Capítulo 5

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- Tô dizendo, tia! - Maite cortava os legumes. - Ele é um grosseiro, me tratou como um bicho. - ela estava magoada pelo acontecimento da noite anterior e com razão. Nunca havia sido tratada assim, sua intenção era apenas ajudar.

- Eu entendo, querida. Mas eu disse, William é muito sério. Vá com calma...

William descia as escadas e ouvia toda a conversa. Não suportava ouvir críticas de ninguém, a única que de vez enquanto ele ouvia, era Magda, que lhe conhecia desde pequeno, sempre o ajudou bastante. Ficou parado atrás da porta ouvindo:

- Sério? Não tia, ele é estranho. Meio maluco, coisa assim. Não entendo como uma pessoa pode ser assim.

Sem se aguentar de raiva, William entrou na cozinha e ficou diante das duas:

- Não quero ouvir nada ao meu respeito vindo de você. Você mal chegou e já está me dando motivos para ser demitida.

- De-desculpa, sr. William! Mas eu, tinha que falar.

- William, por favor. Seja mais calmo. A intenção dela era a melhor. E garanto que ela não irá mais incomodar. - Magh lançou um olhar para a sobrinha.

- Assim espero. - sem nenhum sorriso, ele foi para sala de jantar e se sentou. Tinha que ir trabalhar e o melhor era comer algo antes para ficar com energias. Cuidava dos negócios da fábrica, e também do gado. De fato, era responsável.

Maite o serviu, e ele não satisfeito e fazendo o que fazia de melhor, reclamou:

- Esse suco está amargo.

Maite o encarou e fez cara de deboche.

- Assim como você, né. Com licença. - pegando o suco, ela foi para a cozinha.

William ignorou. Mais aborrecimentos era o que ele menos precisava.

Como já havia feito todo o serviço, a tia deu permissão para ela caminhar pela fazenda, e avisou que não era para sumir o dia inteiro.

Maite caminhava, admirada com toda beleza. Passou a mão no cavalo de William que estava preso, e continuou a caminhada. Cada vez ia mais longe, até ouvir barulho de água. Atravessou umas árvores e surpresa: Uma cachoeira linda, pequena mas muito bonita. Seus olhos brilharam. Era encanto demais. Não pensou duas vezes, tirou seu vestido e mergulhou como uma criança. Sorria e nadava como se fosse seu último dia de vida.

- Que água deliciosa. - sentou-se numa pedra e fez um coque no cabelo. - Estou amando esse lugar, era disso que eu precisava.

- Falando sozinha, moça? - um rapaz sentou-se ao lado dela, a fazendo se tremer de susto.

- Você é maluco? Quer me matar de susto também? Qual é o problema dos homens daqui? - corada, pegou o vestido e cobriu seu corpo.

- Ei, relaxa. - ele riu. - Não sou um pervertido. Me chamo Daniel, prazer. - estendeu a mão.

Maite ficou com medo de tocar sua mão, vai saber. No mundo de hoje, não devemos confiar em ninguém. Ele continuou com a mão erguida até que por fim ela tocou.

- Maite. - disse tímida.

- Que nome lindo. Não só o nome... - sorriu, tentando mandar uma cantada.

- Obrigada, eu acho... bom, eu preciso ir, Daniel. - ela se levantou, colocando o vestido.

- Ué, já? Tá fugindo de mim?

- Não se gabe, metido. Eu não tô a toa por ai, preciso voltar ao trabalho.

- Uiii, desculpa, não sabia! - ergueu as mãos num sinal de deboche.

- Enfim, tchau. Até um dia... - ela saiu correndo, com medo de ser seguida e provocando riso em Daniel.

Ele a achou diferente. Não parecia ser do campo, isso tava na cara e no jeito de falar.

- Os homens daqui são totalmente loucos. Não sabem chegar sem me matar de susto. Eu heim. - Maite cortava caminho, até ver um lugar reservado, bem longe da casa grande. Se aproximou por curiosidade e leu: "Fábrica Méli"

- Hummm então é aqui... - ela olhava. Era como uma pequena indústria. Cor branca, moderna. Sua curiosidade falou mais alto e ela entrou, mesmo lendo que não era permitido.

Por dentro era maior ainda. Havia muitas máquina, algumas pessoas trabalhando. O cheiro do mel, que delícia.

- Acho que ninguém vai dar falta se eu pegar uma colméia. - sem saber onde estava entrando, ela foi parar numa sala com uma luz diferente. Viu um vidro transparente com algumas colméias dentro, passou a língua nos lábios e a abriu. Um barulho estranho veio em sua direção. Zumbidos! Essa não. Ela havia entrado no criadouro de abelhas, e agora estava sendo atacada por algumas.

Correu pela fábrica chamando a atenção dos funcionários, que tentaram ajudar. Ela estava totalmente desprotegida, ao contrário deles. Recebia muitas picadas, e gritava de desespero, até que desmaiou. Os criadores começaram a juntar as abelhas na caixa e os outros foram correndo chamar o patrão.

Essa não, Maite!

Desde Que Te vi Onde histórias criam vida. Descubra agora