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No meio da magrugada seguinte, Liam e Harry acordaram quase que ao mesmo tempo e, tentando recordar a memória. Os dois estavam deitados no peito dos dois garotos que conheceram na noite passada.

Harry levantou com dificuldade, tirando a areia da sua roupa e do seu cabelo e tentando não acordar Louis, com medo que ele estivesse levado a sério a noite anterior. Por mais que ele tivesse sido seu devaneio da última noite do ano, aquilo não passara de uma noite. Era o que ele preferia pensar.

Os dois garotos deram uma última olhada nos garotos que dormiam profundamente na areia e seguiram um caminho rápido para o hotel onde estavam hospedados. O vôo de volta para Londres era logo de manhã, então, se pouparam de dormir para tomarem analgésicos e um banho bem gelado. Havia areia em quase todas as partes do corpo deles, e quando digo todas as partes, era literalmente falando.

O caminho foi rápido do hotel para o aeroporto. Harry estava apoiado no balcão, fazendo o check in do seu vôo, ao lado de Liam. Havia algo errado com Liam, e com o próprio Harry, mas ele estava preferindo não pensar naquilo no momento, para evitar a enxaqueca - ou rezando para não ter uma - mas, seu coração não parava quieto. A todo o instante ele se lembrava do beijo, lembrava-se das quatro marcas, lembrava-se da sensação, e novamente suspirava, e parecia que com Liam, não estava diferente.

- Eu sinto um enorme peso na minhas costas. - Liam falou finalmente, fazendo um bico, e apoiando a cabeça nas mãos. - Eu nunca imaginei fazer isso na face da terra e de repente... - Ele soltou um suspiro, Harry o encarou. Sentia a mesma coisa.

- Se isso serve de consolo, Zayn era lindo, maravilhoso! É difícil não ceder a alguém como ele. - Harry comentou, fazendo a mesma pose do amigo.

- E o peso? O que eu faço com o negão que eu to sentindo pendurado nas minhas costas? - Liam disparou, Harry soltou um riso, mas Liam não, ele realmente estava chateado consigo mesmo, e não era pra menos.

Harry se arrumou, e segurou uma das mãos de Liam.

- Liam, você ama o Scott, o Scott ama você, quanto menos ele souber, mais chance de você esquecer isso, entendeu? -Harry sentiu o amigo afrouxar as mãos, e depois respirar fundo. Não era assim, Harry sabia, mas estava dizendo aquilo em voz alta, talvez até para colocar em sua própria mente que seria mais fácil daquela forma.

- Eu não sei se o amo.

Aquilo foi o suficiente para ambos ficarem em silêncio, mas não em um silêncio incômodo. Era mais apreensivo. Harry absorveu aquilo, imaginando que Liam havia feito isso no momento em que falou em voz alta e admitiu. Se ele o amava, por que faria aquilo? Por que se entregaria pra outra pessoa, por que não pensaria nele antes de beijar aquele cara? Por quê?

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O caminho foi envolto de silêncio. Harry em um momento segurou as mãos de Liam, como se quisesse dar a resposta a ele sobre a declaração anterior. Um aperto compreensivo, porque sabia que era exatamente assim. Foi tão apaixonado por Josh, desde sempre, o quis de formas que ele não queria, por vezes. E, de repente, ele se apaixonou e Harry só agarrou a primeira oportunidade, mas no fim, sempre foi alertado por Niall, que era seu melhor amigo, que obsessão não era amor e ele tinha que saber o que sentia direito.

E agora sabia o que Niall quis dizer com "saber o que sentia direito'' .
Se ele não soubesse, iria acontecer exatamente o que aconteceu na noite anterior.

Assim que acordaram, doze horas depois, suas cabeças doíam como se tivessem levado uma pedrada dos dois lados dela. Seus corpos, suas mentes e seus corações doíam junto. Harry sentia enjoo e havia se arrependido de ter caído no sono.

Instintivamente, recebeu um óculos de Liam, seu óculos aviador, e começou a caminhar pelo aeroporto, a procura de John, seu lindo e maravilhoso pai, que odiava saber que Harry bebia, e o mataria se soubesse que ele estava de porre. John tinha regras expressas para isso, e a lei da Inglaterra também. Mas enfim, que mal tinha? Ele não estava na Inglaterra e sim em Cancun, então não era como se houvesse cometido um crime de estado. Só havia cometido o crime da família Styles, de "não beber antes dos 22''.

