Douglas estava na igreja de novo.

Desta vez ela estava mais sombria, escura. Os bancos estavam cheios com mulheres e homens, todos segurando velas acessas que lhes iluminavam os rostos sem expressões.

O chão da igreja estava encharcado de sangue, e nas paredes haviam marcas estranhas que ele não soube dizer o que era.

Ele estava na frente da igreja de costas para o altar, quando um arrepio subiu por suas costas. Não queria se virar, sentia que alguma coisa terrível estava lá, alguma coisa assustadora e perigosa.

Mas então ele começou a se virar sozinho, sem ter controle sobre suas ações, tentou fechar os olhos mas também não conseguiu.

Atrás do altar, havia uma figura horrenda um homem velho com uma barba cinzenta comprida seus olhos eram amarelos e sombrios, na mão esquerda segurava um punhal e não mão direita a cabeça de um bode recém decapitado.

O velho começou a murmurar palavras estranhas numa língua que ele não conhecia, então as pessoas nos bancos se levantaram e começaram a caminhar como zumbis na direção de Douglas, cercando ele de todos os lados.

Douglas tentou gritar, mas não saiu voz, ele levou as mãos a garganta. Os rostos das pessoas começaram a derreter revelando mascaras horrendas.

Foi quando Douglas acordou deitado em sua cama, suando.

Ele se sentou. Respirou fundo. Ja era o quarto pesadelo essa semana.

Olhou a hora no celular em cima da mesinha, eram 3 da manhã, a janela do seu quarto estava aberta, deixando entrar a luz da lua. Devia fazer uns 25 graus, típico verão brasileiro.

Ele levantou e foi até a janela que dava visão para o quintal, dava para enchegar bastante pois a lua estava cheia.

Relaxou com os braços apoiados na janela quando alguma coisa fez barulho no fundo do quintal, ele se assustou de inicio, mas então Ralf saiu das sombras, foi até a janela e ficou em pé com as patas apoiadas na parede, enquanto seu dono coçava sua cabeça.

Ele pensou de novo no pesadelo. Eles vinham acontecendo cada vez com mais frequência desde o episódio da igreja, ele não sabia seus significados, e já estava ficando bastante incomodado com eles.

Fazia um mês que aquilo havia acontecido e até hoje as pessoas ainda comentavam, a cidade havia piorado muito desde então.

Grupos religiosos, católicos, evangélicos, espíritas e alguns menores começaram a tomar conta da cidade, se comentava sobre um susposto apocalipse, um fim dos tempo que estava aterrorizando as pessoas ainda mais.

Quase todos se envolveram com algum culto religioso com intenção de salvar suas almas e alguns dos mais extremistas como os evangélicos, começaram a pregar pelas ruas da cidade, arrastando mais e mais pessoas com eles.

No começo Douglas não deu muita importância pra isso, porém a coisa começou a ficar mais séria, as ruas começaram a lotar de pessoas que andavam pela cidade inteira, com carros de som sempre anunciando a salvação em volumes estrondosos, como já e de costume dos evangélicos. Os anúncios começavam cedo e só terminavam quando o sol começava a se por e o medo tomava conta deles.

Como se não bastasse, crenças começaram a bater de frente e começou um espécie de guerra civil religiosa de evangélicos - não todos, mas em sua maior parte intolerantes - e outros grupos religiosos.

Douglas achou aquilo tudo um absurdo, e se perguntou se algum dia a religião ia parar de criar guerras na humanidade, uma coisa que fazia desde os tempos mais primórdios.

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