Duan ainda estava impressionado com o desaparecimento da mancha. Snow sentou-se novamente e voltou seus olhos cinzas para o menino, que lhe sorriu. A menina sentiu um arrepio lhe percorrer as costas, mas se conteve. Os dois terminaram de comer e a menina olhou para Duan, os olhinhos pidões:
— O que foi? – Ele riu da cara da menina.
Snowglobe sentia um calor estranho dentro de si. Não era físico, era psicológico. Era bom, mas aquilo fazia mal para seu coração gelado:
— Se importa se eu mastigar um pouco desse gelo? – Perguntou, tímida.
Duan caiu na risada:
— É claro que não. Afinal, quem não ama comer gelo?
Snow sorriu, apanhando algumas pedrinhas do balde na mesa e colocando as mesmas na boca. O gelo quebrava dentro da boca da menina, fazendo um barulhinho agradável:
— Você parece uma princesa do gelo. – Duan elogiou, perdendo-se no brilho dos longos cabelos azuis da menina.
Snow sentiu uma pontada no coração. Sentia falta de casa:
— Obrigada pelo elogio, Duan. Me sinto lisonjeada. – A menina sorriu, sincera.
— Hey, o que acha de darmos uma passada na praia? Tipo, pela calçada ali perto.
Snow sentiu o ar falhar por um instante:
— Eu adoraria. – A menina relevou.Ambos andavam pelas ruas iluminadas da cidade. Duan olhava para a mão de Snowglobe, a tentação de pegar na mesma era quase incontrolável. Ela voltou seus olhos para o menino e sorriu, tímida:
— Se importa de sentar na areia? – Ele perguntou, apontando.
— Claro que não. – Ela se sentou e o menino encostou-se na palmeira, olhando o quebrar de ondas.
Snow olhava o mar com uma admiração, com um brilho nos olhos indescritível:
— Desde que somos dupla naquele trabalho, noto que você tem um grande carinho pelo mar. Como se ele fizesse parte de você. – Duan concluiu.
— O mar é fascinante, Duan. Me faz lembrar dos meus pais, minhas irmãs... – Ela se encolheu.
— Venha cá. – Ele a abraçou e ela se aninhou no peito do menino.
— Ela costumava cantar pra mim. – Os cabelos da menina balançavam com a leve brisa.
— Então cante, cante pra mim. Talvez você se sinta melhor.
Snow engoliu em seco. Sua voz era fatal. Como ela queria... Como ela queria apagar a Snow maldosa e fria do passado, ter devolvido todas as vidas que tirara. Agarrou a camisa do menino, segurando as lágrimas, mas duas traiçoeiras escorreram pelo seu rosto:
— Snow... – O menino levantou o queixo da menina, beijando a testa da mesma. – Eu estou aqui. Ninguém vai te machucar. Eu não vou permitir.
— Obrigada, Duan. – Ela abraçou o menino.
E então a menina lhe acarinhou o rosto, totalmente perdida no azul dos olhos do menino. Então Duan lembrou. Snow lembrava a pequena sereia que lhe salvara do naufrágio. Por um momento, a cena pareceu se repetir. Aquele momento foi suficiente para que o menino se lembrasse da sereia timidamente. E ela tinha os olhos de Snow.
E Snowglobe estava se entregando ao amor, sem nem mesmo saber.
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Cold
FantasyO que acontece quando um humano e uma sereia se apaixonam? Será possível o coração de uma princesa do gelo, frio como ela, esquentar? Quantos segredos Snowglobe White é capaz de guardar? - Concluída em 26/12/16 ❣ - Em revisão! - Livro II: Maia (já d...