Capítulo 4

8 2 0
                                    


4

Capítulo

Como seguir em frente?

Sentada à beira do riacho, com o olhar perdido em meio ao horizonte, com o coraçãozinho apertado de tantas saudades, ainda podia sentir o cheiro da mãe. Quanta tristeza, quanta dor... Um vazio tão grande que nem mesmo a beleza das flores, o cantar dos pássaros, o brilho das águas do riacho, a suave brisa que lhe tocava o rosto, conseguiram afastar aquele vazio.

A morte da mãe havia construído na vida de Ana uma fortaleza chamada tristeza, que ninguém conseguia destruir. Pobre menina!

— Como voltar a sorrir e seguir em frente?

Ainda sentada na beira do riacho, nem percebeu a aproximação da sua irmã.

— Aninha, o que faz aqui sozinha? Vamos para casa.

Ana abraçou a irmã, chorando.

— Tenho muitas saudades da mamãe... Queria muito que ela tivesse aqui.

— Eu sei, Aninha, eu também queria, mas não podemos fazer nada. O que acha de irmos brincar? Vamos chamar as primas?

— Não quero, não — respondeu num tom choroso — Só quero ficar aqui pensando... Assim parece que ela ainda está aqui.

Maria não se aguentou e começou a chorar também. E as duas permaneceram ali até o pôr-do-sol.

A noite caiu negra como a dor. Pai e filhas conversaram e logo foram dormir, ou pelo menos tentar.

A noite foi longa e difícil.

Os dias foram passando... Apesar da imensa saudade que sentiam da mãe, tinham que seguir em frente.

"— Como seria agora a longa jornada sem sua mãezinha?" — pensava Ana.

A maior parte do tempo Ana se refugiava no riacho, e ali tentava suportar a terrível dor que invadia sua alma, parecendo querer rasgar o seu ser.

Os dias iam passando e Ana parecia que não iria suportar aquela dor.

Anoitecia, amanhecia e nada mudava, apenas a dor e a saudade é que aumentavam, tornando cada dia mais difícil de suportar a falta que sua mãe fazia.

Ana já não brincava mais, estava sempre calada como se tentasse buscar respostas através do silêncio, e por mais que tentasse lutar contra a dor e a saudade, as lembranças invadiam sua alma, fazendo suscitar uma profunda tristeza.

O olhar da inocenciaOnde histórias criam vida. Descubra agora