Capítulo 3 - Banho de Sangue

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Enquanto dirigia o seu carro, Rodrigo remontava o quebra-cabeças daquela investigação em sua mente. Isso havia virado rotina, e como de praxe, as peças principais estavam faltando, forçando-o a recomeçar o jogo. Dirigir sem pensar no trabalho era impossível para ele. Sempre quis estar à frente desse caso, e sua frustração só aumentava.

Parou o seu carro onde sua presença foi solicitada, numa ruela qualquer da cidade. Haviam carros da polícia por todos os lados e as pessoas se amontoavam ao redor da faixa de isolamento. Rodrigo adentrou o círculo de investigação e foi até um de seus subalternos.

— O que houve? — perguntou Rodrigo, pegando uma ficha que o outro segurava.

— O sujeito se chamava Mariano Santos. Era um de seus homens, senhor Murray? — quis saber o policial, guiando Rodrigo até o corpo do homem morto.

— Como sabem que era esse o seu nome? Recolheram documentação no corpo da vítima? — o polícia afirmou — Tiveram confirmação visual? — pergunta Rodrigo, mantendo a expressão fria até chegar onde o corpo da vítima estava.

— Creio que não seja possível senhor... — diz o policial atrás de Rodrigo. Ambos avistando um corpo amarrado na árvore. O rosto desfigurado tornava impossível de se saber quem foi aquele sujeito. Sua roupa estava rasgada, e notava-se vários cortes no corpo que deixavam o sangue escorrer. Ao redor do corpo, os peritos criminais coletavam amostras.

— Arfff — fez Rodrigo esvaziando os pulmões — Me avise quando a cena do crime estiver liberada. — falou para o policial e se afastou, caminhando de volta ao carro. Sentiu a tensão dominar-lhe o corpo, e quando foi pegar a maçaneta da porta do carro, viu que sua mão tremia. Sua audição redizia gradativamente. Num surto de adrenalina, ele saiu gritando de volta aonde os policiais estava. — Saiam daí, é uma armadilha! — os homens se entreolharam e uns ou outros caíram no chão. Os que estavam de pé puderam notar que o local onde o corpo tinha sido dependurado, ficava acima de um bueiro e que deste subia uma fumaça, da qual havia passado despercebido.

Numa tentativa desesperada de ajudar os amigos desacordados, os homens levaram panos ao rosto para evitar inalar o veneno. Uns preferiram agir com mais cautela e correram até seus carros para pegar o equipamento adequado.

— Saiam todos daqui! — gritou Rodrigo para a multidão de curiosos. Voltou sua atenção ao suposto corpo de Mariano Santos, dependurado na árvore. Por algum motivo acreditava que o corpo tremia volta e meia. Então sua mente pôs-se a pensar... Alguém que ousasse bolar um plano dessa façanha, não permitiria que houvessem falhas e que os policiais pudessem sair vivos... para esse ser um plano perfeito, teria de garantir que todos morressem... — Saiam! Afastem-se do corpo! — gritou um pouco antes de ver o corpo que estava dependurado na árvore, explodir junto com os policiais desacordados, causando uma nuvem de sangue que banhou Rodrigo.

Andy olhava seu álbum de fotos, buscando algum momento em família para compartilhar nas redes sociais, mas percebeu que aquela atividade era um martírio e que não encontraria nada ali.

— Filha, está atrasada! — ouviu sua mãe gritar da sala.

— Eu não vou... — disse entreabrindo a porta do quarto. Sua mãe pôs a mão na cintura com expressão séria.

— Ok Andy... temos que conversar!

— Não tem mais nada o que conversar, mãe, eu não vou e pronto! — falou saindo do quarto e caminhando até o sofá.

— Andy, não se abandona uma faculdade assim do nada! O que está acontecendo? — a garota passou pela mãe e sentou-se no sofá.

— Por que ultimamente está agindo assim, mãe? — Lucy não entendeu o que a filha quis dizer — Você nunca se importou comigo, nem você nem o papai. Não se preocupam e não tem tempo para mim, mas agora quer agir como uma família?! — desabafou Andy. Lucy ficou paralisada.

— Claro que me preocupo... — foi interrompida.

— Sabia que não temos fotos juntas? ... — disse Andy, emocionada — Estava procurando fotos em família para mostrar aos amigos, mas acabei descobrindo que não tenho fotos com minha mãe.... — limpou as lágrimas.

— Oh, filha... eu... — foi novamente interrompida.

— O que está havendo? — diz Andy curiosa com o noticiário, caminhando e aumentando o volume da televisão.

"...suspeitam que se trata de um atentado terrorista..." — dizia a repórter no noticiário. — "... Atenção, tire as crianças da sala... são cenas muito forte, realmente lamentável" — dizia o apresentador, enquanto na televisão se passava uma cena filmada de um helicóptero, que mostrava vários carros da polícia pintados de sangue, e na televisão, um letreiro improvisado piscava no canto inferior com o aviso - +18, cenas brutais. — "Pode confirmar pra mim o local, Vanessa? — pergunta o apresentado — "O atentado ocorreu na rua Kennedy, por volta das 15 horas" — Lucy ficou tremula ao ouvir isso e Andy percebeu.

— O que foi mãe?

— Andy, vai para casa da sua tia, eu preciso resolver umas coisas.

— Não, eu vou com você! — batendo o pé.

— Andy, eu estou mandando! — gritou Lucy.

A garota sabia que não adiantava insistir, quando sua mãe entrava no "personagem" da Lucy agente federal, não ouvia suas suplicas. Então limitou-se a descansar no sofá, enquanto sua mãe deixava a casa. 


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⏰ Última atualização: Jun 09, 2016 ⏰

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