Era uma ensolarada manhã de sexta, e foram os dias mais loucos que eu vivi na TheHun, os dias que se sucederam foram calmos e surpreendentes, eu me sentia um dos anões da branca de neve de tão feliz, mas calma, a melhor explicação para tamanha felicidade se motivava a mim ser a menos tormentada do ano? Escutei pelos corredores em alguns dos meus surtos por atenção que Jordana estava selecionando a pessoa que iria tormentar e que provavelmente eu fui finalmente aposentada, e eu não deveria festejar isto, é sujo, ela não tem escrúpulos por achar que deve torturar alguém, temo pela vida da pessoa, por que eu sentir o que é ser humilhada, eu tive tantos traumas e crises de ansiedade, minha psicóloga me conhecia tão bem que parecia ter um livro meu escrito por ela em algum lugar de seu consultório.
Mas estranhamente eu deveria sim, me sentir feliz, teoricamente tudo daria certo enfim para mim, não teria surtos pela madrugada, não choraria no banheiro feminino, não andaria amedrontada pelos corredores, sim, tinha tudo para ser um ano agradável pela primeira vez, e a falta de ter um porto seguro não me afetaria, a falta de um rosto amigo não me abalaria, estou muito bem.
"Hei, como foi a aula, eu não te vi ontem o dia inteiro." As mãos de Celyna pousaram um em cada ombro me mantendo de cabeça erguida para olha-la, todos os dias ela me perguntava como foi a aula, mas realmente ontem ela não estava, então o hábito das minhas semanas não foram abaladas totalmente... "Anna?" Meu rosto corou ao perceber haver deixado-a sem resposta.
"Hum! Desculpa, foi bom, tudo bem diferente, mas nada de Jordana nessa semana." Ela suspirou e parecia ser um alívio me ouvir falar aquilo, senti que um peso saiu de minhas costas por falar a ela de uma vez.
A verdade é que após o primeiro dia de retorno as aulas, por incrível que pareça, Jacy Jordana e suas companhias, pareciam estar menos preocupadas em me ver mal, assistir os dias se arrastarem, enquando minhas inseguranças me faziam olhar para todos os cantos repentinas vezes e não ser pega de surpresa, até mesmo no refeitório eu pude ir, elas estavam sempre distante em seus mundos cor de rosa e sendo populares normais, esses momentos de paz me fez ficar menos preocupada, não que eu realmente estivesse livre, boatos são só boatos, mas eu precisava me agarrar a uma ideia de liberdade, mesmo que dure por alguns dias, já que eu não tinha coragem de partir dessa para pior.
"Ótimo, me conte se ela tentar algo, pode ser? Não me importo de ir até aquela criatura e enche-la de verdades" Celyna é tão adorável, tão carinhosa, eu a amo tanto que não cabe em mim.
"Não se preocupe, se você fizesse isso seria péssimo, e eu não quero problemas para você." Ela negou com a cabeça, me abraçando em seguida, meu atraso não me importava tanto quanto manter esse abraço com ela, a mãe que eu tanto pedi a Deus. Seria ruim querer ser filha de outra pessoa?
Prossegui o resto dos meus poucos minutos indo ao encontro de Dylan o meu motorista particular, ele já estava no carro e parecia focado no celular, até me ouvir chegar, saiu as pressas para enfim abrir a porta para mim, às vezes era engraçado o ver tentar, mas eu admirava, ele se sentia um verdadeiro profissional abrindo a porta para a filha do chefe, mesmo que eu implicasse para que ele me considerasse uma amiga e não uma garota rica. Bem ele nunca me tratou como apenas a patroa, tínhamos uma boa relação, os empregados eram minha família afinal.
"Boa aula Anna, até logo." Ele disse em um tom simpático abrindo a porta para mim, era sempre essa rotina, então eu agradeci o mais amável possível, era raro me despedir com um abraço, ele não gostava de misturar as coisas e eu o respeitava de mais para atrapalhar sua vida com afetos que eu, mas oferecia a Celyna.
"Obrigada Dickens."