Tudo porque a sua avó - sim, sua avó - havia morrido de cirrose, e John morria de pavor de bebidas, de ressaca, de cirrose, e afins.

Sua mãe morava em Los Angeles, e o visitava quando podia, e era por isso que não haviam segredos entre ele e sua mãe, porque era uma chatice não poder compartilhar seus porres. Tirando Liam, mas Liam não se lembrava de metade da noite que ele tivera, então...

- Oi Garotos! - John abraçou Harry e Liam de lado ao mesmo tempo. - Senti falta dos meus bagunceiros!

- Sentimos sua falta também, pai - Harry recebeu um abraço do seu pai e Liam recebeu outro.

- Mas espera aí, tem algo errado com vocês, estão muito desanimados para duas semanas passadas em Cancun que vocês tanto imploraram... - John analisou os dois garotos de óculos escuros fitando cada um deles.

- Que nada pai, é cansaço da viagem.- Harry tentou disfarçar.

- É, tio John... - Liam disfarçou, rindo. - ARIBA, ABARRO, A CENTRO, A DENTRO! - Ele falou, e Harry acenou negativamente. Ok, disfarce não era com Liam. Ele tinha mesmo que fazer o hino da tequila mexicana na frente do seu pai?

- Ah, não... - John suspirou abanando a cabeça para o lado e voltou seu olhar nada amistoso novamente para os meninos colocando sua mão na cintura.

''Merda'' pensaram, John sempre colocava a mão na cintura quando já sabia a merda que tinham feito.

- Vamos, tirem esses óculos.

- Pai, por favor... - Harry começou.

- Agora Harry, eu não vou ter que arrancar de vocês, vou? - John falou num suspiro sério e autoritário. Aos poucos Harry levantou a mão lentamente até seus óculos escuros e tirou na mesma velocidade. Seus olhos inchados encararam os de John que o olhou num suspiro de decepção, o menino entregou os óculos na mão estendida de John e Liam seguiu o mesmo ato, também entregando os óculos.

- Eu não vou... - John suspirou pesado. - Dar sermão aqui, mas vão ver em casa - E então o homem pegou a mala dos dois garotos e saiu andando rapidamente para o carro. Os dois seguiram-no de cabeça baixa sem dizer uma palavra, sabiam que ouviriam muito quando chegassem.

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O caminho até em casa foi silêncioso, até de mais, o que seria contar como foi divertido as duas semanas em Cancun se transformou em um clima tenso de culpa por terem quebrado a confiança do pai e dos namorados.

Merda. No fim, tudo resultou em castigo de um mês, um sermão em como ''beber faz muito mal aos 19 anos" e que eram muito novos para fazer essas coisas, que precisavam se concentrar nos estudos e, blá,blá,blá. Não que eles não soubesse que isso era errado, errado era mesmo, mas, enfim.

Harry subiu correndo para o quarto, com a regra explícita de que Bertram não poderia lhe dar remédios: a ressaca teria que se curar sozinha e, por mais que ficasse insatisfeito com aquilo, a sua única opção foi deixar seu quarto o mais escuro possível, e se afundar nas cobertas, na culpa e no frio de Londres.

Sim, culpa porque Josh já havia ligado duas vezes pra ele, e por mais que houvesse trabalhado sua mente para que aquilo fosse extinto de sua mente, ele ainda se lembrava dos olhos azuis de Louis, e ele ainda não sabia como reagiria ao ver seu namorado. Porque aquilo não era da sua índole, ele nunca havia feito algo parecido. Harry era explicitamente certo nesses sentidos, ele gostava de festejar sim, e de curtir, mas nunca de trair alguém, nunca na sua vida, e então, de repente...

A campainha tocou às seis da tarde da sexta feira, a última sexta feira de férias, sem terem aproveitado nada. Harry não dava notícias havia quase um mês.

- Mr. Josh!

- Ei, Bertram - Sorriu. - O Harry está?

Fate or chance || Larry Stylinson.Where stories live. Discover now