Eu respeito quem me respeita

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-Mamae? Tudo bem com a senhora?
-Como você tem coragem de fazer essa pergunta pra mim filho? Não, eu não estou nada bem, se eu pudesse enfiava minha cabeça num buraco pra nunca mais tirar.
-A senhora está sendo muito radical, eu, sinceramente, pensei que poderia contar com a senhora.
-Você poderia contar comigo pra tudo, menos pra esse circo que você montou, eu não vou ficar na platéia pra aplaudir vocês.
-Porque em? Porque? Você não acredita que eu seja capaz de possuir uma família?
-Com certeza eu acredito, mas não com essa menina, você sabe muito bem da história do pai dela com nós.
-Acho que não sei toda a história, a senhora sempre esconde alguma coisa.
-O que você tem que saber, você sabe, não escondi nada de voce.
-A senhora sabe que não, eu sei, a senhora não ficaria contra nosso amor se não existisse mais nada escondido.
-O pai dela nos odeia, eu não quero ver ele fazer nada contra você, só isso.
Joao sai do quarto nervoso, a discussão vai longe, um fala daqui, outro fala de lá e não tem como, a briga está feia.
Dona Belinda deita na cama, já não sabe o que fazer, ela precisa arrumar um jeito e rápido pra impedir esse casamento. "Eles não vão se casar, nem que pra isso eu faça uma grande loucura, mas eles não podem casar, o pior de tudo isso, é ter certeza de que não posso falar o porque eles não podem se casar."
Dona Belinda pensa, pensa, sem sucesso, pois nada poderá fazer a não ser contar o real motivo, pelo qual eles não podem se casar.
Enquanto isso no quarto, João arruma suas roupas para ir à escola no dia seguinte,ele queria uma roupa bem bonita, porque pretendia passar na casa de Ana depois da aula, conversar com dona Mara sobre seu futuro com a esposa e o bebê.
Tudo pronto, ele vai jantar, enquanto Dona Belinda, não sai do quarto nem pra beber água, ele então janta, escova os dentes e volta pro quarto. João tenta adivinhar porque dona Belinda reagiu daquele jeito, se ela apoiava ele em tudo. "Só tem um jeito de saber, vou conversar bem sério com ela, seja o que for eu preciso saber, e, não vou deixar pra depois."
João volta ao quarto da mãe, bate à porta, esta tudo bem silencioso, bate mais uma vez e nada, ele vai à cozinha, bebe um copo com água, na volta, bate mais forte à porta e avisa que não sai dali enquanto não falar com a mae, então a porta se abre, e dona Belinda, está com o olho inchado de tanto chorar.
-Já conversamos João, o que você quer de mim? Preciso descansar, você sabe que amanhã levanto cedo.
-Sei, eu também levanto cedo, mas a senhora não jantou, não vai jantar?
-Estou sem fome, não quero nada que não seja dormir, pra acabar essa noite logo.
-Pensei que fossemos, além de mãe e filho, amigos, mas nisso a senhora deixa a desejar, esperava bem mais da senhora.
-Filho, você é meu único filho, trabalhador, estudioso, se preocupa comigo o tempo todo, você é meu maior orgulho, mas não posso aceitar esse casamento, sou totalmente contra, espero que um dia você me entenda.
-Entender o quê mamãe? Entender que na hora que seu único filho precisou, você não pôde fazer nada a não ser julga-lo? e até coloca-lo pra fora de casa?
-Você não conhece o pai daquela mocinha, eu passei o pão que o diabo amassou na mao dele, ele é um homem muito mal, tenho muito medo do que ele possa querer fazer com voce.
-Ele foi embora de casa, a senhora viu a dona Mara falando, acredito que ele não volte, tem medo de sujar o nome, do que os vizinhos vão falar.
-Conhecendo ele, do jeito que conheço, ele vai voltar sim, nem que seja no dia de seu casamento, ele vai voltar.
-A senhora tem muita certeza de que ele vai voltar, mas, não é o que penso, se ele quisesse fazer alguma coisa comigo, ele já teria vindo atrás de mim.
-Eu só quero tentar te proteger filho, e a única maneira é ela tirando esse bebê e vocês indo cada um pra um canto, então mudamos pra outra cidade, e você arruma outra casa, tenha filhos, faça o que quiser.
-Mamae, a senhora não está entendendo, eu não quero ir pra outra cidade, não quero casar com outra, não quero ter filhos com outra e não quero nada que não seja ser feliz com a mulher que amo tanto.
-Você não sabe o risco que está se metendo, ainda está colocando eu, a Ana sua filha (o) e a dona Mara no meio desse fogo cruzado.
-Eu não tenho medo dele, se ele fizer alguma coisa comigo, Ana nunca mais o perdoará, e mesmo que perdoasse, eu nunca tive medo dele, não vai ser agora que terei.
-Mas você não tem que ter medo dele, você só deve respeitá-lo como se fosse seu pai, ele é bem mais velho que voce.
-Eu respeito quem respeita a mim e a senhora, ele está bem longe desse perfil, prefiro nunca ter conhecido meu pai, por ter ido dessa pra melhor, quando eu ainda estava na sua barriga, do que ter conhecido ele e saber que seria dessa mesma laia que seu José, tenho nojo desse homem.
-Nunca mais fale assim filho, não foi isso que te ensinei, não repita isso perto de mim.
-Ele fez o que fez com a senhora, mandou a senhora embora sem dar um centavo a senhora, sabendo que a senhora tinha acabado de ficar viúva, com um bebê nos braços, esse cafajeste, jogou a senhora comigo nos braços pra rua sem dor nem piedade e ainda não deixou dona Mara ajudar a gente com nada, como a senhora ainda pode defender esse canalha?
-Porque eu sei que ele é realmente muito ruim, mas tem um coração gigante, ele não é tão ruim assim.
-Chega dar nojo ver como que depois de tudo o que ele fez, a senhora ainda o defende assim.
-Não estou defendendo, só quero que você respeite as pessoas mais velhas, só isso.
-Eu respeito quem merece meu respeito, amanhã, vou procurar um lugar pra ficar, até eu me casar.
-Você não vai sair de casa pra nada.
-A senhora já esqueceu que mandou eu ir embora?
-Mas você não vai sair daqui, você vai deixar eu aqui só?
-Mesmo que eu fique mamae, será por pouco tempo, quero me casar, antes que Ana ganhe o bebê.
-Você não vai sair daqui, essa conversa termina aqui, boa noite e até amanhã.
-Boa noite, até amanhã, vou ficar tudo bem? Mas só até eu casar.
Dona Belinda, foi até a cozinha bebeu um copo com água e foi se deitar, enquanto João, foi tomar um banho pra se deitar também, teria um dia muito difícil no dia seguinte.

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