Notas de Aliena (um conto de Jogos da Ascensão)

Diário, Sexta-Feira de manhã

Querido diário

Hoje vou para a casa da árvore com o Ricardo. Eu já disse que isso não vai dar certo e se eu perder meu emprego por causa dele, vou bater nele com um martelo.

A primeira coisa que fiz depois de falar com ele foi ligar pra Cass. Nem falei sobre ela ter ligado pra ele, o que foi bem estranho, mas contei sobre o fim de semana. Ela não está na cidade com o pai dela. Ele está fazendo um curso extra de culinária, ele é chefe aqui no palácio, então eles meio que moram aqui.

Fiquei chateada porque o Ricardo esqueceu que hoje é nosso aniversário. Tá, a casa da árvore só pra nós dois é legal e ela não é como as casas de árvores normais. Ela parece uma casa de verdade, só que um pouco menor. Tem móveis e tudo mais. Mas não é como se ele tivesse fazendo isso por nós. É tudo pra fugir da Viviane, aquela abusada que vive dando em cima dele.

Ainda não tive coragem de falar com a Cass sobre as coisas estarem ficando mais serias entre o Ricardo e eu. Eu queria esperar pelo menos até eu fazer quinze anos, mas tá ficando difícil.

O chato de não ter mãe é não ter com quem falar sobre essas coisas. Cresci num orfanato e por sorte consegui um trabalho aqui, por causa da senhora Souza que trabalha como uma das governantas do palácio. Ela sempre ajuda a gente lá do orfanato porque ela já viveu lá, antes de ser adotada.

Não tenho coragem de falar sobre isso com ela também não. Ela é legal e tudo mais, só que não dá pra falar com qualquer um sobre ir pra cama com um garoto. Ainda mais quando o garoto é o Ricardo.

Eu queria ver se pelo menos crio mais corpo até lá, porque eu sou uma negação perto da Cass. Ela 'etão bonita com o cabelo meio vermelho e ela com toda certeza tem mais peito que eu. E seu eu tirá o sutiã e ele perceber que não tem nada ali dentro???

Tudo bem, eu tenho um pouco, mas eu queria parecer mais como uma mulher, tipo a Cass.

Aff, ela pelo menos pode ligar pra mãe dela quando quiser. Eu nem tenho pra quem ligar.