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   — Oh, aquele não é o bibliotecário? – falou a mais velha, olhando um pouco mais adiante, numa mesa igualmente de canto.

   — Onde? - olhou em volta, procurando o garoto citado pela amiga. — Ele está sozinho?

   — Eu acho que não. Com certeza não.

   Elas observaram, calmamente, vários garotos se aproximarem do bibliotecário bonito. Em seis ao todo, todos com aparências bonitas, vestimentas estilosas, cabelos arrumados. Todos bem aparentes.

   Não eram, nenhum deles, estranhos para as garotas. Principalmente um. Ele.

   Estava sorrindo animado, ria alto, brincava e conversava sem nenhuma preocupação, muito diferente do que as garotas costumavam ver algumas vezes por semana.

   — Não acredito! – falou a mais nova, incrédula com se fosse uma miragem. — Eles são amigos? Eu estou vendo errado?

   — Não! Aquele é mesmo nosso professor de publicidade.

   — Sério, eu não acredito no que estou vendo. Como assim nosso professor é amigo do bibliotecário?

. . .

   As meninas já estavam em casa. Beatriz ainda um pouco desacostumada com o fato descoberto e Mariana sem demonstrar nenhuma reação.

   — Amiga, sério, amiga!

   — Eu já entendi, Beatriz. Qual o problema deles serem amigos?

   — Nenhum... Eu só...

   — Estou com sono, vou tomar banho e vou dormir, tudo bem?

   — Okay. Eu vou assistir algo enquanto espero você liberar o banheiro.

   A mais alta andou até o banheiro, com calma e cheia de pensamentos. A cabeça da menina estava cheia dele, cheio de sorrisos e risadas do professor, era surreal tudo aquilo estava a perturbando.

   Também não conseguia acreditar no que havia visto, era muita informação para pouco tempo. Ele parecia muito diferente do que ela acabara de ver. Só queria um banho para tirar de si todas aquelas imagens felizes que o garoto mais velho mostrou.

   Estava cansada dele, cansada de tudo. Pelo menos por aquele resto de dia.

. . .

   — Mari! Acorda!

   A voz baixa da menina soava e acordava aos poucos a mais velha, despertando-a de seus sonhos felizes e estranhos.

   — O que? Que horas são?

   — Hora de acordar?

   — Não me diga... Quero horário em números. Pode me dizer?

   — É alguma aí... Só levanta e se arruma, nós vamos sair.

   — Sair? Para onde? É sábado, posso simplesmente ficar em casa?

   — Não. Você tem trinta minutos.

   Deixaram a pequena e aconchegante casa um pouco atrasadas, pois a garota mais velha acabou por dormir novamente logo depois de ser acordada.

   Beatriz guiava a amiga pelas ruas ensolaradas da cidade grande. Pegaram um metrô e então chegaram ao destino de ambas. O Teatro.

   — O que estamos fazendo aqui?

   — O que se faz em um teatro?

   — Assiste uma peça...?

   — Pronto, respondido.

   — Nós vamos assistir uma peça?

   — Não. Vamos participar dela.

   — Mas o que?

   — Vamos! – falou e empurrou a amiga pelas costas, que se recusava a andar em direção a grande porta de entrada.

   Era um prédio bonito, com arquitetura antiga em tons claros nas paredes. Assim passado pela grande entrada, as paredes adquiriram coloração avermelhada. Os móveis em tons pasteis e decoração com cartazes de peças em cartaz.

   — Eu não quero fazer isso. Serão centenas de pessoas me olhando e eu não quero isso.

   — Não haverá plateia. Só eu, você e algumas pessoas que também farão parte da aula.

   — Aula? Isso é uma aula?

   — Sim.

   — Achei que íamos estrear.

   — Não, amiga, ainda não.

   Elas entraram em uma das muitas salas daquele grande teatro. Paredes acolchoadas cor creme, cadeiras em dourado e vermelho, o grande palco na frente, as cortinas vermelhas e douradas. Tudo muito clássico e belo em contraste com o gigantesco lustre cor de ouro. Era um lugar lindo e muito bem conservado.

   — Que lugar lindo.

   Estavam boquiabertas. Era uma realidade que as meninas queriam aprender, mesmo que pouco.

   As luzes foram acesas, deixando ainda mais claro toda a beleza do lugar. Surgiu, então, algumas pessoas no grande palco. Cerca de vinte delas.

   — Todas essas pessoas irão participar da aula?

   — Creio eu que sim, mas não tenho certeza.

   — Como você descobriu isso?

   Antes que Beatriz pudesse responder a amiga, um par de braços envolveu os ombros da garota, pegando-a de surpresa, deixando, tanto ela quanto a amiga, sem reação.

   — Pensei que não iria comparecer.

   — Você já havia colocado nossos nomes nessa aula extra-curricular, não podíamos simplesmente não vir.

   — É... Você pediu, eu fiz. Prazer em, enfim, conhece-la, Mariana. Eu me chamo Taehyung.

   — Taehyung... Entendi. Bom saber seu nome e deixar de chama-lo de bibliotecário.

   — Como é?

   — Nada. Nada que você precise saber, na verdade.

   — Já que não é nada que eu precise saber, vamos logo para a aula, a professora não é muito paciente.

   Mariana acompanhou o casal de "enrolados", que andavam e conversavam animados.

   Ela se perguntava o por que de estar aceitando participar de tal aula, não estava disposta, mas aceitando, já que sabia os motivos de sua amiga e queria ajuda-la ao máximo que pudesse.

   Subiram os degraus do grande palco de madeira escura, se sentaram no mesmo, junto com os demais alunos, que permaneciam em silêncio ouvindo o que a mulher de cabelos já grisalhos tinha a dizer.

   — Hoje está sendo iniciado as nossas aulas de teatro. Espero que aja comprometimento de todos comigo. Responsabilidade e respeito são duas coisas que eu preso para uma boa convivência. Bem, para nossa primeira aula, quero que todos sentem com postura correta. Deixem suas mão sobre seus joelhos e cruzem as pernas, soltando o ar de seus pulmões pelos lábios.

   Todos faziam o que a professora, a unica presente de pé, falava.

   — Bom, agora podemos começar. Eu me chamo Hera. Sim, o mesmo nome da deusa grega Hera, na mitologia. E quero ver, de todos, como são a atuação de cada uma de vocês. Mas antes, quero saber o nome de todos, começando por você, meu querido.

   Toda a atenção foi cortada para o rapaz de cabelos castanhos, olhos grandes e lábios rosados e volumosos. Ele sorriu bastante simpático e com muita educação, falou.

   — Seok Jin. Kim Seok Jin!

. . .

◀ Dois Lados Seus ▶myg (REVISADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora