Todos nós temos uma vida, mas cada um tem a sua história, e esta é a de Ana.
A menina de longos cabelos ondulados, pele morena cor de jambo, olhos amendoados e um sorriso encantador, personagem principal de uma história envolvente onde os ingredientes principais trazem uma mistura de dor, solidão, abandono, rejeição crueldade, mas acima de tudo muita esperança. Esperança essa que ira levá-la ao encontro do maior sentimento de todos, sentimento esse que mudará para sempre sua vida!
Em uma manhã de primavera, sentada na varanda, Ana, entristecida por ter pego catapora e não poder brincar com as primas, observava atentamente as folhas amareladas que cobriam o estreito caminho que levava até o riacho.
Enquanto isso sua mãe na cozinha iniciava o almoço e, no quintal , seu pai preparava o cavalo o para ir até o vilarejo comprar alguns mantimentos que faziam falta.
A sela vermelha e surrada chamava sempre a atenção de Ana, pois achava que o Tropeiro ficava parecendo um rei com aquela sela. (Tropeiro foi o nome que Ana havia dado ao cavalo assim que seu pai o comprou).
Depois de preparar o cavalo e observar que a filha estava aborrecida, Cecílio tentou agradá-la prometendo trazer lhe doces, pois sabia que isso alegrava a menina que de imediato abriu um largo sorriso.
Beijando suavemente a testa da filha saiu, galopando, rumo ao vilarejo e como sempre Ana ficou olhando até o pai desaparecer na empoeirada estrada de chão.
- Ana vamos brincar ? - chamou sua irmã Maria, trazendo junto as bonecas de pano que sua mãe havia feito. (Laura era o nome da boneca de Ana e Teresa era o nome da boneca da irmã.) E assim passaram a manhã brincando.
- Meninas, chega de brincar ! Vão lavar as mãos para virem almoçar. – Disse a mãe
O pai já havia voltado, trazendo os doces prometidos.
Todos sentaram na velha mesa de madeira, saboreando o delicioso almoço que dona Josefa havia preparado com todo carinho.
A tarde parecia não passar para Ana, enquanto a irmã estudava as lições de casa e sua mãe costurava, Ana ficava inquieta procurando o que fazer, queria mesmo era estar lá fora brincando mas, já que não podia tinha que se contentar em brincar com os pequenos retalhos que sobravam das peças que sua mãe fazia.
A noite veio chegando de mansinho, trazendo junto uma leve chuva.
- Hora do banho! - anunciou a mãe
Junto com a irmã, Ana foi tomar banho. Com muito cuidado, Maria a ajudava, pois tinha que ter um cuidado especial por causa da catapora.
- Como seu cabelo esta grande Ana - dizia Maria ao pentear o cabelo da irmã
- O seu também... Com o cuidado e o carinho que mamãe trata dos nossos cabelos.
Depois do banho e jantarem uma saborosa sopa, todos se preparavam para irem dormir.
Seu pai e sua mãe, como de costume ainda iriam tomar um chá de hortelã antes de se deitarem. O fogão aceso aquecia a cozinha, deixando um clima aconchegante, eram nessas horas que Cecílio e Josefa aproveitavam para conversar um pouco enquanto tomavam o chá.
Esse momento era sagrado para os dois.
— Ai, Cecílio estou me sentindo tão cansada.
- Também meu amor, você cuida casa, cuida das nossas filhas e ainda me ajuda na lavoura, tem que descansar mais, eu já te disse.
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O olhar da inocencia
RomanceIntrodução Esta história é baseada em fatos reais. Aconteceu nos anos 60 e relata a pureza e a inocência de uma menina, cujo nome é tão simples como sua história: Ana. Simplesmente Ana. Ana é uma menina vinda de origens muito humildes, que teve uma...