Capítulo 5 - Bitch's Hunting Season (Parte II)

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  Músicas do capítulo:
Little May - Hide 

Fractures - It's Alright

Ruelle - Bad Dream  


A represa Holloway era uma das construções mais antigas de Santa Kennedy, ela havia sido construída na década de 60 e desativada pouco antes de Elvis Presley começar a fazer sucesso. Com quatro andares, todos eles separados por plataformas e escadas de metal, a sala de máquinas por culpa da inutilização havia virado um lugar empoeirado e passara a cheirar mofo. As portas estavam com as pinturas descascadas, as janelas sujas e o chão cheio de folhas secas do outono passado e galhos retorcidos.

Erin não sabia como funcionava um lugar como aquele, mas tinha noção de que era ali no primeiro andar onde tudo era controlado. Havia uma espécie de painel com vários botões e alavancas enferrujadas bem em frente a uma janela grande que dava visão dos tanques de água e das duas barragens. A garota conhecia vagamente o lugar por saber que ali era onde toda a água do lago Waikidamo ia parar. Ela, porém, nem teve tempo de pensar nisso na hora antes de sentir uma mão em seu ombro e pular de susto.

Suas pernas tremiam e ela permaneceu imóvel, sentindo o coração martelar forte no peito. Queria bater em si mesma por tamanha idiotice de ter vindo naquele lugar sozinha. A ideia parecera brilhante na sua cabeça, mas agora, por um descuido, tudo viera por água a baixo e ela fora pega em flagrante. Sua mente tentava trabalhar rápido para arrumar uma desculpa para estar ali, invadindo uma cena do crime, quando por fim desistiu e ela virou-se, preparada para encontrar o pior.

— Puta merda, você quase me matou de susto! — exclamou com raiva, reconhecendo o garoto de cabelos negros, colocando a mão no peito a fim de se recuperar do sobressalto, apesar de querer estapeá-lo no rosto. — Você é um idiota, Hector!

— Isso você deixou bem claro quando gritou que queria terminar o namoro comigo e me atirou seu livro de biologia. — o rapaz disse com um sorriso debochado, mostrando suas covinhas e Erin olhou para ele indignada, repensando se o tapa na cara do rapaz não era a melhor opção.

— Foi você quem me traiu com Amy Stacy no acampamento de verão, eu tinha o direito de atirar até um carro em cima de você se quisesse! — ela reclamou irritada, cruzando os braços e revirando os olhos, vendo que o ex-namorado segurava uma lanterna e vestia um moletom vermelho com um capuz. — O que você está fazendo aqui além de tentar assassinar sua ex?

Hector a ignorou e passou a mão pelos cabelos, desarrumando-os.

— Meu pai é o delegado da polícia, boneca. Eu descobri que é aqui que acharam a garota. Os legistas provavelmente ainda não a moveram do lugar, devem ter umas cinco viaturas estacionadas aí na frente — ele justificou-se e sorriu naturalmente. — Eu vim tirar fotos.

Erin deixou o queixo cair.

— Fotos?

— Elas fazem sucesso na internet. — ele deu de ombros e caminhou em direção a uma das portas de madeira com um enorme aviso dizendo que a entrada era permitida apenas para funcionários.

— Então era isso o que você fazia quando não estávamos se beijando no seu sofá? — a garota perguntou ainda incrédula, vendo-o sacudir a maçaneta. — Invadia a delegacia do seu pai, achava um arquivo de homicídio ainda em aberto e ia até o local para tirar fotos da desgraça alheia? Amy Stacy de vez em quando vinha com você?

— Eu fiquei com Amy Stacy depois que você terminou comigo e já faz um ano. — Hector murmurou incomodado pelo ataque de ciúmes repentino e fez questão de trocar de assunto. — Meu pai não está me dando um dólar depois que ele descobriu que a festa de boas-vindas do ano passado foi ideia minha e do Kurt. Os detetives estão que nem loucos atrás dele e eu preciso de dinheiro para bancar as festas do time — ele disse, como se não fosse óbvio e suspirou, desistindo de tentar abrir a porta, dando-a um pontapé tão forte que a fez chacoalhar.

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