2 Capitulo

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Capítulo 2

A primeira dor. A descoberta da doença da mãe

Ana e Maria estavam eufóricas. Era dia de festa! Todos iriam se reunir na casa da tia Cecília a qual era irmã gêmea de seu pai. Aos sábados os colonos se reuniam jantar de agradecimento por a semana ter sido boa. E logo após o jantar, dava-se início ao grande baile que iria até o sol raiar, e isso era motivo de alegria para as crianças, pois enquanto os adultos dançavam, elas brincavam.

Maria que tinha seus treze anos queria dançar, mas acabava indo brincar. O baile era só para os adultos. Depois, as meninas se reuniam debaixo do pé de limão, sentadas em um banquinho de madeira, para conversar e contar histórias. Noite linda céu estrelado... E o cheirinho de jasmim se espalhava pelo ar. Noites assim ficariam gravadas para sempre na memória de Ana.

Seria aquela a última noite de alegria?

Não... Não era isso que passava pela cabecinha de Ana, que olhava atentamente para o céu, e agradecia a Deus por ser tão feliz. Findou a noite.

Àquela manhã ensolarada, Ana acordou assustada ao ouvir vozes de outras pessoas. Estranhou. Era tão cedo... e já tinham visitas em casa?

Pulou da cama e foi correndo em direção à sala. Seu pai parecia tenso, nervos. Foi então que Ana percebeu que algo de errado.

Desesperada gritou:

— Pai, o que esta acontecendo? Cadê a mamãe?

Antes que o pai pudesse responder, Ana viu a sua madrinha saindo do quarto da mãe. Naquele momento mil coisas passaram por sua cabecinha.

- Nãoooo! — gritou num impulso, entre lágrimas.

— Calma filha, não foi nada. — disse o seu pai. abraçou-a, tentando acalmá-la.

É que a mamãe não esta muito bem.

Naquele instante o mundo pareceu ruir aos pés de Ana. Mal sabia ela que era apenas o começo de um longo e triste caminho.depois das coisas se acalmarem Ana pede para ver a mãe.

Na ponta dos pés, entra no quarto, e lá esta sua mãe deitada, parecendo um anjo.

(Para Ana, sua mãe era a mais linda de todas, mesmo pálida como estava.)

Com muito carinho acariciou-lhe o rosto; nem queria pensar que poderia acontecer algo de ruim com sua mãe. Ana passou o dia todo dentro de casa, apesar do dia estar lindo lá fora, para ela nada tinha graça.

Logo a noite chegou.

Em seu quarto a menina orava ajoelhada, pedindo a Deus para curar sua mãe, e, com coração apertado, adormeceu.

No dia seguinte, mal amanhecera, Ana pulou logo da cama. Ficou muito feliz ao sentir o cheiro de café. Era sinal de que a sua mãe havia melhorado, mas ao chegar à cozinha... ficou decepcionada e surpresa, porque ao invés da mãe, era o pai que estava fazendo o café. Foi então que percebeu que a sua mãe não tinha melhorado.

Os dias iam passando e nada de sua mãe melhorar. Preocupada, Ana passava horas a fio no quarto, fazendo companhia para sua mãe. Fazia questão de levar o leite com hortelã como a mãe gostava, e não se importava de não ir brincar com as primas, como de costume.apenas ia pra escola de manha e o restante do ficava com a mãe.

Maria cuidava da casa, o pai tratava dos animais, e assim o tempo passava... E sempre que estava um pouco melhor, a mãe lhe penteava os cabelos.

Estes momentos ficariam para sempre gravados em suas lembranças.

Sem poder levar a mãe ao médico, ninguém sabia qual era a doença, que aos poucos consumia a saúde da mãe de Ana. Os recursos na época eram poucos, e por mais que tomasse remédios caseiros, nada fazia efeito.

A noite caía, o dia raiava e nada mudava. Tudo havia perdido a graça para Ana e sua irmã, nem mesmo as brincadeiras com as primas, e os banhos no riacho. Tudo parecia ter perdido a cor.

E assim era um dia após o outro.

Os joelhos frágeis, as pequenas mãos, os olhos lacrimejantes... assim ficava Ana todas as noites, pedindo a Deus que curasse sua mãe. Pobre menina!

Coração apertado, alma angustiada! Como seria bom se o dia que estava por vir lhe trouxesse de presente a saúde da mãe de volta!

 

O olhar da inocenciaOnde histórias criam vida. Descubra agora