Capítulo 5

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Srta. Griebel

Era ele. O garoto da sacola, que Caitlin quase atropelou. Ele tinha uma mão no bolso da calça moletom branca e a outra segurava um caderno, com uma capa esportiva. Caminhou de cabeça baixa e se sentou no fundo da sala. Fiquei algum tempo olhando para ele, examinando-o. Nossos olhares se encontraram mas ele logo tratou de desviar. Cutuquei Caitlin, que fingia estar interessada na aula.
- E ele. - eu disse.
- Sim, estou tão passada quanto você, mas que corptchio heim?. - ela disse, em um sussuro o mais discreto possível.
- Caitlin! - censurei, sorrindo.
Desviei o olhar do novato, assim que percebi que Ian me examinava com os olhos.
E, voltei minha atenção para o sr. Rígido, que agora fazia rabiscos no quadro negro.
Nicolas Andriolli, esse era o nome dele. Sei disso, não porque, de repente, virei a BFF dele, mas porque Harry, nosso professor de literatura, fez questão que ele se apresentasse.
Os dias passavam e ele, ainda não havia se enturmado. E, pelo que parecia, não fazia a menor questão disso.
- Eles não investigam as fichas criminais das alunos, não? Não podem deixar qualquer um entrar na escola assim. Ele pode muito bem ser o assassino da machadinha. - satirizou Caitlin, durante o intervalo, com seu humor de sempre.
Não segurei a risada.
- Menos Cattie. Não acho que ele seja um criminoso desse nível.
- sério, sua mãe deveria fazer aliança com a diretora da escola. Pelo bem da sociedade. - brincou. Eu dei de ombros.
Caitlin e eu, fomos as últimas a sair da sala de aula. O motivo? "Operação evitar Ian". Ele estava parado do lado de fora, no corredor, conversando com alguns garotos - ele estava sempre lá no final da aula, fazendo as mais diversas coisas. Talvez ele ainda tivesse esperança de falar comigo.
Professor Harry Sarkozy, arrumava seu material dentro da pasta de couro:
- Senhorita Griebel, pode me fazer um favor?
- Pois não, professor Harry.
Harry, era jovem, cabelos ruivos e olhos castanho-claros, marcantes.
Caitlin me esperava na porta. Todos já haviam saido.
- Entregue esse livro para o Sr. Andriolli e diga a ele para fazer uma resenha- crítica sobre o mesmo.
O livro era " Crime e Castigo, de Fiódor Dostoiévski" Cujo o qual haviamos lido, discutido e resenhado na semana passada.
Assenti, hesitante para o professor, mesmo sabendo que o Novato estava a passos longe do Colégio. Ele sempre era o primeiro a sair.

Sr. Andriolli

Enfrentar o Colégio, depois de três anos, não estava sendo fácil. Todos os que eu conhecia já haviam terminado o ensino médio. E, por todos os cantos haviam lembranças. Lembranças cruéis, de tempos bons, que foram arrancados de mim - que eu sempre tentava afastar da minha mente. Sem êxito algum.
No intervalo, eu optava por não sair. Ficava sentado na sala de aula, rabiscando qualquer coisa no caderno. Ouvindo, os risos e gritarias dos adolescentes brincalhões, no refeitório, procurando alguém para zombar, fazendo dele seu passatempo.
Ninguém fez questão de fazer amizades comigo. E tinham motivos, para isso: Se você é popular, você tem milhares de amigos ao seu lado; caso contrário, você será apenas um forte candidato para ser o saco de pancadas dos veteranos. E, sejamos sensatos, o meu nível de popularidade estava no vermelho.
"Em um mundo conduzido pelo poder, o "ter" fala mais alto do que o "ser."
Essa foi a minha reflexão do dia. Bem clichê, eu sei.
O Colégio agora oferecia aulas de música. Mas, as que haviam sido ministradas eram, todas teóricas, um embasamento para as aulas práticas.
O que era, extremamente, bom, não estava preparado para isso.
Ao findar da aula, eu era, sempre, o primeiro a sair. Sentia nostálgia do conforto do meu quarto. Do silêncio que só ele podia me oferecer.
Estava voltando para casa, as Mãos descansavam no bolso, capuz sobre a cabeça - dando passos a mais só para evitar a casa n° 11 - Quando Ouvi o barulho de um carro, em velocidade reduzida, atrás de mim. Lancei um olhar por sobre os ombros, mas a luz que emanava pelos faróis do veículo ofuscou minha visão.
Logo ele estava, emparelhado, ao meu lado. Confesso, que senti uma pontada de medo. A cidade não era, cem porcento, segura a noite.
A porta do carona, da saveiro cross amarela, se abriu. E, a garota de cabelos cinza caminhou, hesitantemente, até mim.
- Professor Harry, pediu para te entregar. Ler, e resenhar - ela estendeu a mão com um livro.
Peguei.
- Obrigado.
E segui andando.

Srta. Griebel

Eu, confesso, me segurei para não indaga-lo sobre o dia da sacola.
- Só isso? - perguntou Caitlin, quando voltei a me sentar no banco do carona.
- Sim.
Ela deu de ombros.
- Ele não gosta muito de falar - analisou ela.
Foi a minha vez de dar de ombros.
- Como ele é de perto? Qual a cor dos olhos?
- Não sei, não reparei nisso - disse.
- Hm, você tem que aprender a "escanear" os boys, Demi.
- Estou de boa. Da próxima, você faz o seu análise crítico.
- Deixe comigo
Caitlin riu.
Ela girou a chave , e acelerou.

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