Capítulo 1

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Quando estou correndo, praticamente consigo sentir meu pai ao meu lado.

Ele se foi há seis anos, mas todas as vezes que amarro o cadarço, e a sola do meu tênis atinge o chão, é como se ele estivesse bem ali. Consigo senti-lo conversando comigo sobre a força que tenho dentro de mim e dizendo que serei uma atleta profissional quando crescer. Em parte, isso explica por que eu gosto tanto de correr

- explica por que estou correndo agora, me esforçando um pouco mais que o normal para ganhar esta corrida.

Esta não é uma corrida qualquer - é a final do campeonato nacional do acampamento de verão da USC. Todos os que venceram essa corrida nos últimos sete anos conseguiram uma bolsa de estudos integral na faculdade. Como a USC é a única faculdade que considerei frequentar, pretendo vencer esta competição.

E como o corredor mais próximo está a quase cinquenta metros atrás de mim,nem estou preocupada.

Já consigo ver a linha de chegada. Dúzias de pessoas aguardam - técnicos, treinadores da faculdade, gente do acampamento que competiu nas provas mais curtas, pais, amigos. Quando me aproximo, vejo Nola e Cesca - minhas duas melhores amigas - torcendo como loucas. Elas nunca deixam de ir às minhas corridas.

Estou me aproximando dos últimos vinte e cinco metros.

Vinte metros.

A vitória é certa. Diminuo um pouco meu ritmo, não exatamente desacelerando, mas relaxando o suficiente para deixar que meu corpo comece a se recuperar.

É quando vejo a minha mãe.

Ela está ao lado de Nola e Cesca, sorrindo como eu nunca a tinha visto sorrir -pelo menos não nos últimos seis anos.

Por que ela está aqui?

Não que minha mãe não costume assistir às minhas corridas, mas ela não deveria estar aqui desta vez. Ela deveria estar na Grécia, encontrando os parentes do meu pai em uma gigantesca reunião de família enquanto eu estava no acampamento. Acredite: escolher entre correr oito horas por dia e passar uma semana com o meu primo esquisito, Bemus, não era uma decisão difícil. Conhecê-lo uma vez foi o bastante.

Até consigo entender por que ela resolveu voltar para casa dois dias antes do planejado.

Então, de repente, cruzo a linha de chegada e todos estão ao meu redor, comemorando e me dando parabéns. Nola e Cesca abrem espaço na multidão e pulam para me dar um abraço.

-Você é uma superestrela - grita Cesca.

É tanto barulho que eu mal consigo ouvi-la.

- Tem alguma coisa que você não consiga fazer? - pergunta Nola. - Você

acabou de vencer as melhores do país.

- Você é a melhor do país! - completa Cesca.

Eu abro um sorriso. Uma menina poderia ter amigas melhores?

A corredora seguinte cruza a linha de chegada e algumas pessoas na multidão vão parabenizá-la. Agora que não tem tanta gente em volta, vejo o treinador Jack esperando para falar comigo. Como ele é a minha passagem para a USC, me desvencilho do nosso abraço coletivo.

- Oi, treinador - digo, com a respiração voltando ao normal.

- Parabéns, Phoebe - diz ele no seu tom grosseiro característico. - Nunca tinha visto alguém vencer com tanta determinação. Ou facilidade.

Ele balança a cabeça, como se não entendesse como eu tinha conseguido fazer aquilo.

- Obrigada.

AI, MEUS DEUSES! deTera Lynn Childs (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora