Douglas voltava da lotérica comendo um delicioso pão de queijo.

Muitas vezes quando seu pai não tinha tempo, ele pedia para Douglas ir até a lotérica pagar umas contas. Douglas nunca reclamava, ainda mais porque podia ficar com o troco.

Tinha ficado poucos minutos na fila e logo saiu de lá. Passou em frente a uma loja que vendia pães de queijo por 10 centavos e resolveu comprar alguns.

Voltava devagar, sempre tentando andar na sombra, o suor escorria aos montes por seu rosto, esse era um dos motivos de não gostar de calor.

Virou uma esquina e se deparou com um morro. Já sabia da existência deste, mas isso não o animava a subi-lo.

Começou a subir quase morrendo de preguiça, quando se lembrou que era naquele mesmo morro que ficava a mansão que diziam estar escondido o demônio e que Verônica insistia tanto em entrar.

Isso o animou a subir um pouco mais rápido, queria dar uma olhada em alguns detalhes, antes de chegar o final de semana.

Chegou na frente da mansão. Ela tinha um estilo antigo que Douglas não sabia identificar como gótico ou romântico, em alguns lugares havia rostos esculpidos que faziam ele se perguntar por que as pessoas gostavam de fazer aquilo nas casas. Na frente tinha um pequeno muro e um portão de ferro, em um lugar do muro havia um buraco, fechado por uma cerca de arame que não segurava praticamente ninguém, principalmente os casais de foliões bebados que entravam ali na época do carnaval.

Douglas foi olhar a cerca mais perto quando uma cabeça emergiu para fora. Ele se assustou a pessoa ergeu a cabeça e ele viu que a conhecia.

- Cristian?

Cristian olhou em volta surpreso quando ouviu seu nome.

- Douglas!

- O que você estava fazendo ai?

Cristian ficou boquiaberto sem saber o que responder.

Douglas olhou para a mansão de novo, olhou para Cristian. Ergue as sobrancelhas exigindo uma resposta.

- Calma - Cristian ergeu as mãos - Eu posso explicar, não é nada absurdo.

- Então explique.

Cristian soltou um suspiro.

- Eu estava curioso, queria vir aqui logo, não podia esperar até o final de semana.

Douglas estreitou os olhos.

- Sei...

- É verdade.

Ele encarou Douglas.

- Você não acredita não é?

- Não.

Cristian olhou em volta incomodado, como se tivesse sido pego fazendo algo errado, o que de certa forma era verdade. Douglas esperava uma resposta calmamente enquanto comia mais um pão de queijo.

Cristian soltou mais um longo e profundo suspiro e finalmente disse:

- Tudo bem - ele encarou Douglas seriamente - Vou te contar a verdade.

- A verdade, sobre o que?

- Sobre tudo Douglas.

Douglas não sabia exatamente o que aquilo queria dizer.

- Prossiga.

- Não da pra contar aqui.

- Por que não?

Sangue NegroOnde histórias criam vida. Descubra agora