O deixei para trás caminhando rumo ao colégio dos meus pesadelos, gostava de pensar que assim como ontem, hoje seria um ótimo dia, mas percebi que não seria tão fácil, Jacy estava parada na entrada com seu namorado, e encostadas em outro canto suas amigas com os celulares em mãos tirando fotos. Um deja vu tomou todo meu corpo, não havia uma segunda entrada, ou eu entrava e esperava passar despercebida, ou era a escolhida pela terceira vez.
Então o que eu perderia se não tentasse, as pessoas passavam por ela normalmente, ela estava tão ocupada falando com Dominic, seu namorado, que a única certeza é, ela nem vai lembrar que eu existo se passar por ali, sério, tenho boas chances. Era isso, eu já caminhava, apertando a alça da mochila com força, mordendo os lábios sentindo o gosto do sangue, coração acelerado, pernas trêmulas, súplicas mentais.
Primeiro degrau, ok! O segundo e o terceiro também, certo dois degraus, mas perto do meu pânico, um pouco de medo ou talvez medo de mais para olhar, até que enfim, eu subi, e ninguém me parou, ninguém, na verdade, por que ela me chamou, falou o meu nome, mas eu não ousei virar-me, ela caminhou até mim? Pós lá estava ela, sussurrando em meu ouvido, com a voz de quem não teme ao diabo.
"Olá Annabele, enfim te encontrei, como foi o feriado?" Um risonho no final da frase, e meu Deus, acho que vou desmaiar. "Quer saber quem eu escolhi este ano querida?" Sua mão afastou os meus cabelos colocando para o lado, deixando minha orelha livre para escultar as suas palavras. "Você..." Um empurrão e eu cair, com o susto torci o pulso, já sentia as lágrimas nos olhos com a dor desagradável me fazendo querer gritar, eu odiava sentir dores, nunca quebrei um osso, imagina torcer um membro de meu corpo. "Oh! Alguém ajude aqui, ela caiu!"
Escutei o grito esperado de Jordana enquanto ela me encarava sem culpa, já se faziam uma aglomeração de murmúrios sobre o acontecimento, o inspetor tomou caminho entre algumas pessoas que estavam parados me encarando sem nem mesmo estender a mão, sentir braços forte me ajudando a levantar, ao poucos me sentir arrastada por mim mesma para a enfermaria, todos os meus pensamentos em várias situações que já haviam acontecido, coisas parecidas como objetos pontudos ou peados que foi jogado contra mim, todas as agressões físicas e verbais, todas às vezes que pedir um pedaço de cabelo quando ela puxava, e enfim o desejo de ser uma boa semana pelo ralo, nada parecia ter realmente sentido por aqui ultimamente.
"Foi uma queda feia, tenha mais cuidado." O senhor que me examinava, agora enrolava uma faixa entre meus dedos mantendo juntos para que não se move, não doía tanto naquela hora, ele parecia ser bem-educado e cuidadoso, nunca tinha o visto antes, era sempre frequente a minha presença naquele local, me lembro de todas às vezes que precisei de medicação ou cuidados com machucados, etc. Realmente Jacy conseguiu fazer com que fosse eu a culpada e não ela, outra vez, mas será que ninguém viu? Ou eu realmente tropecei por estar parada ouvindo a voz do meu demônio? "Tenha uma boa aula senhorita Hussein." Ele sorriu gentilmente abrindo a porta para mim, eu saí rapidamente fazendo uma nota mental de que iria voltar, não poderia voltar para casa com a atadura, seria uma grande burrice em ter que explicar aquela situação.
Estava na sala finalmente, sozinha dessa vez, sabia que a poucos minutos tornaria a ser cheias pelos alunos, aquilo era extremamente péssimo, mas ok, estou bem na sala, aqui é seguro, ninguém pode me machucar aqui.
"Belo curativo." Por instinto observei a garota sentada no fundo da sala, cujo eu não havia percebido, ela parecia muito relaxada, porém eu nunca tinha a visto antes. "Foi um belo empurrão também." Se levantou calmamente, sentando próxima a mim, enquanto me encarava, me sentia tão inferior a ponto de não conseguir sustentar."
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Annabel A Nerd
Teen FictionCom o passar do tempo a gente muda nossa maneira de pensar em certas coisas por alguns específicos motivos, e minha vida era a base desse pensamento, eu tive alguns problemas familiares, problemas em meu colégio, e cheguei a ter um grave problema ps...