ERA Novels - a sua novela medieval

episódio 03 :: O CASAMENTO

Texto de: Edson Lemes Júnior "Druida das Pradarias"
ANO DE ERA: 1649

O jovem Leonel já na aguentava mais a viagem. Para ele era uma eternidade e Quelenthor não chegava nunca, apesar da caravana viajar pela ROTA DA MAGIA, uma estrada pavimentada e de fácil movimentação, permitindo assim uma viajem mais rápida e mais segura.

A caravana seguia com três carruagens, escoltada por um grupo de sessenta homens. A carruagem estava destinada a levar Leonel, seu irmão Eduard e o seu pai Arthur, apesar de que o pai e o irmão raramente permaneciam na carruagem, passando a maior parte do tempo cavalgando ao lado do pequeno batalhão que os acompanhavam, as outras duas menores transportavam roupas e presentes para a corte.

A frente um cavaleiro sempre seguia com a bandeira dos Valérius em haste, apresentando a todos que cruzassem seu caminho que o Marquês atravessava o reino em direção a capital. Leonel só podia esperar. Da janela algumas vezes ele conversava animadamente com algum soldado, mas isso aquietava apenas por pouco tempo o tédio que ele sentia pela viagem. Leonel sentia falta de seu amigo, um jovem da mesma idade, filho do general do exército Valérius conhecido apenas como Jocah. Apesar dos níveis sociais tão distintos, seu pai permitia a amizade entre os dois jovens uma vez que tinha grande prestígio e amizade pelo seu general. Mesmo assim não permitira que ele trouxesse o jovem rapaz, alegando que a corte não era lugar para alguém sem descendência nobre.

Leonel sentia-se ansioso por conhecer a capital, tão falada por seu pai, além de ansiar em conhecer os príncipes, que também eram seus primos e é claro, os Menorianos – soldados da guarda pessoal do rei.

***

Leonel já dormia em sua carruagem quando os gritos de ordens dos homens da caravana o acordam. Ele olha pela janela e pôde ver a cidade que surgia a sua volta, uma grande muralha iluminada com tochas erguia a sua frente e os cavaleiros se espalhavam em torno da carruagem. Ele pode distinguir seu pai e irmão a frente do portão conversando com dois guardas, também pode vê-lo reverenciar seu pai e dar as ordens para que abrissem os portões. Já devia ser tarde da noite, mas a emoção encheu o coração de Leonel e qualquer resquício de sono que houvesse havia ido embora, ele estava em Quelenthor.

Com o portão aberto, a comitiva seguiu seu destino, Leonel não tirava os olhos da janela da carruagem, apesar de ser noite ele pode notar as grandes construções naquela área da cidade, casas com imensos jardins, estátuas de nobre e lampiões pendurados em postes a cada duzentos metros. Pelo pouco conhecimento que ele tinha, aquela devia ser a área conhecida como Cidade Interna, ele sabia que ali ficava o Forte Menoriano e ia de uma janela a outra tentando encontra-lo.

Notou que seu pai havia dispensado grande parte a tropa, agora só restavam as três carruagens, os cavalos de seu irmão e de seu pai e os três capitães que os acompanhavam. Aos demais soldados haviam sido permitidos que permanecessem na cidade baixa até a partida dos Valérius que ocorreria após o casamento de seu irmão.

Seu pai nunca foi a favor deste casamento, ele não achava certo que Eduard se casasse com a filha de um simples barão, um vassalo de sua família, mas Eduard havia se apaixonado pela encantadora jovem quando seu pai o levara a uma visita ao baronato de Altaniel. Desde então Eduard infernizou a vida do pai, a fim de convencê-lo sobre o casamento e acabou vencendo-o pelo cansaço.

Finalmente a comitiva chega aos portões do castelo, Leonel sente-se decepcionado por não ter visto o forte Menoriano. Seu irmão pára o cavalo ao lado da janela da carruagem e diz:

- E então irmãozinho, acordado a esta hora? O que achou da capital?

- Não vi o forte Menoriano, queria ver com meus próprios olhos tudo o que me contou. – Diz Leonel apoiando o queixo na janela com um ar desanimado.