HUN SCHOOL OF PRINCETON

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Princeton - New Jersey


O caminho até aquele edifício lhe assombrava, não sabia ao certo se deveria estar tão preocupada, com certeza era melhor que qualquer coisa no momento, suas mãos suavam, seu corpo arrepiado, seus olhos piscavam constantemente e sentia o sangue na boca toda vez que mordia os lábios.

"Ei, se acalme. Estou aqui." Ela segurou na mão da garota que não havia percebido o quanto estava tremula, apertando levemente em resposta, era o suficiente para acalmar aquele coração atordoado. A verdade é que dava para saber muito bem o que seria daquela menina sem sua fiel babá, na verdade, sempre a acompanhava nos primeiros dias de aula, nas tarefas, e durante todo aquele trauma, suas crises de pânico a noite, uma das pessoas que estava lá era Celyna, um momento que ela percebe o problema, a primeira coisa que consegue pensar é que não pode nunca se afastar de Annabel, aquela menina era uma luz de sol, e às vezes uma nuvem de tempestade, marcada pela falta de amor fraternal, era sempre ela que estava fazendo um bom papel de mãe, enquanto isso aos pais de Anna, que se sobressaíam na cidade como o casal e família mais bem sucedida.

Marcada pelo bullying desde os onze anos, sua mãe saía para eventos com suas amigas de classe alta, uma mulher muito bem reconhecida pela beleza e sorte, casada com o milionário mais requisitado no ramo de investimento, era o verdadeiro casal de empresários renomados. Então, no final daquela história de riqueza e poder, não havia espaço para uma criança planejada, que por ser caracterizada como perfeita, modelo de filha carinhosa e compreensiva, não tinha problemas reais.

Em uma época, a imprensa havia sido comprada para listar toda a vida da família Hussein, sua mãe por vez escritora, publicou um livro sobre uma garota que sofria na escola e logo após dava a volta por cima e se tornava uma mulher de sucesso, bom essa não era a pior parte de tudo, em sua entrevista, marcada por mentiras forçadas ela repudiava o ato e afirmava com unhas e dentes que sua filha era o motivo de superação, automaticamente expondo uma situação sem dizer nomes, o fato de Annabel, sofrer ataques de uma pessoa específica não a tornava vitima para sua mãe, na verdade, ela achava que a garota de apenas tão pouca idade merecia passar por aquilo para se tornar uma pessoa forte e bem sucedida um dia, de qualquer forma, é a verdade que veremos e teremos, porque exatamente o que foi dito para as revistas, fazia a garota morena sentir vontade de ver a morte.

"Anna, você está bem?" As mãos maduras foram ao encontro dos fios escuros que desciam em forma de cascatas, era uma cor linda, mistura de dourado que com castanhos, Celyna amava fazer carinho naqueles cabelos longos enquanto sua pequena protegida dormia, era sempre aquele mesmo ato que fazia Anna relaxar e descansar.

"Um pouco de medoLyna, nada de mais." As palavras saltaram de forma calma, sem demonstrar verdade, não tinha como fingir o que estava com medo e que aquele pânico todo de voltar a estudar lhe causava muitas reações e sentimentos ruins.

"Olha, eu sei que é mais um ano, e que você não queria estar aqui, então não pense que é o melhor ficar calada okay? Me ligue, fale com o senhor Brougham, ele está atento desta vez, o seu pai conversou com ele."

Ao ouvir aquela convicção certeira de Celyna, o coração da pequena foi se acalmando, sua respiração ia e vinha com leveza, queria involuntariamente acreditar que ele ligou e se preocupou por ela, tendo em mente que não era a verdade, em ato de concordância, moveu a cabeça em sinal de afirmação, parando logo em seguida ao notar haverem chegado infelizmente, a mais velha estava não triste em ter que se despedir, acabou não falando nada esperando a outra mais nova ter o seu então momento para processar.

 "Venha me busca bem cedo por favor, odeio ficar aqui, você sabe." Ela assentiu, beijou sua testa pouco suada e a abraçou, a apertando o máximo que conseguiu, controlando a vontade de entrar e a levar até a sala de aula, a garota estava cansada, e não queria chorar, mais uma vez.

"Dylan virá bem cedo minha menina, você verá, o tempo passará voando." Ela mantia a certeza, sabia que tudo poderia dar errado, mas tinha fé.

Pegou a pequena mochila colocando sobre seu ombro, onde possuía livros importantes, pouca coisa já que sempre voltava para a mansão, deixou com Celyna um beijo na bochecha, queria simplesmente dar meia volta e correr para bem longe, mas como tudo na sua vida era um processo demorado, fugir não resolveria.

