Capitulo cinco ❤️

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Eu vi aquele pequeno ser, olhando para mim e eu senti um ódio imenso ela tinha transformado minha vida, meus planos, tudo. Quando vi já estava segurando seus pequenos braços com minhas mãos e apertando, tudo começou a passar na minha mente, se ela não tivesse aparecido, estaria tudo perfeito, mas ela teve que aparecer. Aquele choro, desesperador choro, me enfunava mais de ódio e a vontade de acordar daquele sonho ruim com aquela criança era maior do que  a minha própria força. A pele que era branca começou a ficar vermelha, minhas mãos foram para aquele pequeno pescoço, o choro cada vez mais profundo. Ele parou quando Liam o tomou das minhas mãos. Eu olhei pra ele, não entendia nada, tudo na minha cabeça ficou muito confuso, eu apenas ouvia o choro do bebê e os gritos de Liam para mim.

Quatro meses atrás, eu fiquei grávida da Carolyne. Foi um caos quando meus pais descobriram que sua filha de 20 anos,solteira,estava grávida de um namorado que também não sabia nada da vida. Foi numa noite de aniversário de namoro, Liam preparou tudo, tivemos uma noite linda. Até que nos dias seguintes eu comecei a passar muito mal mesmo, sabia que aquilo não era normal, fomos ao médico. Ee pediu alguns exames, e, depois de uns dias, descobrimos que eu estava grávida. Não sabia quem estava mais assustado, eu ou Liam. Chorei muito, não sabia como contar aos meus pais, não sabia o que fazer com meu emprego, sei que o único sentimento que cresceu em mim foi que essa criança só estava começando a atrapalhar minha vida.

Liam e eu conversamos muito, ele me disse que assumiria a criança e achou maravilhoso ser pai, teria as dificuldades, mas ele estava amando, ao contrario de mim. Decidi contar aos meus pais uns dias depois, eles ficaram assustados, claro, gritaram, brigaram e me chamaram de todos os piores nomes possíveis. Como que uma criança poderia tornar minha vida em um inferno em apenas uma semana?

Estava com cinco meses, meu ultrassom estava marcado, Liam e eu fomos ver o sexo do bebê, descobrimos que era uma menina. nesse dia eu estava me sentindo péssima, Liam voltou ao trabalho, já que estava no horário de almoço e eu fique parada em frente o consultório, sem saber o que fazer, chorando, trêmula e com um ódio imenso. Pessoas paravam e perguntavam se estava tudo bem, eu dizia que sim e dava uma desculpa. Naquele momento, eu olhei pra frente, com um ódio de mim mesma, me veio um desejo de descontar isso tudo em mim mesma, afinal, eu me permiti ficar grávida. Minha cabeça foi ficando cada vez mais pequena e eu só ouvia frases repetitivas que diziam: "Isso é culpa sua".  Aproveitei que estava no centro da cidade, comprei uma lâmina de barbear. Chegando em casa, corri pro banheiro, olhei no espelho, com a lamina na mão, passei no meu pulso esquerdo, era como uma dose de adrenalina, senti um imenso alívio. Vi que aquilo me fazi, eliminava a dor; quando abri os olhos, o sangue escorria dos pulsos para a louça branca da pia. Fui fazendo mais e mais, chorava de dor, alívio. Sentia-me enjoada e então vomitava.

Aquela tarde foi umas das mais aliviantes que eu tive. Liam chegou e me encontrou deitada no chão do banheiro. Me pegou no colo, aos prantos, me perguntava o que estava acontecendo comigo. Eu estava fraca demais para explicar, não conseguia fazer nada a não ser chorar. Depois de ele se acalmar, pacientemente, ele disse:

- Sarah. Amor, olha pra mim.

Olhei com uma vergonha imensa do que tinha feito. Então continuou:

- Você precisa me explicar o que esta acontecendo com você. Você precisa de ajuda, sabe que pode contar comigo! Por que não pede ajuda de outra forma? Os cortes podem aliviar, mas ajudar é que eles não vão. Quer me falar o que é?

