Complicações

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Não sabia o que fazer, simplesmente não sabia o que responder.
-Andrew eu... Eu não sei o que falar...
Ele sorriu.
-Acho que poderia dizer sim.
Eu queria aceitar, eu queria ser a namorada dele, mas tinha medo, tinha medo de me decepcionar, medo de sair magoada no final. Estava tão perdida em meus pensamentos que esqueci que estava ali.
-Hellena?
Tinha medo em sua voz.
Olhei pra ele e sorri.
-Sim.
Ele se inclinou e me beijou. Quando paramos ele saiu do carro e abriu a porta pra mim. Me levantei e me afastei para fechar a porta. Assim que fechei ele me empurrou contra o carro e me deu um beijo calmo. Quando paramos ele me pegou no colo e me levou até a porta.
-Quer entrar?
-Acho melhor não. Amanhã eu passo aqui pra te levar para a escola namorada.
Namorada, era isso mesmo? Ele havia me chamado de namorada? Eu era a namorada dele, finalmente alguma coisa estava dando certo pra mim.
-Ta bom namorado.
-Ele me deu um selinho e voltou para o carro, fui mancando até a sala e peguei minhas muletas.
Subi as escadas e fui para o meu quarto. Pelo silêncio que estava na casa o Nick não estava.
-Droga, vou ter que dormir sozinha.
Olhei a hora em meu celular e era cerca de 20:00, nossa o tempo havia passado muito rápido.
Fiquei deitada relembrando cada segundo do meu dia perfeito, cada beijo, olhar, abraço, tudo, o dia havia sido perfeito. Meu celular apitou avisando que havia chegado mensagem.
#-Andrew: Oi namorada, como você está?
#-Eu: To bem e vc?
#-Andrew: Com saudade da minha namorada.
Eu ri ao ler aquela mensagem.
#-Eu: Seus pais brigaram?
#-Andrew: Não, só reclamaram pq eu não havia dito onde iria.
#-Eu: Eles te cobram isso?
#-Andrew: Sim... :/
#-Eu- Você já tem 18 anos, eles eram pra te liberar mais.
#-Andrew: Hellena, depois de amanhã não tem mais aula devido ao carnaval, quer viajar comigo pra Porto Alegre?
#-Eu: Querer eu quero, mas tenho que ver com o Nick.
#-Andrew: Vê com ele.
#-Eu: Vou ver sim.
#-Andrew: Ele ta em casa?
#-Eu: Não, ainda não chegou e nem sei se volta hoje.
#-Andrew: Quer que eu durma aí?
#-Eu: Pode ser, mas trás roupa pra você não precisar acordar cedo e passar em casa.
#-Andrew: Blz, vou jantar com minha família e vou.
#-Eu: Ok.
#-Andrew: Até daqui a pouco namorada.
#-Eu: Até.
Fui tomar banho e lavar meu cabelo.
Quando me dei conta estava rindo sozinha em baixo do chuveiro. Eu tinha um namorado e ele era lindo, romântico, cuidadoso, gostoso etc.
Saí do banho, me enrolei na toalha e fui para o closet, peguei um short de pijama e uma blusa curta. Coloquei e resolvi descer para esperar o Andrew. Meu celular tocou.
#Alô?
#Hellena?
#Sim.
#É a sua mãe.
#Oi mãe.
#Cadê o Nicholas?
#Não está aqui.
#E onde ele está?
#Comprando pizza pra mim.
#VOCÊ SÓ SABE EXPLORAR SEU IRMÃO, É INCAPAZ DE SAIR DESSA MERDA DE QUARTO E IR FAZER ALGO PARA VOCÊS COMEREM, VOCÊ NÃO PODE SER MINHA FILHA, EU NÃO TERIA UMA FILHA ASSIM, SEU PAI ESTAVA CERTO VOCÊ NÃO ERA PRA TER NASCIDO, VOCÊ É UM ERRO. QUER SABER? VOU DESLIGAR, MANDA SEU IRMÃO LIGAR PRA MIM.
Ela desligou na minha cara e meus olhos se encheram de lágrimas, não aguentava mais aquilo, não aguentava mais ser tratada daquela forma, não queria mais aquilo, eu precisava por um fim. Corri sem as muletas até o banheiro, onde peguei uma navalha e me sentei no chão, eu precisava daquilo, eu precisava da dor, eu precisava esquecer, eu precisava morrer, afinal eu não era nem para ter nascido. Não conseguia parar de chorar, fiz diversos cortes tanto nas pernas quanto nos pulsos e fiquei ali, no chão, sangrando e chorando imensamente.
Escutei Andrew batendo na porta da sala. Ele acabou entrando e trancando a porta.
-Hellena?
Não respondi, fiquei ali quieta esperando que ele não me procurasse no banheiro. Escutei o barulho de algo caindo no chão e Andrew começou correr pela casa. Encostei minha cabeça na parede e voltei a chorar. Estava ficando sem forças devido ao excesso de choro e a perda de sangue.
Andrew começou a bater na porta e mexer na maçaneta, eu não tinha mais forças para me levantar.
Ele chutou a porta e a arrombou.
-He...Hellena. Você está bem?
Não respondi, não tinha forças pra isso. Ele me pegou no colo, eu estava muito mole e não conseguia me segurar. Um rastro de sangue se formava enquanto ele me levava do banheiro até o sofá. Ele me colocou deitada e foi pegar a caixa de primeiros socorros.
-Andrew.
Eu estava fraca demais para falar.
-Vai ficar tudo bem, nenhum foi muito fundo, mas foram muitos então você esta perdendo muito sangue.
-Des...Desculpa.
Ele fez carinho em meu cabelo.
Com muita paciência ele limpou e enfaixou meus pulsos. E depois foi para minhas pernas onde estava sangrando menos. Depois que limpou todos os meus cortes eu peguei meu celular que estava no chão perto do sofá e ele me levou para minha cama.
Me deitei e ele se deitou do meu lado.
Ficou me olhando enquanto segurava minha mão.
-Deixa eu cuidar de você.
Fechei os olhos e adormeci.
Acordei não sei que horas, o meu despertador não havia tocado. Vi Andrew no banheiro escovando os dentes. Olhei meu celular e havia uma mensagem do meu pai, mas estranhamente ela já estava lida.

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