por sua sorte, a escola já estava terminada, teria, agora, que arranjar emprego, sustentar a casa, cuidar do seu pai que estava entrando em profunda depressão há algum tempo porque, afinal, como seguiria a vida sem seu grande amor? Tudo isso se tornou em algo tão devasto de confusão e desespero, teria um apoio de seus familiares, porém não seria para sempre. Uma hora ele teria que crescer e essa hora era agora.

Com tudo isso em mente, o fez desligar-se um pouco da vida ao seu redor, foi quando Sarah o chamou pela terceira vez a uns metros de distância.

Ela decidiu se aproximar para saber como ele estava, sentou ao seu lado, segurou sua mão e ficaram olhando para a paisagem das montanhas e do verde a sua frente. Principiou-se um silêncio, a brisa, o sentimento de vazio e de dor, cada um com seu pensamento guardado para si. Até que então, Sarah se abriu:

-Eu sei que ela era sua força pra viver e sempre será, mas isso não quer dizer que você estará sozinho. Somos um só, eu te ajudarei a cada caída. Vou sempre te dar a mão para você se segurar. É agora que eu quero ver o meu Liam mostrar a força interior que sua mãe sempre o ensinou a ter. Você tem que ter fé de que vai conseguir superar tudo isso. Não estou pedindo para que você fique bem do dia pra noite, estou pedindo para que a cada dia você consiga ver um motivo para continuar seguindo. E eu vou ajuda-lo a enxergar esses motivos.

Sarah nunca tinha dito algo tão sincero e de coração quanto aquilo, ela não esperava uma resposta dele, só queria dar esperança. Se ele se sentisse bem, ela se sentiria bem; se ele estivesse destruído, ela também se sentiria destruída. Ela se levantou, pegando a mão de Liam, sugeriu para que eles fossem embora porque já tinham ficado tempo suficiente. Perguntou se ele gostaria de dar a última despedida a sua mãe, ele balançou a cabeça em afirmativa. Os dois foram caminhando, em silêncio, até a casinha onde ocorrem os funerais. Ela parou na porta junto a algumas pessoas um pouco desconhecidas. Todos se afastaram quando o viu chegar perto de sua mãe, ele parou ao lado dela olhando-a e acariciando seu rosto, uma lágrima caiu em cima do forro que cobria a bochecha pálida de Lene, ele beijou a sua testa e disse:

- Até algum dia, minha Guerreira.

Todos começaram a chorar mais. Ninguém segurou as lágrimas. Até mesmo Sarah começou a chorar, Liam foi caminhando de cabeça baixa até Sarah e segurou a mão dela e foi caminhando até o táxi que estava os esperando. Eles entraram no carro e Sarah disse o destino: a casa de Liam que agora não era mais a casa de seus pais, já que o Senhor Marcos não queria cuidar de mais nada, só ficar no seu apartamento em Londres, sozinho.

Chegando ao décimo quinto andar, Sarah abriu a porta com a chave de Liam e os dois entraram, sentaram-se nas cadeiras altas do balcão e ficaram lá em silêncio. Sarah respeitava o longo silêncio de Liam, mas não sabia se ele queria que ela fizesse algo por ele. Então, às vezes, perguntava se ele gostaria de beber uma água ou comer alguma coisa, mas ele sempre balançava a cabeça em negativa. Era quase uma da manhã, Sarah perguntou se ele ficaria bem e ele não respondeu, ela perguntou se ele gostaria que ela ficasse e ele disse balançando a cabeça que não, ela respeitou e com uma ponta de raiva porque gostaria de ficar com ele, mas mesmo assim foi embora. Liam, então, abriu as portas do barzinho que seu pai tinha logo do lado da cozinha e pegou todas as bebidas que viu na frente, um copo e foi misturando tudo. Às vezes, bebia no copo ou então bebia direto da garrafa mesmo,e cansado de ficar ali, foi pro seu quarto com as garrafas de bebida. Lembrou-se de que tinha uns maços de cigarros que tinha tomado do seu amigo porque não suportava o cheiro. O que ele tinha mais repugnância virou a sua única saída, assim foi se lavando a madrugada. Sarah decidiu dar um tempo pra Liam, então ela ficou dois dias ausentes. Não sabia o que fazer, também estava confusa. Seus pais a aconselharam dar um tempo para ele, até ter cabeça para se relacionar com outras pessoas, e assim se fez.

Os dois dias ausentes de Sarah se tornaram uma semana. Durante essa semana, ela ligava, mandava mensagens de texto e nada de Liam responder. Ela, preocupadíssima, deixou um bilhete para seus pais dizendo que iria ver Liam, porque não estava mais suportando não vê-lo. Sarah pegou um táxi, chegando na porta do prédio onde Liam morava, olhou pra cima, respirou fundo e disse ao porteiro que já a conhecia:

- Bom dia senhor Frederico, Liam está?

O porteiro a olhou com um olhar vazio e disse:

- Bom dia, Sarah ele não sai de lá há uma semana. a última pessoa que eu vi sair de lá foi você.

Sarah arregalou os olhos, coisas ruins passavam em sua mente, pegou o elevador e torcia para que nada tivesse acontecido com Liam. Até que ela abriu a porta devagar, aquilo já era estranho, Liam sempre trancava a porta. Fechou bem devagar, e foi andando em silêncio, a casa estava no mesmo estado que ela saira dali. Chegou na porta de Liam e foi correndo até a beirada da cama se ajoelhando, tirando o seu rosto do travesseiro. Sarah nunca tinha visto Liam naquele estado, não sabia o que fazer, ele estava muito bêbado e com um cheiro de álcool, cigarro e vômito. Ela o abraçou e disse:

- Por que você não me chamou meu amor?

Liam se levantou tonto, afastando um pouco e logo caiu nos braços de Sarah dizendo entre o choro:

- Me desculpa? Eu não sabia o que estava fazendo, essa dor não sai daqui de dentro, Sarah, me desculpa mesmo, não vai embora, eu...

Sarah o interrompeu o consolando:

- Tá tudo bem Li, eu não vou te abandonar. Vamos passar por isso juntos.

Então Liam continuou soluçando:

- Eu... Preciso de você.

Uma lágrima escorreu no rosto aveludado de Sarah que disse com o maior amor que jamais tinha sentido por Liam:

- Eu sempre estarei aqui...

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