O Orfanato

Capítulo 10

[...]

Passando o dia no parque e depois da última aparição de criança, não vi mais nada. Fomos em quase todos os brinquedos do parque, e em alguns shows.
Já era 8:45 PM e ia começar o show de encerramento. Tínhamos acabado de comer e estávamos indo para o local do show.
Aquele lugar era enorme, tinha um grande palco no centro. Nos sentamos na frente.

– Alguém já foi em um teatro antes?

– Moramos em um orfanato juntos, acho que ninguém foi não acha?

– Não sei, vocês saem a um tempo, achei que já tivessem ido.

– Nunca fomos Kim.

– Eu já fui.

– Sério Emily?

– Sim, com minha mãe, quando eu era pequena. Não me lembro muita coisa.

As luzes se apagam e ficamos em silêncio, logos as cortinas são abertas e um homem vestido de terno surge de trás delas.
Conta o que terá no teatro hoje.

– Orfanato.

– Isso só pode ser brincadeira.

– Calma Kim.

Em poucos segundos o palco é preenchido por crianças de diversos tamanhos. Todas estavam uniformizadas. Assim sentaram em uma roda no chão.
Todas deram as mãos e pronunciaram umas palavras juntas.
Uma garotinha morena, com cachos e olhos verdes se levanta com um lenço na mão e vem até à frente do palco. Ela coloca o dedo em frente a boca para que nos mantivéssemos em silêncio e começa a correr ao redor do círculo de crianças. Todas estavam de mãos dadas cantando um versinho da brincadeira que estavam fazendo. A garotinha sorri para a plateia e solta o lencinho atrás de um garotinho, ele era bem claro e seus olhos era pretos e seu cabelo castanho. Ele assim ajunta o lenço e sai correndo atrás da garotinha que some atrás da cortina que não estava totalmente aberta. O garotinho para e fica encarando ela com os olhos arregalados.
A cortina termina de ser aberta e vemos a garotinha caída no chão virada de costas para nós. Todas as crianças se levantaram e viraram para garotinha.
Uma menininha ruiva se aproxima da garotinha e a vira para cima.
Seu rosto estava deformado, como se alguém tivesse feito aquilo com ela, um lado parecia queimado e o ouro estava sangrando e roxo. A menina olha pra trás da garotinha e se levanta e corre rapidamente para o meio das crianças é uma mulher, bem mais velha e enorme sai de trás da cortina. Todas as crianças permanecem a encarando. Ela pega a perna da garotinha que estava caída no chão e a arrasta para trás das cortinas.

– Mas o que que está acontecendo?

– Calma Kim.

As crianças fazem uma pequena roda entre elas e começam a conversar.

– Ela quer se vingar da gente.

– Ela ia ser adotada, por isso morreu.

– Ela não pode fazer isso.

– Mas ela está com raiva.

– Daqui a uma semana vão vir vários pais aqui.

– Todos vamos morrer.

– Não vamos morrer.

As palavras daquelas crianças foram entrando na minha cabeça de um jeito que foi me deixando mais confusa, e se o garotinho quisesse me matar?
Mas porque ele só aparece pra mim?
É aquela garotinha de hoje de manhã?

– Temos que fazer alguma coisa.

– Não temos o que fazer.

– Fugir.

– Mas como? Os muros são muito altos.

– LÁ VEM ELA.

Uma das crianças grita e uma garotinha sai de trás das cortinas com algo cobrindo o rosto. A partir disso não vi mais nada. Assim que acordei estava no camarim dos atores. Meus amigos estavam ali comigo.

– Você está bem?

– Estou sim.

– Por que você desmaiou Kim?

– Não sei, talvez minha pressão baixou.

– Quer assistir o fim do show?

– Ainda estão apresentando?

– Sim, mas já está acabando, podemos assistir daqui de trás.

Assim que chegamos no palco o show já havia acabado e estavam fazendo os agradecimentos quando chiaram a gente para subir no palco. Fomos até lá e disseram que éramos do orfanato e falou um pouco sobre nós.
Eu já não sabia o que estava acontecendo, mas pra finalizar pediu para que as crianças nos abraçasse. Assim vieram todas as crianças em cima de mim e me abraçaram, fechei os olhos e sorri, assim que abri meus olhos os olhinhos negros de todas as crianças me encaravam, e suas feições mudaram para raiva.
O que está acontecendo? Vi o garotinho atrás de todas aquelas crianças, ele acenou para mim.