— Foi incrível. — Coloquei o caderno e o estojo em cima da mesa e pendurei a mochila na cadeira.
— Só isso? Quero detalhes! — exclamou Julia. — A decoração, o ambiente, as pessoas, a música, o tipo do bolo, os docinhos, o gosto, tudo.
— Não estão comentando sobre, eu necessito de informações para serem repassadas. — disse Amanda.
Ah, mas é claro. Sua prima com toda certeza deve estar se coçando para saber, não é?
Não estava a fim de explicar os detalhes da festa. A professora de português entrou na sala e fechou a porta. Nesse momento todos já estavam sentados à carteira, até Juliano, percebi que ele estava na sala.
— Depois eu falo. — murmurei.
— Fala agora! — sussurrou Julia.
— A professora está na sala.
— Para com isso, Julia. — disse Luana.
— A professora não vai se importar com assunto de festa de debutante. É uma velha ranzinza que só se importa em receber seu salário no fim do mês. - disparou Julia.
A professora pegou o livro e começou a escrever no quadro. Abri o caderno, peguei todas as minhas canetas coloridas e estalei os dedos. Dona Arlete tinha o costume de encher o quadro. Porém, era gratificante olhar o caderno e ver minha letra bonita e bem decorada. Antes de começar a copiar. Levei outro cutucão.
— Julia. — sussurrei — Para com isso!
— Naum. — respondeu ela com voz fina.
Julia me deu mais um cutucão.
— Posso fazer isso a aula inteira. — ameaçou ela.
A sala não estava completamente em silêncio. Alguns alunos conversavam em voz baixa. Mesmo assim, não queria abusar. Sei que Dona Arlete só se importava com seu salário, mas também sei que detestava falação em sala de aula. Eu poderia, sim, falar baixo, mas Julia não tinha esse talento, vivia tomando bronca dos professores por causa disso.
— Na hora do intervalo, eu conto.
— Recuso a esperar até lá. — gritou ela — Quero saber agora!
Alguns alunos viraram a cabeça para trás nos encarando com olhares de reprovação. Viu, não falei! Eu sabia que eles não estavam fazendo isso por mal. Acho que Dona Arlete não tinha paciência, só gritava e ameaçava chamar a pedagoga porque todo mundo tinha medo dela.
— Dá para vocês ficar em silêncio! — disse Igor.
— Cala a boca, Igor! — retrucou Julia.
— Garota chata. — murmurou Juliano.
— Cala a boca você também.
Julia e Igor passaram a discutir, os outros entraram na briga também. Não demorou muito e a sala estava em discussão. O estranho é que não ouvi os berros da professora. Olhei mais adiante e vi que a mesa dela vazia. Percebi que a porta da sala estava entreaberta e entendi. Ah, não. A professora chamou a inspetora. Nós todos estávamos perdidos.
Antes que pudesse avisar Julia, Dona Arlete empurrou a porta com uma carranca por trás dos óculos, voltou para o quadro e continuou a escrever na lousa branca. Isso não estava certo. Não era normal ela ficar em silêncio diante desse alvoroço todo... outra silhueta atravessou a porta, cruzou os braços, analisando cada aluno. Julia gritava, os outros discutindo. Eu engoli seco. Silvana franziu a testa com olhar bastante severo, observando os outros que até então não havia notado sua presença.
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O Namorado da minha Irmã
Vampir[ * em revisão * ] "Estava tudo normal, até eu ir naquela floresta...." Maria Luiza é uma adolescente comum que acabou presenciando algo aterrorizante. Ao voltar com sua rotina normal, esquecendo-se da cena apavorante, pensou estar segura. O que el...