Capítulo 5

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ANNABEL P.O.V.

Logo ao entrar fui recebida por Celyna, passar por ela sem mancar era a minha maior missão do dia, já que eu não havia contado este fato também, ela conhecia meu jeito e até de olhos fechados se focando apenas no som, se tinha algo errado ela descobriria, imaginei que fosse me encher de perguntas em relação ao meu vizinho ter ido embora tão cedo, porém, apenas não o fez, de toda forma eu não contaria o que falamos, o assunto foi breve, trocamos o número e eu não imaginava se ele seria o primeiro a entrar em contato, pretendo esperar, tenho medo de ser muito infantil no meu modo inocente de agir, apesar de ter pouca idade, eu tinha medo da reação das pessoas ao me conhecer, e medo de não ser normal como outros adolescentes.

— Annabel, você faltou às aulas de hoje? — O olhar espantado de Celyna me deixou sem reação, pensando no que eu poderia falar, eu não havia parado para pensar que a direção da escola ligaria para falar que uma vez na vida eu não tinha entrado na sala para assistir às aulas. — A sua mãe acabou de me ligar, está furiosa. 

 A coordenação da The Hun realmente se deu pela minha falta, ao ponto de avisar imediatamente a minha querida mãe que está em Nova York, não pensei que ela fosse ligar para Celyna tão cedo já que em breve eu falaria com eles, mas bom, aconteceu e a mulher que eu mais tinha respeito depois de Maria me encarava com espanto nos olhos, sem acreditar que eu realmente fiz algo assim, como se fosse a pior coisa do mundo.

— Infelizmente isso eu não posso permitir Annabel, não quero que comece a mentir e me esconder as coisas, não foi assim que combinamos, espero que você repense essa atitude, você conhece os seus pais, eles não vão aceitar nada de errado, tenha cuidado com suas escolhas, então apenas suba para o seu quarto, tome um banho, se arrume e desça, certo? — Eu simplesmente assenti, não estava em condição de contestar, houve um erro cometido por mim, eu precisava conserta-lo.

Com o coração apertado, fiz o que foi me ordenado, era a primavera que Lyna me repreendia, a primeira vez também que não assisti às aulas, tudo bem que por doença ou por alguma situação justificada eu já faltei, entretanto, é muito mais complicado. A minha vida é uma "prisão" sem fim, na escola um tormento, e em casa um presídio, onde tudo que eu fazia ou faço é notificado aos meus pais, pouco tive a liberdade para sair, além do fato de que eu não tinha muitos amigos até então, Celyna não tinha autorização para me levar em seus passeios, qualquer mudança na minha alimentação ou nota escolar era passado a minha mãe, e caso eu quisesse dormir na casa de uma amiga, se nem o meu pai ou minha mãe autorizassem eu também não iria, e eu só consigo pensar que talvez isso seja para a minha segurança, eu nunca quis ser uma filha rebelde, eu tinha meus caprichos como, gostar de ler, gostar de desenhar, e tudo o que eu queria seja dos livros às telas novas com tintas de alta qualidade eu teria, minha vida toda eu tive tudo do bom e do melhor e sei que eles são bons pais do jeito deles, eu só precisava seguir as regras deles até eu ter minha própria responsabilidade e minha própria casa, essa sempre fui eu, obediente e respeitosa.

Já estava pronta, vestida com roupas confortáveis com cores puxado do lilás para um branco, resolvi deixar meus cabelos soltos, apenas arrumei os cachos rebeldes e pus os óculos no rosto, os achava tão lindo que evitava usar no colégio, não era necessário eu usar algo que gosto por simplesmente ter noção de que outras pessoas não entenderiam, usaria lentes de contato em vez dos óculos de grau, me trazia sensação de consolação.

Agora eu descia as escadas tentando me focar em andar com uma perna de cada vez, uma das empregadas já havia me ajudado com o gelo e pomada para diminuir a dor do machucado, eu queria tentar pelo menos não andar mancando, seria mil vezes pior se Jacy me visse mancar e fizesse algo para piorar, eu pensava tudo detalhado, dividia em prós e contras, assim como eu fazia agora por lembrar que minha mãe não gostava de ficar aqui como Celyna gosta, e mesmo assim eu amava a mulher que me pôs no mundo e tentava entender.

Annabel A NerdOnde histórias criam vida. Descubra agora