Céus, o que estou fazendo aqui? Onde estava com a cabeça quando fui acreditar nas falácias de meus amigos? "Nós vamos nos divertir!", disseram-me. Agora vejo que com "nós" referiam-se somente a eles mesmos. Achei que teríamos um bom tempo juntos... Como pude ter sido tão estúpido?
Daqui os entrevejo na baixaria com meninas desconhecidas, não fazendo mais a mínima ideia de minha presença. Me sinto só e fora do meu lugar aqui, sentado em um banco na parte mais decente que pude encontrar deste salão. Vejo, nesse espaço, adolescentes dançando com alegria, outros dando beijos, trocando olhares e papeando. Confesso que esperava ver minha Jolene aqui. Eu sempre espero vê-la em todos os lugares onde vou. Na padaria, no ponto de ônibus e até mesmo pedalando a bicicleta nos fins de tarde. Sempre espero esbarrar com ela, mesmo quando não é possível. E nós poderíamos estar papeando agora, ou apenas trocando olhares, como de costume. Ela certamente seria a melhor coisa que me poderia acontecer aqui nessa balada do coração partido.
Eu estaria muito melhor dormindo, viajando em sonhos de papel. Ou sentado no escuro, perdido em pensamentos. Poderia agora arriscar ligar pra ela, dizer que ainda sou dela, mas minha insegurança só me permite observar e esperar que as efêmeras horas dessa noite me levem de volta pra casa.
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Viagem à Imensidão da Mente
PuisiDevaneios particulares de uma mente sem vivências.