Aquela noite estava mais fria do que de costume, e mesmo sempre estando sob a luz do sol, o clima dentro da Atlans costumava ser o de frescor ou levemente frio.
Ali cada um possuía um gosto em especial, e por isso qualquer um era capaz de climatizar seus ambientes pessoais da forma que lhe fosse mais confortável. E os que dividiam suas instalações eram escolhidos e combinados com o máximo possível de compatibilidade entre si para que a sua convivência fosse a mais eficaz possível.
Os atritos gerados pelas divergências de personalidades não tinham proporções drásticas. Na verdade, nas raras ocasiões em que existiam, não duravam muito. Os humanos prezavam o respeito e o bem estar de si e de seus outros habitantes, e compartilhavam o seguinte pensamento: se o que os outros fazem não lhes interfere direta e negativamente na sua vida, então não há motivos para discutir sobre, pois cada um tem o direito de exercer sua vida individualmente e em particular. Mas chega de falar dos humanos em geral, vamos voltar ao humano que mais nos interessa atualmente...
Urik se encolhia embaixo do seu cobertor — que não era muito grosso, mas era macio e era capaz de simular e manter a temperatura corporal de cada um que o usasse. Ele se moveu novamente e abriu um pouco seus olhos. "Mas que frio é esse?", pensava. Franziu a testa quando olhou os números do termômetro no painel e, com a visão ainda meio embaraçada, percebeu que fazia quinze graus em seu quarto.
Era possível ouvir o som leve, borbulhante, que até então ele achava ser o mesmo que costumava vir do aquário de seu quarto, há dois metros de distância. Aquilo começou a soar mais próximo, mais forte, e então percebeu que tudo não passava apenas do ronco seu estômago avisando-o sobre sua fome.
O frio fazia com que ele permanecesse recolhido por baixo do cobertor, então ele deslizou sua mão numa tela que ficava na mesma interface do painel de controle do seu criado-mudo e aumentou sua temperatura. Tentou se lembrar de seus sonhos, mas não conseguiu recuperar nenhuma memória do que quer que possa ter visto enquanto dormia profundamente. Momentos depois e a temperatura não havia mudado muito (continuava frio), então ele decidiu deixar de lado seu conforto quentinho e ir atrás de eliminar sua atual inimiga: a fome.
Urik se moveu lentamente e, ao encostar seus pés nos chinelos, sentiu um frio anormal, como se algo respirasse uma névoa gelada debaixo da cama. Naquele momento, ele deixou seu cobertor escorregar pelas costas — a curiosidade tomava conta de si, embora também estivesse receoso. O humano olhou para baixo, viu que, no canto, perto da parede encostada à mesa, estava a mesma caixa misteriosa que havia recolhido do correio na manhã anterior, antes de seu tio chegar. Ele havia esquecido completamente dela, fazendo com que sua curiosidade aumentasse ainda mais.
"Como ela poderia ter ido parar ali?", pensou. E ao olhar mais atentamente, viu que a caixa possuía em sua parte inferior algum tipo de escritura estranha. Ele não sabia se era de algum dialeto alienígena, tipo de código ou simplesmente se alguém andara rabiscando sua caixa até o momento antes da entrega. Quando se aproximou mais dela, Urik percebeu então que o ar em volta da caixa estava ainda mais frio e denso, deduzindo que aquela deveria ser a razão por trás da incomum queda de temperatura de seu quarto.
— Mas o que diabos é isso, um ar-condicionado portátil? — ele parecia incrédulo, perguntando a si mesmo quem no universo daria algo tão velho e por qual motivo, visto que aquilo não era mais fabricado ou usado pelos humanos há bastante tempo...
Urik tateava, mas não conseguia abrir de maneira alguma, e suas mãos estavam cada vez mais doloridas pelo toque congelante que sentia da superfície. Não viu sequer um botão ou fenda de fechadura, logo não poderia existir uma chave comum para se abrir aquilo. Ele continuou tateando, mesmo que seus dedos grudassem na caixa fria, e continuou incessantemente até que, ao passar a mão e encostar os dedos e um dos cantos da caixa, algo lhe perfurou um dos dedos.
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Elementar - Colisão Entre Mundos
Science-FictionExplorar a Terra indefinidamente foi o que os humanos fizeram até perdê-la de vez. Longe de casa, eles tentam utilizar as novas tecnologias para reviver seu antigo planeta e evitar que o mesmo ocorra aos recém-colonizados. No entanto, eles são acusa...