Descobertas

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Havia muita luz para todos os lados e, lentamente, formas e cores passaram a tomar conta da paisagem. Ele conhecia aquele lugar mesmo não tendo em mente como ou quando estivera ali, mas Urik tinha certeza que ele já estivera ali pelo menos uma vez. O ambiente não era mais exatamente como no primeiro sonho, mas, sim, ele se recordava e sabia que era como no sonho anterior, e que existia algo incomum ali. Então deu seu primeiro passo e o espaço à volta, que antes parecia borrado e apagado, expandiu-se de modo que ele pôde ver tudo mais além. Era como se aquela fosse a versão mais recente, e que no sonho anterior ocorrera antes das marcas de abandono que ele agora percebia.

As plantas rasteiras e as árvores estavam mal cuidadas, e era possível ver o mesmo de outras construções adjacentes. No chão e nas paredes estavam as mesmas linhas que seguiam seus vários caminhos, distorcendo-se em vários desenhos aleatórios.

As características ondas de luz pulsavam das listras. Elas iluminavam boa parte dos caminhos por onde passavam: as paredes, o teto ou até mesmo o próprio chão. Urik aproximou o dedo de uma dessas linhas e sentiu um estranho magnetismo, que o fez tocar de vez sua superfície, mas aquilo não provocou dor, nem queimou ou eletrocutou sua pele como ele havia esperado. Repentinamente, as luzes mudaram seu curso e passaram a formar um novo e mais definido trajeto, o qual elas o percorriam num único sentido. Sem relutar, ele seguiu o trajeto luminoso até chegar num templo. Ele sabia que também estivera naquele mesmo lugar.

Instintivamente, seus passos cessaram. O portal da passagem parecia mais alto que da ultima vez, e isso o deixou confuso, pois não tinha mais tanta certeza se aquele era realmente o mesmo lugar ou se simplesmente tratavam-se de estruturas parecidas.

Ele esticou seu corpo sem sair do lugar, queria ver através da passagem, mas estava escuro apesar da luz que atravessava a grande porta. Urik então tomou coragem, deu seu primeiro passo e esperou que algo fizesse barulho ou reagisse contra sua presença, mas nada aconteceu. Ele então se sentiu mais seguro para andar um pouco mais, e à medida que entrava cada vez mais no interior, mais escassa era a luz que seus olhos percebiam. Ele lembrou-se do que havia acontecido no sonho anterior e então virou para trás e viu que a porta por onde havia entrado não havia desaparecido como da primeira vez. Entretanto, quando voltou sua visão para a sua frente, ele percebeu que outro grande portal havia surgido a menos de dez metros. Ele não sabia como isso havia acontecido ou se ele simplesmente não prestara atenção o suficiente por conta da má iluminação.

Naquele ponto era impossível ver o teto ou as paredes, e do chão ele só via as linhas de luz que continuavam guiando-o para além do portal, o resto parecia completamente vazio e sem fim. Ele não hesitou mais, continuou andando até chegar a uma espécie de câmara.

O local parecia ser mais antigo do que o restante da cidade. Não havia nada no centro, onde os feixes luminosos se encontravam e ligavam-se. Não havia um teto, e naquele ponto foi que ele percebeu que só ali ele era capaz de enxergar o céu aberto.

Havia um corredor que circundava o lugar, e aquela parte era coberta e rodeada de pilares organizados em intervalos regulares e equivalentes. Nas paredes, pequenas gravuras e desenhos de coisas bizarras que Urik não saberia bem como interpretar. Aquele lugar poderia até ser assustador ou esquisito para uns, mas ele estava completamente deslumbrado pela incomum beleza.

O ar já não era pesado e denso, ele tinha se tornado mais úmido e frio. A parte sem teto da câmara era como um grande túnel por onde crescia uma vegetação trepadeira impossível de distinguir se elas cresciam para cima ou para baixo.

Ao voltar sua visão para o centro, ele percebeu algo que antes não estava ali. Era parecido com um altar ou até mesmo uma lápide, pois uma escrita desconhecida estava gravada em suas laterais. Ele se aproximou para observar detalhadamente e começou a andar em volta do artefato, tentando inutilmente entender os códigos. Frustrado, ele tocou no monumento, que a princípio não revelou nada, exceto por uma voz ecoante. Ele também reconhecia aquela voz, era a mesma do sonho de outrora, mas desta vez ele pôde entendê-la imediatamente.

Elementar - Colisão Entre MundosOnde histórias criam vida. Descubra agora