Capítulo 2

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INACREDITÁVEL.

Olha onde a vida me colocou. Num elevador, parado, no décimo quinto andar (o que descarta quaisquer possibilidades de descer escalando), no escuro e o pior.

COM MINHA MÃE!

Eu sei, eu sei. Ela poderia ser a melhor pessoa para estar nesse posto. Já que ela é minha mãe, minha protetora, me manterá calma e blá, blá, blá...

Seria ótimo senão fosse CATASTRÓFICO!

Com nós duas presas nesse cubículo de metal, aço, o diabo que for, é a oportunidade perfeita dela começar a me fazer perguntas dignas de um terapeuta.

Do tipo "Está com raiva? E como se sente com isso?"

COM RAIVA É A MELHOR RESPOSTA PRA VOCÊ?

Bufei e resmunguei incansavelmente enquando deslizava pela parede até encontrar o chão e abraçar meus joelhos.

Pego me perguntando quantos ricos esnobes pisaram nesse chão com seus sapatos de couro de jacaré importado da África.

Existe jacaré na África, certo? Bom, vai saber...

- Você está bem minha filha? - Mamãe me perguntou, provavelmente, caçando meus olhos para forcar no meio da escuridão.

- Melhor impossível. - Sorrio sarcasticamente, até perceber que ela não pode me ver.

Ela suspira chateada, e por breves segundos, míseros e rápidos segundos, fico pensando se não pego demais com ela, se eu não poderia ser uma filha melhor.

Poderia eu, Larissa Bacelar me arrepender de algo?

Não, definitivamente não.

- Mãe? Onde a senhora está? - Digo começando a engatinhar, onde suponho ela estar, sem nem saber o porquê.

- Estou aqui querida. Siga minha voz. - Então penso se ela não estaria de braços abertos para mim.

E estava.

- Mãe. Vai demorar muito? Digo...pra gente sair daqui. - Pergunto temendo a resposta.

Ela sorri, ou eu suponho que esteja, e acaricia meus cabelos.

- Eu não sei querida, eu não sei...

Diz totalmente calma. Suspiro derrotada e me permito ficar em seu abraço aconchegante.

É, talvez ela seja a melhor pessoa para estar neste posto.

Mas só talvez...

Presas no ElevadorOnde histórias criam vida. Descubra agora