Observou o grande portão da TheHunOlhando somente para frente, sem coragem de explorar lugar algum, conhecia aquele colégio, mas queria esquecê-lo. Alguns alunos já entravam, pareciam felizes, igual como o Diretor, bem-vestido com um terno cinza, mãos escondidas em seu bolso, o brasão do colégio no peito esquerdo, o cabelo alisado para trás, era um homem bem ajeitado até, com 47 anos nas costas.

"Bem-vinda senhorita Hussein, vamos até a minha sala." Ele disse, sorriso estampado em seu rosto, a forma de como estava com a postura ereta, tudo aquilo era para se mostrar inabalável diante todas as acusações de que sua filha era uma agressora.

"Algo errado?" Ele negou, apenas pediu que ela o acompanhasse. Caminharam até sua sala arejada e relativamente grande que ficava próximo à entrada do colégio, alguns alunos que estavam sentados do lado de fora da sala conversavam animados, alguns estavam discutindo sobre algum assunto e que não a interessava ouvir, a garota não tinha amigos, eu sempre passava o ano inteiro sozinha, não tinha muitas opções, não era sociável, mas agradável, mas desastrada e desatenta, os professores a consideram a segunda melhor aluna, os seus colegas de classe a chamam de Annabele por pura falta de ironia de quem a apelidou adoravelmente.

Ela era estremante convicta de que era bela americana de olhos cor de avelã puxados para um castanho no escuro, seu cabelo era uma mistura dos meus olhos, não tão escuros, não tão claros, bastante natural, nunca os pintava, pele era clara, certa de que, não tinha um corpo padrão, era magra, não sofria de doença alguma, algumas vezes apenas me encontrava viajando pela sua própria mente, pensando de mais, totalmente perdida, alguns se irritavam mais, outros pensavam ser algum tipo de pirraça, entretanto, sempre foi muito assim, quieta no seu canto, bastante pensativa, para fazer algo precisava de tempo, calculava mentalmente e depois de alguns minutos a solução vinha, enfim, Annabel só tinha dois defeitos, ser inteligente e ter déficit de atenção.

"O senhor Hussein e eu tivemos uma conversa bastante reveladora, descobrir que a senhora se sentia desconfortável em minha escola me surpreendeu bastante..." Ali estava ela, engolindo em seco, duvidou que seu pai se importava, e agora a verdade veio como chutes no estômago. "Peço desculpa senhorita Hussein pela forma como uma das alunas vem se portando, logo irei advertir-la de suas atitudes inoportunas e imperdoáveis, se precisar daremos a expulsão imediata, mas por favor, evite a senhorita Jordana, e se mantenha longe de seu caminho..."

Suas palavras finais a cortaram, ele queria bajular ou rebaixar, por ser sua filha e ter mais direitos daquela escola do que a pequena Hussein sem demonstrar que ela estava errada e não a verdadeira causadora daquela situação, certo, ela entende que o nome da escola importava muito, contanto que ela fosse a pessoa que se afaste de Jordana, justo, o que mais tenta fazer nessa vida é se afastar.

"Está bom para a senhorita se fizermos isto?" Não escutou mais, então fingiu (corresponder), conhecendo Jordana, e se conhecendo, hoje vai ser um dia longo e ela não será punida por nenhuma atitude inoportuna. Deixou a sala do Senhor Brougham segurando fortemente a mochila sobre os ombros, sentimento de tensão, percebeu seu corpo tremer enquanto passava por algumas pessoas, estava sendo observada, e, ao mesmo tempo, ridicularizada, era o habitual, o que seria da TheHunSem sua aberração, bom, quem Jordana perseguiria se não fosse a Anna, quem teria que sofrer em meu lugar só por ser quem era, e, porque ela?

Como havia pensado, várias e várias vezes, não existiria respostas exatas. Jordana realmente não gostava da garota, era um misto de inveja e raiva que a dominava, e uma história por trás, sua vida nunca foi perfeita, mas fingia ser, gostava da atenção que a escola em si a dava por ser filha do diretor, se sentia importante por namorar o filho de um advogado, seus pais a mimavam com tudo e toda sua vontade era sempre feita, as amigas que andavam atrás de si, eram egoístas com elas mesmas, sempre tentando bajular, por um status que romperia logo após a formatura, mas a verdade era que Jordana sentia a ganância de ser tudo e melhor que todas, sua falta de caráter não era nada comparado aos seus monstros, ela tinha que se livrar daquele mal e descontar em alguém que fosse mais fraca que ela sem saberem, aquilo só deu inicio após Jordana perceber que o garoto que ela mais queria como namorado, olhava mais para Annabel do que para ela, e ela nem mesmo imaginava um mundo onde os garotos que ela queria ter, não olhasse apenas para ela.