Eu, soluçando, respirei fundo e disse baixinho naquele quarto silencioso:

- É o bebê.

Nesse instante, o celular de Liam tocou, era um vizinho que morava perto do pai de Liam. Disse que o senhor Marcos estava passando muito mal e que tinha visto ele no bar perto da casa dele, e que Marcos precisava urgentemente de cuidados médicos. Nisso Liam saiu e disse o que estava acontecendo e deixou nossa conversa pra depois.

Os meses foram passando e nada dessa tal conversa, eu continuei com os cortes. meus pulsos foram ficando cada vez mais cheios de cicatrizes, eu torturava cada vez mais minha barriga, ofendia o bebê quando me fazia sentir dor. Não estava nem ligando pra essa criança, ela tinha me causado muito mal.

Na noite de sexta, eu senti dores muito fortes. Parecia que algo estava pressionando minha parte íntima, vinha mais e mais, sempre forte, até que eu comecei a gritar de tanta dor. Liam disse que o bebê ia nascer, eu não queria saber, só queria que tirassem logo aquele desespero de mim, não suportava mais ter aquela barriga imensa e com todos sorrindo só porque era uma grávida. Liam me levou para o  hospital. Tive muitas complicações. tentaram cesariana e não era possível, foram doze horas de trabalho de parto, quando a trouxeram pra mim, eu virei meu rosto para o lado. não queria ver aquele ser que tinha me feito sofrer, Liam estava do meu lado e fez questão de pegar a menina e chamá-la de Carolyne. Ótimo, já não bastasse me fazer sofrer, agora vem e põe o nome da criança de "Carolyne". Mas eu não me importei, sei que quando estava me recuperando, não tive capacidade de alimentar o ser porque meus seios empredraram e não saía leite. Achei bom aquilo, mas preferi guardar só pra mim. E quando aquela criança chorava, viam trazê-la pra mim e diziam pra eu acalma-la. Eu pegava por obrigação, e a filha da mãe parava de chorar, deve ser algum tipo de telepatia materna.

Os dias foram se passando, Carolyne já estava com quatro meses de vida, Liam que cuidava dela. De uma forma, ele me entendia. minha psicóloga dizia que eu estava com depressão pós-parto, isso explica a minha tristeza imensa e com isso veio as psicoses, sentia um ódio imenso daquela criança. Liam dava mais atenção pra ela do que pra mim, só passava na minha mente se ela não existisse, o quão eu seria feliz.

Aquele choro, desesperador choro, me enfunava mais de ódio e a vontade de não ter tidoaquele bebê era maior do que  a minha própria força. A pele que era branca começou a ficar vermelha, minhas mãos foram para aquele pequeno pescoço, sorri ao ver o sofrimento do ser, o choro cada vez mais profundo. Ele parou quando Liam o tomou das minhas mãos, Liam segurando ao bebê gritou:

- Sarah! O que você pensa que esta fazendo?

- A culpa é dela, ela acabou com minha vida! – Disse no meio dos choros.

- Sarah, para de pensar assim. Você está doente, esses pensamentos não são normais. Você não está vendo que você não é mais a mesma? A Sarah de dois anos atrás não diria essas palavras que você diz frequentemente.

- Mas esse ser teve que aparecer!

- Ser?! Filha, sua filha Sarah. Não vê o quanto ela precisa de você? Você já causou muito sofrimento à ela e à você mesma. Sabe o que eu acho? Você precisa se internar.

Eu, então, olhei nos olhos dele, nunca o tinha visto daquele jeito. Olhei pra criança que estava com uma cara de assustada. Peguei uma mala, coloquei umas roupas, achei junto um cartão de uma clínica que minha psicóloga tinha me sugerido. peguei o cartão, guardei o endereço e dei na mão de Liam e disse:

- Eu vou estar lá.

Consequências Do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora