24 de Dezembro de 2015 às 22h45.
Kyungsoo estava parado na beira da calçada, esperando algum táxi vazio, enquanto mexia os pés e encolhia os ombros na tentativa de se aquecer. Como alguém que acaba se sair do banho, se enrola na toalha e entra num quarto com o ar condicionado ligado.
Ele tentava não olhar para as pessoas que passavam ao seu lado pela calçada, cochichando entre si. Kyungsoo sabia que não estavam falando nada sobre ele. Elas nem o conheciam, afinal. Mas ainda sim, ele tinha a estranha sensação de que talvez estivessem. O menor ainda se sentia muito envergonhado pelo o que acontecera.
O tempo que ficou na cafeteria não foi apenas esperando alguém que, depois de meia hora atrasado, Kyungsoo sabia que não apareceria. Depois daquele tempo, ele poderia simplesmente ter se levantado e ido embora, mas ficou lá. Sua cabeça, de repente, o prendeu ali. Foi quando começou a pensar em tudo o que estava acontecendo e nas coisas que foi ingênuo demais para perceber durante todo aquele tempo.
Kyungsoo era estagiário em um escritório de jornalismo, e desde que começara seu trabalho lá, há mais ou menos um ano, ele nunca se importou com às vezes em que lhe pediam para pegar alguma coisa em outro prédio, comprar cafés ou algo que poderia fugir do seu serviço. Ele só queria parecer alguém bom e eficiente para com os seus colegas de trabalho, mas ele tinha que colocar uma coisa em sua cabeça, Kyungsoo nunca fora aceito como deveria. As pessoas podiam parecer gentis a sua frente, mas não de importavam realmente com ele além do serviço que o garoto poderia prestar.
Kyungsoo deveria ter percebido isso no momento em que convidou Junmyeon, seu colega de trabalho (conhecido por ser elegante e pontual), para encontrá-lo na Coffee & Candy naquela véspera de Natal, mas Kyungsoo estava feliz demais para reparar no sorriso de má vontade que Junmyeon lançou para si.
Não que ele fosse apaixonado por Junmyeon, estava um pouco longe de ser isso. Seria mais o que os jovens do colegial chamavam de "paixonite". Mas nem isso parecia mais tão importante, e agora, ele só queria chegar depressa em casa.
Ainda demorou por volta de cinco minutos até que um táxi vazio aparecesse. Kyungsoo estendeu sua mão para chamá-lo, e faltava pouco para que ele parasse do seu lado quando o menor sentiu uma mão rodear seu pulso. Kyungsoo se assustou ao ser puxado, forçando-o a se virar, mas logo, tudo o que restou em sua expressão foi surpresa quando viu Jongin a sua frente, ofegando bastante. De seus lábios saía tanta fumaça devido ao frio, que poderia se comparar com uma chaminé.
Ele veio correndo até ali? Estava óbvio que sim.
- Jongin... o que aconteceu? - ele perguntou com os olhos arregalados.
Jongin ainda segurava seu pulso quando sorriu, mas Kyungsoo não conseguia compreender o motivo daquilo. Tanto do sorriso, quanto da sua pressa em alcançar o menor.
- Que tipo de amigo eu seria se te deixasse sair desse jeito?
Depois da surpresa, Kyungsoo conseguiu sorriu um pouco, e aquilo já foi capaz de fazer o coração de Jongin se alegrar.
- O que? Por que veio correndo até aqui? - ele perguntou.
- Além de impedir que você fosse embora, - Jongin disse, conseguindo recuperar o fôlego, finalmente - também estou te propondo uma coisa, talvez um pouco mais divertida do que passar o Natal em casa, sozinho.
- Você não tinha que se encontrar com seus amigos?
- Eles vão me perdoar por isso, não se preocupe. E além do mais, você também é um amigo. Então...
De repente, Kyungsoo sentiu uma fisgada em seu interior e ficou observando Jongin por um tempo, e talvez observasse por mais algum, porém, o táxi chamou sua atenção e o menor ouviu o motorista ali dentro perguntando se ele não iria entrar.
- Desculpe, senhor - Kyungsoo disse se aproximando do táxi e se curvando, educadamente. O motorista pareceu levemente decepcionado, mas logo deu partida no táxi e se foi - Feliz Natal! - Kyungsoo ainda gritou, mas ele provavelmente já estava muito longe para ouvir.
Kyungsoo se virou para Jongin, que continuava com um sorriso no rosto, e agora, com as mãos escondidas no casaco.
- Isso é um sim? - o maior perguntou aparentemente bem animado.
Seus pés voltaram a se remexer, mas dessa vez, não pelo frio. Ele sabia que uma parte de si queria ir com Jongin, mas outra - onde estava contida toda a sua insegurança - deixava as palavras presas em sua garganta e uma vontade infantil de se esconder debaixo do edredom.
Jongin não seria só mais um capaz de me magoar, seria? Ele não parava de se perguntar. Mas aquele sorriso... Não podia ser mentira, era simplesmente confortante.
- Depois de ter dispensado o único táxi vazio que passou em quinze minutos, acho que não tenho outra escolha - aceitar aquele convite poderia ser uma das maiores burradas da sua vida. Mas Kyungsoo não sabia no que apostar, então decidiu confiar em Jongin.
Jongin conseguiu abriu ainda mais o sorriso - se isso era possível - e então se colocou ao lado de Kyungsoo, entrelaçando suas mãos enquanto o conduzia pela calçada. Ele não sabia ao certo se tinha permissão para fazer aquilo, mas o menor não se afastou, então ele achou que sim.
Por alguns segundos, Kyungsoo ficou olhando seus dedos entrelaçados aos de Jongin. Ele realmente não se sentiu incomodado com aquilo, era uma sensação boa sentir o calor da mão do maior. Ele nem sequer pensou no que as pessoas que passavam pela calçada poderiam imaginar sobre os dois e, na verdade, ele nem se preocupava.
- Onde estamos indo? - Kyungsoo perguntou desviando sua atenção para o rosto de Jongin.
- Shh. É segredo, então não posso contar - ele disse olhando Kyungsoo com o canto dos olhos - Você vai ter que confiar em mim o suficiente para esperar até chegarmos lá.
Não apenas me relação a isso, mas em qualquer outra coisa, Kyungsoo esperava poder confiar.
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A Little Braver
FanfictionJongin nunca chegou a pensar no Natal como uma data especial, exceto naquele dia, em que poder estar com Kyungsoo parecia ser melhor do que qualquer ideia de presente que poderia receber. Porém, mesmo que tudo parecesse um encontro perfeito em sua c...