Prólogo

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                             "Ai de vós, oh, terra e mar

                               Pois o demônio envia a besta com ódio

                               Porque ele sabe que o tempo é curto

                               Deixe aquele que compreende reconhecer

                               O número da besta porque é um número humano

                               Seu número é seiscentos e sessenta e seis"

                                                                    The Number Of The Beast - Iron Maiden



Um menino brincava no quintal.

Já era noite, ele estava brincando desde as três da tarde. A mente de uma criança é uma coisa realmente impressionante quando se trata de criatividade, em apenas uma tarde ele já havia sido um pirata, um soldado, um imperador e agora era um astronauta explorando marte pela primeira vez.

- Vamos Lili - disse ele para sua cadela que naquele momento era seu robô ajudante - Temos que explorar o planeta para colher amostras e tentar encontrar outras formas de vida.

A cadela deu um pequeno latido como se estivesse concordando e seguiu seu dono que estava prestes a subir no pé de jabuticaba que tinha no fundo do quintal.

- Olhe aquelas pequenas esferas negras, seriam alguma espécie de fruto?

A cadela deu outro latido.

- Tem razão Lili, vou subir e colher para testes.

Ele subiu no pé de jabuticaba para pegar as poucas jabuticabas que ainda restavam na parte alta do pé, já que as que estavam mais embaixo já haviam sido todas colhidas.

Pegou algumas e la de cima mesmo já colocou algumas na boca. Estavam doces e saborosas.

- Tome Lili, armazene algumas amostras.

A cachorra deu um latido empolgado enquanto abanava o rabo. Ele jogou uma jabuticaba e Lili a apanhou no ar. Não sabia se era normal cachorros comerem jabuticabas, mas a dele comia, e muitas se deixasse.

Olhou para cima procurando mais dos pequenos frutos e viu uma bem grande, ele adorava aquelas e sua boca se encheu de água aquela visão.

Estendeu a mão para pega-la quando um grito o assustou e ele quase caiu. Era sua mãe chamando ele para ir para dentro.

- Você já brincou muito. - gritou ela da porta da cozinha que dava para o quintal - Vem tomar um banho para jantar, e espero que você não esteja comendo jabuticabas!

- Já vou mãe, espera só um pouco.

Ele ia, mas antes precisava daquela jabuticaba, estava chamando ele.

Se o menino tivesse obedecido sua mãe, tivesse descido do pé de jabuticaba e entrado para dentro naquele momento em que ela mandou, ele não teria visto o que veio a seguir, teria tomado um banho agradavél e comido uma boa comida, teria dormido tranquila e confortávelmente, acordaria muito bem no dia seguinte e continuaria sua vida, poderia viver muitos anos, formar sua própia familia, ter filhos e netos e no final morrer feliz.

Mas não foi isso o que ele fez.

E consequentemente não foi isso o que aconteceu.

Estendeu o braço novamente e então outra coisa fez ele se assustar, porém desta vez não foi um grito. Alguma coisa se mecheu no mato alto no fundo do quintal. Fazia algumas semanas que seu pai não cortava por isso já estava com uma boa altura, aonde até mesmo uma pessoa adulta podia se esconder se quisesse.

Lili começou a latir. O mato voltou a se mexer. Rapidamente o menino desceu da árvore para ver o que era. Seu primeiro pensamento é de que era algum gato, pois os muros em volta de sua casa eram grandes demais para que qualquer outra coisa pulasse e isso também explicaria o fato de sua cachorra estar latindo tanto.

- Calma Lili, quieta.

Ele tentou acalmar a cadela mas ela não parava de latir. Desistiu então e foi ver o que estava causando todo aquele alvoroço.

Seu primeiro pensamento foi de que estava certo e que era uma gato. Mas então notou que o que quer que fosse aquilo era grande demais para ser um gato. era grande até mesmo para um cachorro grande.

No começo ele só viu o tamanho e os pelos negros e grossos da criatura. Então um cheiro podre invadiu suas narinas.

Ele pensou em se virar e correr mas não conseguiu. Foi como se seus pés ficasse presos no chão. Atrás dele Lili não parava de latir.

O menino começou a se apavorar, o medo tomou conta de seu corpo, ele tentou gritar mas sua voz não quis sair. Era um pesadelo se tornando real.

Foi então que ele ouviu a voz.

- Calma criança. Não precisa gritar.

Ela vinha do lugar aonde estava a criatura. Ela então se levantou e o menino se viu na frente de um metro e meio de escuridão com um par de olhos amarelos cheios de crueldade.

A voz falou de novo mas desta vez num tom gutural.

- Não sabe que no inferno os gritos não são ouvidos.

Sangue NegroOnde histórias criam vida. Descubra agora