A fase na infância da vida delas começou pela inveja, se conheciam desde muito novas. Custava muito para Annabel perceber que nada daquilo que a machucava era por causa de uma simples inveja, ela não tinha tanta capacidade de perceber que quando passava perto da garota alta e loira, o sangue fervia e os dentes rangiam, Jordana olha para a garota como se a qualquer momento, seu namorado fosse perceber que ela na verdade é mais bonita que si mesma e isso a deixava transtornada, pois ela sabia, Annabel era linda de alma.

Afinal, Jacy Jordana a popular de The Hun tinha todo um esplendor memorial, é a mais bonita, modelo futuramente da maior marca de roupas e filial, uma sub-celebridade ditada como influência da The Hun, também era loira naturalmente e carismática nas fotos, namorava um garoto bastante parecido com ela em termos de beleza, tinha amigas, conhecia muitas pessoas da mídia, todos queriam ser amigos dela, na verdade, Jacy sempre foi secretamente comparada a Regina George, pelo menos ela não adotou a quarta para todos usarem rosa, obrigatoriamente não tinha padrão para farda, somente roupas confortáveis.

 "Bom dia alunos, sejam bem vindos para mais um ano letivo na The Hun School..." Sentados em fileiras e mesas alinhadamente corretas, se encontravam agora a turma completa após a entrada da professora na sala, a pequena se forçava varias vezes tentando se concentrar, era difícil enquanto pensava em como conseguiu chegar até a sala sem esbarrar em alguém, isso raramente acontece quando em pensamentos.

"Vejo muitos rostos conhecidos, fui professora da maioria?" Murmúrios em confirmação, classe quieta enquanto prossegui a professora em mais uma de suas falas. "Bastante agradável essa situação." Alguns riram, e outros assobiaram, era uma professora muito querida por aquela turma, ela era sempre bem resolvida ao se tratar dos seus alunos da The Hun. " Vamos lá, não sejam tímidos, eu preciso conhecer vocês, apresentem-se, quero nome, idade e profissão futura, não sintam medo, vocês possuem 365 dias para decidir o que querem ser." Murmúrios baixos, primeiro arrastar de cadeira, uma voz conhecida, meu pesadelo.

"Jacy Jordana Brougham, 17 anos, futura Dona da Revival." A marca de roupa mais conhecida de sua mãe, óbvio que ela era a sucessora, ninguém esperava que Jacy fosse entrar na política, claro.

"Olá querida, que bom ter você em minha sala, uma aluna exemplar como você, fará muita falta quando se formar." Ânsias de vômito em seu estômago, sérios ataques que vespas em sua barriga como se fosse sair pela sua boca, situação nada agradável, eram as definições do mix de sentimentos na cabeça daquela menina, mas, porque não bajular a professora Richardson senhoras e senhores.

"Dominic Sherwood, 18 anos, futuramente Engenheiro de petróleo ou até mesmo diretor-executivo de uma das minhas empresas." Corrigindo, empresas essa que não existem, mas ele força a achar que vai se tornar um empresário vendendo maconha, a cabeça pensativa da senhorita Hussein estava em conflito, facilmente sairia fumaça de tanto pensar. Alguns outros se apresentaram depois das amigas de Jacy, Anna espera ansiosamente para ser uma das últimas por simplesmente por opção, quem a conhecia sabia muito bem que ela era tímida, chega a ser admirável, mas foi passando os devaneios aos poucos ao ver como poderia ser ridicularizada se não prestasse atenção na professora te esperando falar.

"Annabel Hussein, atualmente 17 anos, Psicologia." Alguns murmúrios por trás, algumas risadas, e logo depois a voz da professora sendo ela uma pessoa muito educada com todos.

"Silêncio! Essa é uma ótima profissão, a verdade é que vocês sempre terão muitas outras opções, mas a vocação se vem de dentro, e do que você se identifica, trabalharemos nisso pessoal, no íntimo, certeza que no final do ano letivo terão outras visões de futuro no ramo da especialização!" Conseguia agora entender porque admirava tanto aquela professora, ela era assim sempre, altruísta, dona da paciência, sempre sabendo falar sem rodeias, muito linda a forma como ela ensinada, dava para ver fazer aquilo por que amava ensinar, a senhorita Richardson sabia lidar com filhos de leões.

"Meu nome é Alexa Losey, tenho 19 anos, futura assassina de aluguel." Escutar o final da frase foi o motivo para me fazer olhar para trás, e bem ali estava uma garota bastante diferente dos rostos que eu estava acostumada a ver naquela classe, com os cabelos meio ruivo, jaqueta (jeans), olhos pintados de lápis preto também, algumas sardas discretas no rosto, como eu disse diferente.

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Da pra sentir o que está por vim amados?

Annabel A NerdOnde histórias criam vida. Descubra agora