0.2 - Misunderstood

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Tristan

[...]

— Tá, definitivamente você ganhou! Eu nunca xinguei uma professora, pelo menos não na cara dela — Bradley dizia rindo.

— Talvez. Aquela mulher era uma bruxa! Onde já se viu chamar um aluno de burro porque, na primeira aula dela, o ser não sabe resolver os exercicíos da matéria. Isso é loucura! E eu, como já amo uma confusão, tomei as dores do Dylan. Não me arrependo.

— Grande herói — Bradley deu palmadinhas no meu ombro. Nosso segundo contato físico naquela noite. O toque dele era bom, me fazia bem.

Estávamos conversando sobre coisas aleatórias, de tudo um pouco. Até que me deparei novamente com os olhos castanhos de Bradley, e então lembrei que, quando eu o vi pela primeira vez, o mesmo estava com os olhos inchados, como quem acaba de chorar.

— Brad — dei uma pausa. — Posso te fazer uma pergunta?

— Claro... Tris. Mas você vai ter que responder uma minha também, topa? - ele sorriu de lado mostrando as covinhas e em seguida arqueou a sobrancelha direita e piscou pra mim. Dei uma risada nasal.

Chantagista.

— Tudo bem — levei minhas mãos até meu cabelo, jogando os fios que estavam na minha testa para trás. — Então... — Espero que ele não me ache muito invasivo, sei lá — Quando te vi pela primeira vez, você estava chorando. Por quê?

A cara do menor congelou. Bradley começou a piscar rápido — estava nervoso, é claro. Me senti um pouco mal por tocar no assunto, mas agora não tem volta. A pergunta já foi feita.

Um silêncio caiu sobre nós. Toda a alegria e risadas que há um minuto atrás pairavam onde estávamos, agora já se foi. Ficamos uns 5 minutos em silêncio. Sem se olhar. Sem nos falar. Apenas o som do silêncio.

De repente, olhando pra cima, percebi, pela minha visão periférica, que Bradley estava me encarando.

Tenso.

— Desculpa o silêncio, eu só precisava pensar — Virei o rosto pra ele, olhando em seus olhos, tentando passar conforto e confiança, mas ele virou a cara. Não devia ter ficado à vontade com a situação. — Eu estava chorando porque eu gostava de uma pessoa, só que ela me decepcionou bastante. Chorar me ajuda a aliviar a dor — ele disse, esfregando as mãos nos olhos, querendo chorar novamente.

— O sentimento era recíproco? — questionei.

— Na verdade, não. Ele dizia que sim, mas era tudo uma farsa.

Ele?

Fiquei martelando aquilo por uns segundos na cabeça. Talvez — meio óbvio — o Bradley seja gay. Ou bi. Ou trans. As possibilidades são muitas.

— Nossa — levei meu braço direito até o ombro do menor, o enlaçando e, finalmente, completando o abraço — Que barra, hein!

— Nem me diga. Mas agora é sua vez de responder minha pergunta — o cacheado arqueou uma sobrancelha — Pronto?

Não.

— Sim.

Não mesmo.

— Você já sentiu algo diferente, mas bom, por alguém que acabou de conhecer?

Sim.

— Na verdade, não. Acho que as coisas demoram um pouco pra fluir e coisas rápidas não dão esse tempo necessário. Entende?

Do que você está falando, imbecil? Você tá querendo agarrar ele agora mesmo e tá aí querendo pagar de vivido.

Risk It All [tradley evanson] #EDITANDO #HiatusOnde histórias criam vida. Descubra agora