4º CAPITULO - Passado? Passado.

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P.O.V Heaven

8:30 AM

Mais um dia de merda na minha linda vida. Esta a acabar de me arranjar para ir para a escola, mas atrasei-me por causa das tarefas que eu tinha a cumprir. Mesmo tendo adormecido, tive que preparar tudo na mesma, mesmo que à pressa, para não ter problemas com a tia Bridgit e os mimados dos meus primos que são uns queixinhas. Ficam a saber que mesmo sendo rapazes de 14 e 15 anos, nunca vi ninguém com tanta imaturidade... Não suporto pessoas mimadas e eles são definitivamente isso! Todd e Cody sempre foram habituados a ter tudo na vida e não dão valor nem a metade, nem a isso nem há mãe que têm. Só se dirigem á minha tia com modos para se irem queixar de mim ou ir pedir alguma coisa. Se eu tivesse a minha mãe comigo, mostrava-lhe todos os dias o quanto eu a amava...'O problema do ser humano é que só dá valor quando perde. Eu apercebi-me dessa realidade muito cedo... cedo demais...só espero que eles os dois nunca passem por isso.

Eles perderam o pai há 2 anos e tudo mudou, mas para pior! Nunca fui muito bem recebida da parte deles, mas nessa altura, o meu tio ainda era vivo e ele eras como um pai para mim e fazia com que a minha tia fosse mais branda comigo. Quando ele morreu, chorei bastante por ele... Ele era um homem com um excelente coração, bondoso, honesto e um bom marido, sempre achei a minha tia uma sortuda, pois tinha o melhor homem do mundo ao seu lado e ela própria o sabia, foi por isso que se tornou mais fria e distante... A morte dele abalou-a muito, ela sente a falta dele, do homem da sua vida. Os meus primos ficaram muito mais materialistas e fazem de tudo para que eu saia desta casa. Eles acusaram-me do AVC do pai deles, dizem que aquilo lhe aconteceu por descargas de stress e utilizam o argumento de eu lhe estar sempre a pedir dinheiro para vícios como droga, tabaco, e esse tipo de coisas. A minha tia acreditou em tudo, mas diz que sabia que o meu tio gostava muito de mim e que por isso, por homenagem a ele, eu pude ficar. Disse-me que lhe devia ser grata, porque nem toda a gente ia ter tão bom coração como ela. E até hoje cá estou eu... Pelo menos até fazer 18 anos...

Acabei de por o pequeno-almoço em cima da mesa e sai de casa sem fazer o mínimo de barulho possível. Até estava um bom dia aqui em Nova Iorque, na cidade que não dorme. Sempre movimentada, cheia de gente alegre... sim, podia considerar aquilo um paraíso. Como o bom tempo permitiu, vesti umas calças jeans bem justas, um top preto, camisa às riscas vermelhas e pretas por cima com umas sapatilhas brancas da Nike, deixei os meus cabelos loiros soltos e tinha uns bons óculos de sol para proteger os meus olhos azuis em cima da cabeça. Quem me visse na rua não acharia que tinha passado, e ainda passo, pelo que passei, mas era mesmo isso que eu queria, que ninguém notasse. As pessoas iam ter pena, iam criticar-me, julgar-me como fazem desde que eu sou criança.

Desde que os meus pais morreram, alguém espalhou boatos que os meus pais traficavam raparigas para se prostituírem e até mesmo que a minha própria mãe se prostituía só por puro gosto e que fazia isso ás escondidas do meu pai, por isso, quando ele soube, passou-se perdeu o controlo do carro e aconteceu a tragédia. Incrível, né? O que o povo consegue inventar! Eles próprios acreditam no que dizem?

Tento andar sempre de cabeça erguida, por muitos que os traumas do passado me atormentem, faço o que acho que a minha mãe me ia gostar de ver fazer ... ser feliz. Por muito que ainda não tenha encontrado esse meio de felicidade, tento todos os dias fazer com que o esforço da minha mãe valha a pena, mas há dias que fico sem chão... estou sozinha no mundo e principalmente naquela escola. Estou ansiosa por sair de lá! Todos conhecem aquela história falsa e já tentei explicar, até já me obriguei a berrar, mais de mil vezes o que se passou naquela noite, mas...Ninguém me ouviu. Pensam que estou a tentar limpar a reputação da minha mãe. Ouvir a chamarem-na de puta... chamam de puta à mulher que fez tamanho sacrifício por mim... Puta... A primeira vez que ouvi a chamarem-lhe isso, eu tinha 12 anos e reagi muito mal. Quase asfixiava um colega meu, mas sabem? Não me arrependo de nada. Fui chamada ao psicólogo, e fiquei com má reputação por isso, mas consegui respeito e agora foram-se juntando mais boatos há minha história, desde que isso aconteceu que agora diz-se que cada vez que alguém pensasse em falar da minha mãe e até mesmo do pedófilo do meu pai, que esse alguém estava morto! Tinham medo de mim e para muita gente medo não é respeito, mas para mim, isso é um sinónimo do que eu estava destinada a ser. Heaven Destiny, o medo em pessoa, também sou conhecida por Dark Me... parece que as pessoas começaram a dizer que eu sou o seu próprio lado negro. Lógico que isso não me agradava, mas cheguei à conclusão que este iria ser o único respeito que eu ia ter, uma vez que já não existe respeito... Existe medo!

Dark MeOnde histórias criam vida. Descubra agora