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   Depois que almocei, sem nada para fazer, resolvi perambular pelos cômodos da casa. Vovó e mamãe conversavam no quarto, segui para o outro quarto onde dormir e voltei, desci as escadas e antes de adentrar a cozinha, meus ouvidos captaram algo fora do normal, seguida de uma voz embargada e sussurros.

Voltei devagar, com passos silenciosos atravessei a sala e quando cheguei na porta, me deparei com Gabi falando no celular.

Lágrimas escorriam pelo rosto, seus olhos estavam vermelhos e inchados.

— O que está acontecendo?

Ela me encarou assustada, logo desligou o aparelho, limpou rapidamente o rosto com a manga da blusa me dando as costas.

— Nada! — disparou, ríspida.

— Como assim? Alguma coisa aconteceu?

— Me deixe, Luiza!

— É sério, Gabi? Você está horrível, e se não me disser alguma coisa, vou chamar a mamãe!

— Não. — ela gritou me encarando, logo abaixou o tom de voz — Não aconteceu nada de mais. Só que... minha melhor amiga, não é minha amiga, ela ficou com o garoto que eu gosto muito, e você não entende dessas coisas.

Claro que entendia, já tinha visto essa cena acontecer nas novelas e séries. Mas nunca imaginei que aconteceria com a Gabi, quer dizer, não é a primeira vez que chora por causa de um garoto, mas essa situação, é a primeira vez.

Que amiga falsa.

— É. — murmurei.

— Não conte nada para mamãe. — avisou Gabi apontando o dedo. — Senão eu te mato!

— Tá legal.

Gabi voltou a olhar a tela do celular, nisso a minha visão focou na rua. Algumas pessoas andavam tranquilamente, do outro lado da rua tinha uma casa rodeada por muros, em frente havia uma árvore. O rapaz parado na calçada olhava em nossa direção....

A jaqueta de couro preta...

As imagens que até então esquecidas do dia anterior, voltaram em minha mente como uma enxurrada de informações. Era aquele na qual carregava o corpo.

A primeira coisa que senti foi um enjôo, meu coração acelerou quase saindo fora do peito, por um instante não consegui me mover.

— Luiza? — chamou Gabi.

Eu continuei a observá-lo enquanto ele me fitava.

— Luiza? — gritou Gabi.

Eu virei o pescoço olhando para ela, tentando agir normalmente.

— Você está pálida. — murmurou ela. — O que foi? Viu algum fantasma? — ela se virou para a rua.

Ele tinha desaparecido.

— Não foi nada.

— Mamãe estava prestes a sair, mas subiu as escadas novamente.

— Me espere lá fora.

Nós estávamos nos preparando para ir ao mercado comprar alguns ingredientes para vovó fazer a torta de frango e a torta doce. Depois do ocorrido, permaneci no quarto por algumas horas, até que mamãe me chamou.

Quando bati a porta da sala, o vento frio quase congelou minhas bochechas. Nenhum raio de sol era capaz de atravessar aquela barreira densa e cinza. Andei devagar e abri o portãozinho.

Olhei para os dois lados da calçada, estava um pouco movimentado, duas crianças corriam perto de uma outra casa, a vizinhança jazia tranquila. Um carro preto com janelas da mesma cor passou na rua.

O Namorado da minha IrmãOnde histórias criam vida. Descubra agora