Cold

Broken Dreams.

Certas coisas não precisam ser ditas, apenas sentidas.

Snowglobe e Duan escutavam o doce som do quebrar de ondas e sentiam-se relaxados. O vento batia nos cabelos dos jovens, fazendo-os dançar no ar. Não, não havia mais nada a ser dito ali. O amor que um sentia pelo outro era certo. Duan abriu seus olhos e os redirecionou para o mar, receoso. Snow observava a íris azul do menino e a comparava com o azul do mar. O menino olhou para seus olhinhos cinzas e lhe lançou um meio-sorriso.

Snowglobe's P.O.V Mode = ON
Eis mais uma das infinitas vantagens de ser uma sereia: saber identificar emoções até mesmo de longe e por mais que imprevisível que a pessoa seja. Duan estava nervoso, mas o motivo ainda era desconhecido para mim. Estreitei meus olhos e esperei por alguma reação:
— Duan, por que não caminhamos um pouco? Vamos molhar nossos pés na água. – Sorri, dócil.
Se eu ia molhar? Não, claro que não. Ficaria apenas perto, dando uma desculpa qualquer para não molhar meus pés. E mais uma vantagem entra em jogo: o olhar marcante de uma sereia. Ele acreditaria em minhas palavras.
— Tudo bem. – Duan sorriu, doce, e se levantou.
Peguei em sua mão, deixando-me levar por sua pele quente. Bem diferente da minha, que era bem fria. E, naquela noite, havia dispensado as luvas, já que estava de noite. Deixei a brisa bater em meus cabelos e sorri, fechando meus olhos. Duan correu para o mar, esperando que fosse atrás, mas disse que ficaria um pouco antes. Por sorte, ele não me questionou. Ele se distanciou um pouco e voltei meus olhos para o céu estrelado.
Mas...

Maldita hora que ele se distanciou.

Por este pequeno "descuido", senti uma força me empurrar pelas costas, fazendo com que eu tombasse e fosse diretamente para o mar. Logo, senti os cristais de sal e meus poderes de gelo se fundirem, formando minha cauda de sereia. Meus cabelos voltaram a ser gigantescos e a ter o degrade e meus poderes se intensificaram, como já era de esperar. Ao ver minha cauda, brilhante, gelei. Seria cômico, se não fosse verdade. Senti meus músculos enrijecerem e eu conseguia escutar as batidas de meu coraçãozinho acelerado. Voltei minha expressão incrédula para saber de onde aquela maldita força aparecera.
Iris.
Mas aquilo não me abalou. O que me abalou foi a expressão de decepção de Duan, por eu nunca ter contado nada a ele, enquanto ele era um livro aberto para mim. Abaixei meu olhar, sem ter o que dizer.
Snowglove's P.O.V Mode = OFF

Duan conseguiu ver todos os flashes com a sereia passarem em sua mente como um raio, fazendo-o cambalear. A sereia era ela, o tempo todo. Enquanto ele contara seus maiores segredos, ela não contava o seu maior segredo:
— Por que mentiu pra mim? – Ele indagou. – Por que nunca explicou aquele seu vínculo com o mar? Eu já deveria ter suspeitado. Então este colar que você usa, – O menino apontou para o pescoço da menina. – fui eu quem te deeu. E isso, – Pegou a conchinha do bolso. – foi você.
— Duan, por favor, olhe o meu lado. Eu não podia contar. – Snow sentiu os olhos marejarem.
— Isso demonstra o quanto você confiava em mim, não é mesmo, White?
Iris sorria, vitoriosa.
— Duan... – A voz de Snow saíra falha.
— Quer saber? Foda-se. – Ele jogou uma caixinha de veludo na areia e saiu andando.
— Eu disse que você não ia sair limpa dessa história. Você pode até ser uma princesa, mas não aqui. – Iris debochou, saindo em seguida.

[Dica: coloque "Broken" – Evanescence para tocar <3]

Snowglobe sentiu os olhos marejarem. Logo, uma lágrima traiçoeira rolou pelo seu rosto pálido. Mais uma, e uma, até que começou a chorar compulsivamente. A tristeza a fez se descontrolar, congelando parte do que a cercava. Chorava compulsivamente. Levantou seus olhos vermelhos e inchados para a caixinha de veludo. A abriu, enxergando um pequeno objeto muito frágil. Um anel com um floquinho de neve todo feito de pedrinhas brilhantes em tom de branco e tons de azul. Céus, como machucava. E, dobrado, havia um papel:

"Parece que eu me lembrei do seu toque frio! Eu te amo. Obrigada por ser essa pessoa maravilhosa que você é. Xxx Duan"

Colocou os objetos de volta na caixinha e atirou-se no mar, aspirando o desejo de sumir e levando a caixinha consigo.