Capítulo 02 - Gabriel

6 1 0
                                    

Gabriel Souza

Cheguei em casa e joguei a mochila no sofá como de costume. Corri abraçar minha mãe que digitava alguma coisa no computador enquanto comia um pedaço de bolo.

- Oi querido - ela disse terminando de mastigar seu bolo e me dando um beijo no rosto - Tenho novidades - ela sorriu largo.

- Que novidades Dona Marina? - me sentei ao seu lado e vi o que ela digitava. Estava conversando com sua amiga dos EUA, Isabel.

- Lembra que eu te contei que o marido de Isabel faleceu?

- Lembro mãe. - disse me jogando no sofá.

- Então - minha mãe girou na cadeira parando exatamente em minha frente - Ela resolveu se mudar pro Brasil, porque está meio dificil manter a vida por lá.

- Da hora mãe, finalmente vou poder conhecer essa tua amiga ai.

- Mas ela ainda tem que resolver algumas coisas antes de vir.

- E ela vem quando?

- Ela eu não sei - ela se levantou da cadeira e sentou na ponta do sofá em que estava deitado - Mas suas duas filhas vem hoje mesmo, de madrugada.

- Ah, sei - disse fitando o teto -Legal.

- E elas vão ficar morando aqui um tempo querido - minha mãe dizia como se precisasse de alguma permissão minha ou coisa do tipo - Até Isabel transferir os negócios da empresa pro Brasil e conseguir uma casa pra elas morarem. Tudo bem pra você?

Pensei um pouco... Não teria nada demais aceitar que elas morassem com a gente, nossa casa era grande e espaçosa.. sem contar que se fossem dois homens seria difícil de engolir, mas como eram duas garotas, realmente não havia problema nenhum.

- Sem problemas mãe - disse me levantando - Elas podem ficar o quanto quiserem.

- Que bom filho - minha mãe faltou pular de alegria - Mell e Anna são ótimas meninas, vocês vão ser como irmãos!

- Não exagera mãe - ri de seu modo exagerado de comemorar. - E quantos anos elas tem?

- Uma parece ter 18 anos e já está na faculdade , e a outra tem 17... Já está matriculada em sua escola e creio que ela vá terminar o ensino com você.

- Legal - digo imaginando duas garotas com uma porrada de blusas de frio e magrelas entrando pela porta da sala e me comprimentando. - Vou subir.

- E eu vou voltar pra empresa - minha mãe dizia apressada enquanto pegava sua bolsa e algumas pastas em cima do sofá - TEM LASANHA NO MICRO ONDAS! VÊ SE COME HEIN MENINO, TA MUITO MAGRELO!

Mãe...mãe...mãe... Sempre com essa mania de dizer que estou magro, abatido e preciso comer se não vou desmaiar pela rua.
Subi as escadas que davam para meu quarto, agarrei meu celular e disquei o numero de Daniel.
Após três toques ele finalmente atendeu.

- Diz viado

- Eai seu gay, topa uma corrida pelo calçadão mais tarde?

- Opa! Fechou brother

- Passa em casa beleza?

- Já era meu

- falou irmão

- Falou truta!

Desliguei o celular e corri tomar uma ducha... no meio do banho me lembrei da novidade que minha mãe havia contado há pouco tempo atrás e fiquei imaginando como seriam aquelas duas.
Já havia ouvido minha mãe comentar sobre elas, dizendo que elas eram lindas e tinham belos olhos, mas nunca havia visto alguma foto ou qualquer outra coisa delas e também nunca me importei em querer saber.
...
A corrida com Daniel no final da tarde foi ótima, tirando a parte que ele tentou dar em cima de uma loira na praia e levou um belo de um "fora"... era a primeira vez que via Daniel levando um fora em tantos anos de amizade, e também nunca havia visto ele tão vermelho como naquele dia.
Cheguei em casa e minha mãe estava ajeitando a sala para nossas novas hóspedes que chegariam naquela madrugada.

- Elas vão estar tão exaustas que nem vão reparar na casa mãe - disse tentando convence-la que era inútil arrumar tanto uma sala daquela forma - Se vai ver...

- Ai ,será filho? - Sua expressão era de entusiasmo e dúvida, e ela olhava para todos os cantos da sala a procura de alguma coisa fora do lugar.

- Relaxa mãe - Disse sentando ela no sofá ao meu lado - São só duas garotinhas magrelas do Estados Unidos - ri do que eu mesmo havia falado.

- São as filhas da Isabel - ela se levantou e ajeitou o porta retratos na mesinha do centro - E eu quero trata-las como se fossem minhas filhas.

- Já to ficando com ciumes - cruzei os braços - Qual é hein? Agora vou ter que dividir minha mãe com elas?

- Só por um tempo querido - Ela beijou minha testa molhada de suor e subiu as escadas - VOU TOMAR UM BANHO - ela gritou de longe.

Subi para meu quarto e tomei um banho também para poder colocar alguma roupa mais confortável.
Olhei para o horário na parede azul do quarto: 08:40 da noite.
Fiquei assistindo Tv até minha mãe aparecer com um quilo de máquiagem e perfume na sala.

- Eai? - Ela girava na intenção que eu pudesse ver sua roupa e seu cabelo - Estou bem?

- Parece até que vai pra um encontro - Ri e voltei a olhar para a Tv.

- Vou dar boas vindas para nossas britânicas - Ela pegou a bolsa que sempre ficava na cadeira em frente ao computador - Vamos comigo?

- Prefiro espera-las por aqui mesmo - disse sem olhar para seu rosto maquiado.

- Ok - Ela saiu e chegou até a porta - Volto daqui alguns minutos.

- Estarei esperando se não dormir.

- Tente não dormir Biel, quero que você as conheça hoje mesmo.

Não entendia por quê minha mãe fazia tanta questão que eu as visse naquele mesmo dia. Por seu entusiasmo e sua felicidade, já podia imaginar o quanto ela mimaria aquelas duas,e o quanto eu sentiria ciumes de tudo aquilo.
Ouvi o ronco do carro de mamãe na garagem. Ela já havia saído de casa, agora era só esperar as duas "queridinhas".

Meu Primeiro, E Último Amor... ♡Onde histórias criam vida. Descubra agora