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- Mariana, seja mais rápida, por favor. Eu também quero usar o banheiro!

A garota estava no cômodo à cerca de vinte minutos. Se olhava várias vezes pelo espelho, corrigindo qualquer coisa que achasse estar errado em seu visual do dia. Escuta a amiga, e companheira de quarto, reclamar pela demora, mas ignorava durante instantes, até desistir dos fios de cabelos que insistiam em permanecer arrepiados, deixando o cubículo que chamavam de banheiro há mais ou menos dois anos.

- Tinha morrido ai dentro, ou o que?

- Perdão, estava me arrumando.

Elas se prepararam para mais um dia comum em uma faculdade no exterior. Após deixarem o pequeno dormitório, andaram devagar pelas ruas da cidade, se aproximando pouco a pouco da universidade.

Não teriam aula antes das nove da manhã e como de costume já estavam a caminhar às sete e alguns minutos.

Umas das meninas estava bem calada e, diferente dos demais dias, olhava o chão pensativa, não compartilhando seus pensamentos com a amiga.

- O que você tem?

A mais nova perguntou, notando a diferença de humor da maior.

- Nada. Só acordei pensativa.

- Espero que não seja nada, pois se for e você não estiver me contando, arranco suas cordas vocais, dai então você não poderá falar mesmo.

- Você me parece um pouco problemática as vezes.

- As vezes? Quase todo dia, não?

Entraram no grande prédio assim que o relógio marcou nove horas. Ambas faziam as mesmas aulas, pois queriam seguir um curso em comum.

Mariana permanecia quieta esperando pelo começo da primeira aula do dia, da semana, aula essa de publicidade com um professor jovem, recém-formado, porém com muita sabedoria.

Era apenas quatro anos mais velho que as garotas, quer eram as mais novas da sala.

A turma só havia tido duas aulas com o rapaz até a data atual. Ele deixava, inclusive, algumas meninas de coração acelerado.

Era bonito. Tinha pele pálida como neve, olhos castanhos escuros, expressivos e profundos, até um pouco tentadores. Mantinha sempre consigo uma expressão sínica e autoritária, esboçando breves sorrisos sem dentes no decorrer do dia, na tentativa de parecer simpático.

Beatriz, a mais nova, tentava conversar sobre algumas questões da aula que estavam prestes a começar.

- AMIGA!

- Oi!

Voltando ao planeta, Mariana notou uma presença a mais na turma, o professor de vinte e quatro anos estava sentado em sua mesa, arrumava os óculos de grau no rosto e passava as mãos nos fios de cabelo, desarrumando-os brevemente em sinal de impaciência.

Não demorou para que todos estivessem sentados, calados e comportados. Era incrível como o jovem professor transmitia medo aos demais.

- Abram seus livros onde eu parei.

Falou o rapaz, simplesmente, indo até o quadro negro logo mais a frente do comodo grande e quadricular.

. . .

◀ Dois Lados Seus ▶myg (REVISADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora