Capítulo 1

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— Inacreditável! — Mamãe disse irritada, depois que saímos da sua "reuniãozinha".

A culpa não é minha se ela me arrastou pra esse lugar pra causar boa impressão para os seus chefes. Por favor, né mãe!

— Eu te avisei que não queria vim, e do mesmo jeito você me arrastou até aqui. E você sabe muito bem que quando sou forçada a fazer alguma coisa acontece alguma tragédia. E dessa vez você dançou! — Digo apertando o botão do elevador freneticamente.

Mamãe me lançou um olhar do tipo "Não fala comigo nesse tom que eu sou sua mãe!"

Depois de anos e anos ela vem cobrar respeito? Logo de mim? Ah mãe, você precisa me conhecer melhor.

Ela poderia ter escolhido outro dia, um dia em que eu estivesse de bom humor e não quisesse matar ninguém.

Mas não!

A autoritária Fernanda exigiu que eu fosse! E ainda exigiu que eu fosse educada! Eu já não gosto dessa cidade que nos mudamos, JUSTAMENTE, por causa desse maldito trabalho.

Era um erro colossal achar que eu iria me comportar como uma mocinha. Justo hoje que acordei com vontade de socar qualquer um no meu caminho.

Foi por esse motivo que fui parar na direção, pois uma garota totalmente insuportável empacou no meu caminho. Dei-lhe um soco na fuça.

Pra aprender a não se meter no meu caminho.

— Francamente, filha! Eu fui DEMITIDA! DE-MI-TI-DA! — Ela disse furiosa. — Será que você não tem um pouco de amor por sua mãe não? — Completou.

— Ah! Não vem com chantagem emocional agora! — Eu disse juntando as sombrancelhas e abanando a mão na sua direção. Um gesto de puro desprezo.

— LARISSA! ME RESPEITA! — Ela disse pela quadragésima vez só hoje, imagina minha vida inteira.

Bufei irritada e indo até o espelho do corredor. Eu com minhas roupas pretas, piercings, tatuagens, e mechas azuis em meus cabelos brancos, com certeza não causou uma boa impressão naquele bando de esnobes.

Pra não dizer outra coisa, se é que entendem...

— Isso sem contar que eu pedi inúmeras vezes pra você colocar um vestido! Que filha que eu arrumei meu Deus? Joguei pedra na cruz? — Ela disse reclamando para o céu.

— Não sei, mas você é uma pedra enorme no meu sapato! — Disse bufando mais uma vez.

Ela fez menção de retrucar, mas o apito do elevador soou por todo o corredor, indicando que chegou no nosso andar.

Entramos no mesmo que estava completamente vazio, sem nenhuma mosca.

O que é ótimo porque não estou afim de receber olhares estranhos de velhotes resmungões.

Estávamos no vigésimo segundo andar. Rico gosta das alturas só pode!

Apertei o botão para o térreo e começamos a descer.

— Sinceramente minha filha, o que foi que eu te fiz pra merecer tanto désdem? Hum? — Ela disse agora um pouco chateada.

Suspirei entediada, lá vem ela com essa conversa de novo...

— Agora eu vou ter que procurar outro emprego. De quebra em outra cidade! — Disse agora já irritada.

— Não é nem novidade pra mim. Você sempre estraga minha vida. — Dou de ombros e olho minhas unhas, com o esmalte preto descascado.

— EU? Eu estrago sua vida? NÃO FUI EU QUE ACABOU DE CAUSAR A DEMISSÃO DA PRÓPRIA MÃE! ISSO É DESTRUIÇÃO DE VIDA! — Ela disse aos berros.

— A CULPA NÃO É MINHA SE VOCÊ NÃO ME CONHECE O SUFICIENTE PRA SABER QUE EU ESTRAGARIA TODA ESSA PORCARIA! — Grito no mesmo tom.

— ABAIXA O TOM PRA FALAR COMIGO! — Disse apontando o dedo na minha cara, do qual o joguei pra longe.

— FOI VOCÊ QUE COMEÇOU A GRITAR! — Gritei no mesmo tom e ficando na ponta do pé, para que eu pudesse ser mais intimidante.

Ela estava prestes a abrir a boca e gritar novamente, quando tudo começou a tremer.

As luzes falharam e eu me vi agarrando as paredes do elevador, totalmente em vão já que parecia que tudo estava desmoronando. Estávamos sacolejando pra lá e pra cá. Com muito esforço mamãe veio até mim e me abraçou forte do qual retribuí sem pestanejar.

— NÓS VAMOS MOOOORREEEEEEEER! — Digo quase entre lágrimas.

— Shhhh! — Ela disse me apertando ainda mais.

Então, de repente, o elevador parou com um tranco no décimo quinto andar. As luzes se reestableceram, porém o elevador parecia...

Parado.

Nos separamos devagar para tentar entender o que tinha acontecido, até que o telefone abaixo dos botões de andares, tocou assustadoramente.

Mamãe atendeu e parecia estar conversando com o porteiro, ela olhava para mim preocupada.

Tirei o telefone de suas mãos.

— Moço, poooooor favoor! ME TIRA DAQUIII! — Eu disse totalmente alterada e desesperada.

— Calma menina, vamos estabelecer o contato logo e...

PÁH!

As luzes se apagaram e eu só vi escuridão.

Presas no ElevadorOnde histórias criam vida. Descubra agora